26/10/2018

36. I Miss You


— Vocês demoraram. — Ryan disse dando partida no carro após verificar se todos estavam perfeitamente acomodados no carro. Batman latiu animado com a cabeça para fora da janela do carro e Alana gargalhou conversando com o cachorrinho como se ele entendesse tudo o que era dito por ela. Eles estavam à caminho de uma sorveteria e depois iriam até o veterinário buscar Lucky.

— Alana estava terminando a lição de casa. — Demi falou arrumando o cinto de segurança de uma forma que não a machucasse. — Sair com uma criança já é difícil, agora imagine sair com uma criança e um cachorro. — Ryan riu e desviou o olhar brevemente da estrada para encarar Demi sorrindo, ela estava tão bonita vestida casualmente. A calça jeans justa moldava perfeitamente o bumbum avantajado e as coxas grossas, ela estava vestindo jaqueta jeans, os cabelos estavam presos em um coque descontraído e o rosto livre de maquiagem. Ele não deveria ter reparado naqueles detalhes, eles eram apenas amigos.

— Como está a faculdade? — Ele perguntou para tentar distrair sua mente. Por que toda vez que estava com ela tudo o que ele conseguia pensar era em como Demi era bonita e como seria beija-la pela primeira vez?

— Estou quase me descabelando com tantos trabalhos para finalizar. — Fez careta e se inclinou para trocar a música que estava tocando. — A minha sorte é que eu tenho um grupo muito bom de estudo, nós conseguimos organizar os trabalhos de forma que não fica muito pesado para ninguém, estou trabalhando no meu último projeto e o Joe disse que vai me ajudar com alguns trabalhos.  — Sorriu pensando em como Joseph era fofo e como estava ansiosa para vê-lo.

— Mãe, deixa aí. — Alana disse quando ouviu a voz da cantora Ariana Grande na rádio. Demi se acomodou novamente no banco e sorriu para a filha que cantava "No Tears Left To Cry" sem errar nenhum verso da música.

— Então vocês dois estão juntos mesmo? — Ryan tentava se esforçar ao máximo para não demonstrar como estava incomodado com aquilo. Ele e Demi eram melhores amigos e ele não queria acabar com a amizade deles por causa do amor que ele jurava sentir por ela, não valia à pena. — Ele ainda não colocou nenhuma aliança no seu dedo. — Observou e sorriu para Demi que encarou sua mão de forma tímida. Ela não queria uma aliança, queria?

— Sim, nós estamos juntos. Nós não escolhemos quem vamos amar, eu decidi dar uma chance para nossa família, ele mudou e tem me mostrado isso diariamente, todos nós merecemos uma segunda chance. Eu gosto dele e já estava cansada de negar esse sentimento, eu estou feliz e isso é o que importa. — Sorriu e encarou o melhor amigo. Era verdade, ela estava muito feliz e era uma felicidade diferente que já vinha buscando há algum tempo e que só achou quando se permitiu sentir os sentimentos por Joseph. — Aliança é só um objeto, eu ter uma ou não, não vai mudar minha fidelidade e o que eu sinto por ele. — Deu os ombros.

— Tudo o que eu quero é que você seja feliz, Dems. — Ryan sorriu e segurou brevemente a mão de Demi, ela apertou levemente a mão dele e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. Ryan estacionou o carro em frente a sorveteria e se desfez do cinto de segurança. — Chegamos, bambinas.

— Tio, o que é bambina? — Alana perguntou curiosa e ansiosa para sair do carro. Ryan olhou para a sobrinha e saiu do carro para ajudar a menina a sair do carro

— Bambina é criança em Italiano. — Disse colocando uma mecha do cabelo de Alana atrás da orelha carinhosamente, Alana assentiu pensativa e sorriu para a mãe que estava com Batman no colo. — Vocês vão querer sorvete do que? — Perguntou observando os mais diversificados sabores de sorvete que havia na sorveteria e o melhor era que você podia misturar os sabores da forma que quisesse. Demi sorriu e umedeceu os lábios ao lembrar de uma sorveteria parecida em Chicago que ela havia ido uma vez com Joseph.

— Eu posso escolher qualquer um? — Alana perguntou com os olhinhos brilhando e quando Demi assentiu com a cabeça ela bateu palmas e sorriu. — Eu quero esse de chocolate, esse verde e o rosa também. — Falou apontando para os sorvetes, os sabores não combinavam entre si, mas Alana não se importava e isso fez Demi sorrir porque parecia com ela. — Eu quero cobertura de morango e muito granulado.

— Vai com calma, criança. — Demi disse porque a moça que os atendia tentava acompanhar todos os pedidos de Alana. — Eu vou querer apenas um de chocolate. — Chocolate sempre seria sua perdição. Eles fizeram os pedidos e se acomodaram em uma mesinha do lado de fora, Kristen estava para chegar e ficaria mais fácil para que ela os encontrasse.

— Tio, porque você não tem uma namorada? — Alana olhou para o tio de forma curiosa e Demi arqueou a sobrancelha encarando o amigo ansiosa pela resposta. A garotinha sorriu e lambeu seu sorvete enquanto esperava a resposta de Ryan. — Todo mundo tem namorado ou namorada, a mamãe tem o papai, a tia Kris tem a tia Stella, a vovó Kris tem o vovô Peter, só falta você.

— Eu ainda não achei a pessoa certa para mim, querida. — Ryan falou olhando para Alana e sorriu. — Você também não tem um namoradinho, tem?

— Não. — Alana falou com as bochechas coradas e negou com a cabeça. — Meu papai disse que eu não posso namorar porque eu sou criança e crianças não namoram. — Demi sorriu e assentiu para a filha colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha porque estava atrapalhando a garotinha a tomar o sorvete. — Você vai arrumar alguém que te ama também, tio. A mamãe achou o meu papai e agora nós somos uma família muito feliz.

— Eu odeio esses turistas idiotas que vem para outro país e ficam cantando as mulheres na língua deles como se não fossemos entender. — Kristen disse irritada. Ela jogou a bolsa no chão e puxou uma cadeira ao lado de Alana para sentar, ela beijou o topo da cabeça da sobrinha e respirou fundo. — Eu estava estacionando o carro e um mexicano idiota me cantou em espanhol como se eu não fosse entender. — Explicou e revirou os olhos, ela pegou o potinho de sorvete da Demi e deu uma colherada.

— O que você respondeu? — Ryan perguntou curioso enquanto Demi ria da cara emburrada da amiga, Kristen era uma verdadeira comédia.

— Mostrei o dedo do meio. — Deu os ombros. — Eu vou buscar sorvete para mim. — Falou se levantando. Eles ficaram por volta de trinta minutos sentados na sorveteria conversando sobre assuntos aleatórios e rindo das coisas que Alana dizia. Havia sido divertido passar um tempo com os amigos num clima agradável e descontraído e só não ficaram mais tempo porque tinham que buscar Lucky no veterinário e Demi ainda precisava ir para a faculdade.

Demi e Ryan estavam na fila para pagar pelos sorvetes consumidos. Demi estava focada no celular e digitava rapidamente respondendo o grupo de estudo da faculdade que discutiam sobre o que iriam realizar nos próximos passos do projeto que estavam desenvolvendo. — "Amor, acabei de comprar a minha passagem, meu voo sai por volta das nove da noite, devo chegar em Los Angeles por volta da meia noite e meia, se não houver atrasos. Eu estou ansioso para voltar para casa e matar a saudade." — O sorriso estava de orelha a orelha, aquela notícia havia alegrado todo o seu dia. Ela respondeu a mensagem agilmente e sorriu mais ainda porque Joseph estava online.

— O que foi? — Ryan perguntou estranhando aquele sorriso bobo nos lábios de Demi. Ela balançou a cabeça e deu os ombros com as bochechas coradas.

— Joseph. — Respondeu simplesmente dando uma nota que ela julgou o suficiente para pagar pelos sorvetes para a moça do caixa. Ela nem mesmo contou o troco porque estava concentrada no celular e só guardou o celular quando teve que descer as escadinhas da entrada da sorveteria. — Cadê a Kristen? — Perguntou estranhando a ausência da amiga e da filha.

— Ela foi buscar o carro. — Disse e observou Demi encostar no carro dele. Em menos de segundos ela havia voltado para o celular. Ryan estava de frente para Demi e estudava a mulher atentamente, o coração estava acelerado e na barriga haviam borboletas fazendo uma festa porque Demi tinha um sorriso bonito nos lábios. Ele havia se aproximado de Demi e ela nem mesmo havia notado, de onde havia tirado coragem para dar aquele passo ele não fazia ideia. Demi não havia notado a aproximação dos dois até levantar a cabeça. O que estava acontecendo ali? Os olhos dela fixaram nos olhos castanhos de Ryan e quando ele umedeceu os lábios com os olhos focados nos lábios dela o coração disparou no peito porque estava a um passo de beijar o melhor amigo.

— Ryan! — Se ela não tivesse virado o rosto, o beijo teria acontecido. — Eu... eu acho melhor você ficar longe, está claro que você não consegue controlar os seus sentimentos por mim e a nossa amizade não vai dar certo. — Demi disse um pouco nervosa e olhou para os dois lados da rua procurando pelo carro de Kris. — É melhor você ir embora, eu vou com Kristen. — Disse e suspirou aliviada quando Kristen buzinou com um sorriso animado no rosto, ela caminhou até o carro da amiga e adentrou sem olhar para trás.

— Você não vai com ele? — Kristen perguntou com o cenho franzido ao ver a pressa que a amiga havia entrado no carro. Demi negou com a cabeça e bufou revirando os olhos. — O que aconteceu? — Perguntou estranhando o comportamento de Demi que até minutos atrás estava toda sorridente. Demi olhou para trás e observou a filha focada no joguinho no celular da tia e Batman em pé com as patinhas apoiada no vidro da janela.

— Ryan quase me beijou. — Falou baixinho para Alana não ouvir. Kristen arregalou os olhos e só não desviou o olhar da estrada porque estavam em uma parada obrigatória e precisava prestar atenção no trânsito para não causar um acidente e levar uma multa. — Eu tentei levar essa amizade, mas não dá. Ele deixou bem claro que não consegue controlar o que sente por mim e eu não confio mais nele. Porra, ele sabe que eu estou com Joseph e deveria me respeitar, respeitar o meu relacionamento.

— Como você deixou isso acontecer, Demi?

— Eu estava focada no celular e quando olhei para ele, ele estava quase me beijando. Não foi minha culpa. Eu jamais deixaria as coisas irem tão longe assim, você sabe que sempre tivemos intimidade, sempre nos abraçamos, demos as mãos... mas depois que ele revelou os reais sentimentos dele por mim, eu parei de dar essa liberdade para ele não interpretar as coisas de forma diferente.

— O seu erro foi justamente esse: dar essa liberdade à ele em algum momento. Ele confundiu as coisas e agora está apaixonado por você.

— Agora a culpa é minha, Kristen? Quando a nossa amizade começou eu era uma adolescente, eu não tinha noção que as coisas iriam chegar a esse estado, ele era o meu melhor amigo, para mim sempre foi isso, se eu sentisse algo diferente por ele, as coisas entre nós já teria acontecido, não acha? São mais de quatro anos de amizade e eu nunca deixei as coisas ultrapassarem a linha de amizade.

— Eu não disse que a culpa é sua, Demi. Eu só disse que você deixar ele te abraçar, beijar sua bochecha e dar a mão para você foi errado, Ryan é homem, Demetria. Uma hora ou outra ele ia  querer enfiar o pênis no meio das suas pernas. — Kristen disse alto demais, Alana que antes estava concentrada no celular parou para observar as duas com o cenho franzido. Demi encarou Kristen com o cenho franzido e desfez do cinto de segurança.

— Eu vou descer, para o carro. — Demi disse séria, ela estava magoada com a forma que Kristen havia dito aquelas palavras.

— Demi, qual é?

— Kristen eu estou falando sério, para essa droga de carro que eu vou descer. Alana vamos. — Kristen bufou e estacionou o carro assim que encontrou um lugar seguro. Demi desceu do carro e bateu a porta com força, abriu a porta do passageiro para ajudar a filha descer do carro e pegar Batman nos braços.

— Por que você está brava, mamãe? — Era raro as vezes que Alana havia presenciado a mãe e a tia brigarem, mas quando acontecia sempre era uma briga explosiva. Demi estava concentrada no celular pedindo um uber para deixa-las no apartamento. — Nós não vamos buscar o Lucky?

— Hoje não. — Em cinco minutos o Jetta branco estaria ali para busca-las. Alana encarou a mãe com o cenho franzido e cruzou os braços.

— Mas você disse que iríamos hoje. — Falou chateada. Ela queria tanto buscar o cachorrinho e brincar com ele e com Batman.

— Alana eu já falei que hoje não, amanhã ou depois a gente vai e se você me irritar eu deixo ele lá e você nunca mais vai ver ele. — Demi disse sem paciência e Alana emburrou a cara com lágrimas nos olhos. — Vamos para casa. — Falou ao observar o carro branco se aproximar e o senhor simpático sorrir para elas.

— Eu não quero ir. — A garotinha se desvencilhou do toque da mãe e cruzou os braços como sinal de que não sairia dali. Demi teve que respirar fundo algumas vezes para não fazer nenhuma besteira. Encarou Alana séria e disse pausadamente:

— Entra no carro agora, Alana. — Quando viu que a menina não ia obedecer, ela segurou Alana pelo braço e colocou a menina dentro do carro, a garotinha começou a chorar e Demi apenas ignorou cumprimentando o moço que a levaria para casa. Tudo o que ela pedia era paciência para saber lidar com aqueles momentos de birra da filha.

Quando chegaram em casa, Alana subiu diretamente para o seu quarto e bateu a porta com força, Demi sentiu o sangue ferver em suas veias, mas respirou fundo algumas vezes e decidiu deixar para lá porque se não ia acabar fazendo alguma besteira. Demi buscou sua bolsa em cima da mesa de jantar, verificou se estava levando tudo o que ia precisar para usar na faculdade e mandou uma mensagem para Kimberlly, assim que a mulher chegou, ela se despediu e desceu em direção ao estacionamento. Era melhor ir para a faculdade esfriar sua cabeça.

DIA SEGUINTE 
EMPRESA, 11:30 DA MANHÃ


Demi estava sentada em sua mesa concentradíssima no projeto que estava fazendo, ah ela estava tão feliz porque pela primeira vez naquela semana Blake havia lhe passado um projeto de decoração, ela amava escolher as cores dos móveis, ver qual local um sofá se encaixaria melhor, adorava aquela fase de criar os projetos e brincar com as mais diversas cores e móveis. Demi estava perfeitamente acomodada na sua cadeira macia e mexia os móveis do seu projeto de um lado para o outro procurando a melhor posição para eles. Havia uma lista de exigências que a cliente queria e Demi tentava encaixar todas da melhor forma possível. 

— Depois do almoço iremos a uma reunião com a cliente desse projeto, preciso dele pronto até as duas tarde. — Kristen disse assim que Demi atendeu o telefone da empresa e desligou logo em seguida. Aonde estava a educação daquela mulher? Demi se perguntava. Ela olhou o relógio e suspirou, ainda estava tão longe de Joseph chegar, encarou a tela do computador onde estava metade do projeto pronto e mordeu o lábio inferior, a melhor coisa que poderia fazer naquele momento era focar no projeto e não ficar ansiosa.

Para o tempo passar mais rápido, Demi plugou o fone de ouvido no notebook e abriu o youtube. A música escolhido foi "Baby I'm Yours" da banda Arctic Monkeys. Quanto tempo fazia que não ouvia aquela música? Ela se sentiu tão nostálgica ao lembrar do dia em que Joseph havia lhe levado ao show da banda quando ela ainda era uma adolescente tentando descobrir quem era. Ela se lembrou como estava feliz quando eles se abraçaram e se beijaram ao som daquela música. — Baby, i'm yours and i'll be yours until the sun no longer shines, yours until the poets run out of rhyme, in other words until the end of time. — Ela cantarolou baixinho e se sentiu um pouquinho mais perto de Joseph.

A playlist de Arctic Monkeys inteira já havia tocado no youtube e Demi cantarolou todas as músicas sem errar uma letra e quando percebeu já estava quase finalizando o seu projeto, olhou para o relógio e esticou os braços se espreguiçando, estava na hora do almoço e pelo visto iria almoçar sozinha já que estava brigada com Kristen e Bella iria almoçar com Nicholas. Demi salvou o seu projeto e fechou o notebook, pegou o casaco que estava pendurado nas costas da cadeira e saiu levando sua bolsa consigo. — Demi. — Wilmer disse assim que Demi adentrou no elevador. — Tudo bem?

— Tudo sim e você? Quanto tempo. — Ela disse o cumprimentando com um abraço e um beijo na bochecha. Fazia um bom tempo que eles não se viam por conta da correria do dia a dia.

— Eu estou bem também, cheio de trabalho para fazer como sempre... — Sorriu. — Eu estou indo almoçar, quer ir almoçar comigo? — Perguntou educadamente. Demi colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e assentiu com a cabeça porque odiava almoçar sozinha.

— Eu não vou te atrapalhar?

— Claro que não, Demi. Eu tenho almoçado sozinho esses dias, estou fazendo muito trabalho externo e acabo almoço em algum barzinho por lá mesmo. — Comentou saindo do elevador assim que as portas se abriram no estacionamento.

— Eu sinto falta de visitar as obras com você. — Disse Demi e agradeceu quando ele abriu a porta do carro para ela como o perfeito cavalheiro que ele sempre fora. Era legal ver que a amizade entre eles não havia mudado apesar de tudo o que havia acontecido. — Blake só me coloca para buscar assinatura, hoje foi a primeira vez que ela me passou um projeto. Eu gosto muito da parte de decoração, você sabe, ir na loja com a cliente, debater as ideias...

— Se vocês não estão conseguindo trabalhar juntas, você pode conversar com Adam, tenho certeza que ele vai te entender. — Falou manobrando o carro para sair do estacionamento, Demi colocou o cinto de segurança e negou com a cabeça.

— Não, eu posso lidar com isso. Não quero ser a chata que fica reclamando de tudo, não tem como ficar longe de todo mundo que não gosta de mim, certo? — Wilmer riu e assentiu com a cabeça. — E você? O que tem feito esses dias?

— Eu estou finalizando a construção daquele condomínio que trabalhamos juntos, ainda falta bastante coisa, mas estamos quase lá... Eu estou bastante focado na minha família esses dias, tenho visitado bastante a minha irmã e meu sobrinho, ele está tão grande e esperto, vai fazer quatro meses e é a coisa mais fofa do mundo. — Falou sorrindo ao lembrar de como o sobrinho era fofo e o desejo de ter um filho só crescia em seu coração, ele queria construir uma família. Demi sorriu e olhou brevemente para os olhos brilhantes de Wilmer.

— Eles crescem rápido mesmo, daqui uns dias ele estará andando e causando o terror por todo lado. Alana só tem cinco anos, mas já revira os olhos para mim e bate a porta do quarto dela como se fosse uma adolescente. — Lembrou da tarde passada. Alana ainda estava chateada e demonstrou isso fazendo greve de silêncio durante toda a manhã. A menina estava crescendo e ficando cada dia mais com um gênio forte, se ela ficasse como Demi na adolescência... Demi estaria ferrada.

— Deve ser apenas uma fase. — Wilmer disse porque não entendia como aquilo funcionava. Demi riu e assentiu com a cabeça.

— Deus queira que sim porque se ela puxar a mim quando eu era adolescente, eu estou ferrada. — Riu lembrando como brigava com os pais quando queria alguma coisa e na época em que fugia de casa para namorar e ir as festas. O carro foi estacionado em frente ao restaurante mexicano que eles sempre costumavam a ir porque ficava perto da empresa e a comida era maravilhosa. Eles se acomodaram em uma mesa para dois no meio do restaurante e fizeram os pedidos.

— E a faculdade? Eu me lembro de você falar como estava ansiosa para se formar, está chegando... — Comentou dando um gole no suco de laranja. Demi abriu aquele enorme sorriso e o encarou.

— Eu estou animada e ansiosa, eu estou trabalhando no meu último projeto e um pouco nervosa porque vou ter que apresentar para uma bancada, o projeto está se desenvolvendo bem porque todos estão empenhados em se formar. No meio de dezembro tem a formatura, mas acho que não vou fazer.

— Por que não? É a melhor parte de se formar, comemorar.

— Eu estava pensando em fazer outra coisa, viajar talvez... é legal comemorar com os amigos, mas eu queria fazer algo com a minha família. — Deu os ombros sem nem se tocar que havia dito "família" ao se referir a Joseph. Ela sorriu em agradecimento quando o garçom trouxe os pedidos.

— Joseph está te tratando bem, Demi? — Eles eram amigos, mas ele sempre iria zelar por ela. Demi era uma garota especial que merecia ser feliz acima de tudo.

— Sim. — Sorriu. — Ele é muito atencioso, cuida de mim e da nossa filha com tanto amor e carinho, eu estou muito feliz e realizada, sinto que dessa vez é realmente pra valer, ele mudou e tem me mostrado isso todos os dias. — Ela encarou a hora do celular e suspirou, ainda faltava mais de seis horas para ele chegar e ela estava tão ansiosa para abraça-lo e beija-lo do jeito que queria.

 — O que importa é a sua felicidade, Demi. Eu fico aliviado e feliz em saber que ele está te tratando como você merece ser tratada, você é uma pessoa incrível e merece ser tratada como uma rainha. — Demi sentiu as bochechas corarem fortemente, Wilmer merecia tanto uma mulher que o amaria de todo o seu coração.

— Não seja exagerado. — Brincou o fazendo rir. — Muito obrigada, Wil. Você é um amigo incrível e merece todas as coisas maravilhosas desse mundo. — Sorriu e tocou a mão dele brevemente como um gesto de carinho e apoio. Almoçar com Wilmer havia sido divertido e descontraído, eles conversaram sobre os mais variados assuntos e dividiram um mousse de maracujá de sobremesa.

***

Quando o relógio marcou quatro e meia da tarde, Demi estava saindo da empresa como um furacão. Ela estava tão ansiosa para chegar em casa e ir buscar Joseph no aeroporto, parecia que não o via há anos. Quando as portas do elevador se abriram lá estava Blake e Kelly no elevador conversando animadamente, Demi cumprimentou as duas e respirou fundo se preparando para aquela pequena tortura. — Joseph chega hoje de Chicago, eu estou indo me arrumar para ir busca-lo no aeroporto, estou com tantas saudades do meu menino. — Kelly comentou com Blake que sorriu e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. 

— Ele faz muita falta por aqui. — Blake disse encarando Demi brevemente que fingia estar focada no celular como se estivesse resolvendo algo super importante, ela não deixaria que aquelas duas estragasse os seus planos. — Ele é um ótimo amigo, me ajuda em tudo e me dá ótimos conselhos, você o criou muito bem, Kelly. 

— Ah obrigada, querida. Meu menino é realmente uma ótima pessoa, eu só espero que ele tenha certeza sobre a pessoa com quem ele está se envolvendo, ele sofreu muito no passado e não quero que ele sofra novamente. — Demi entendeu perfeitamente a indireta, a sorte era que as portas se abriram no estacionamento e ela saiu de lá apressadamente para não dar uma boa resposta naquela mulher. Demi buscou a chave do carro dentro da bolsa e desativou o alarme adentrando no carro logo em seguida. 

O primeiro destino de Demi foi ir ao veterinário onde Lucky estava. Ela queria fazer uma surpresa para a filha, era uma forma de se redimir por ter sido tão grossa e ignorante com a menina sem necessidade. O cachorro ficou tão feliz quando avistou Demi e por pouco não a derrubou no chão, ele estava tão diferente. O labrador estava limpinho e até havia ganhado peso, a pata continuava enfaixada, mas não parecia incomodar tanto como antes. Demi sorriu e se abaixou para brincar um pouco com o cachorro que de tão animado balançava o rabo e tinha a língua para fora. 

— Oi garotão, vamos para casa? — Disse alisando a região do pescoço do cachorro com carinho e animação. Era uma maldade abandonar uma vida tão indefesa como aquela. O veterinário passou todas as recomendações para Demi e a receita dos remédios que Lucky precisava tomar para que a saúde dele continuasse melhorando. 

Colocar o cachorro dentro do carro foi um sacrifício e Demi precisou da ajuda do veterinário. Ela acalmou o labrador que estava agitado e deu partida em direção a escola de balé de Alana, o sorriso da filha ao adentrar no carro e se deparar com o cachorro foi sem comparação. Alana deixou a mochila no chão do carro e abraçou o cachorro fortemente. — Eu senti tanto a sua falta, sabia? — Falou alisando o pelo do cachorrinho e depois deu um beijinho carinhoso no cachorro. — Batman vai ficar tão feliz em te ver. — Disse como se ele a entendesse. — Mãe, como você fez isso? — Perguntou curiosa em saber como a mãe havia ido buscar o cachorro sem que ela descobrisse. — Eu estou muito feliz!

A menina nem mesmo se lembrava que estava com raiva da mãe, a felicidade era tanta que não tinha espaço para mais nada além de conversar com o cachorro e abraça-lo mostrando como estava feliz por tê-lo de volta e em um momento enquanto dirigia em direção ao apartamento, Demi deixou que algumas lágrimas rolassem pelas bochechas, Alana tinha tanto amor pelos animais, era algo tão bonito de ver. 

— Batman, olha só quem voltou! — Alana gritou assim que adentrou correndo no apartamento junto com Lucky. Batman logo apareceu ao ouvir a voz da dona e começou a correr pela casa e pular animado, só não era possível saber se ele estava feliz por Alana estar em casa ou Lucky ter voltado. 

Demi tirou o salto para ficar mais confortável e foi diretamente para a cozinhar lavar as mãos e preparar algo para comer. Torradas com queijo e suco de maça pareceu uma boa ideia e foi isso o que Demi preparou para ela e a filha comer naquela tarde, enquanto as torradas não ficavam prontas, Demi subiu para dar uma geral no andar de cima. Arrumar as camas, separar algumas roupas para lavar e varrer o chão, se não mantivesse o controle da organização aquele apartamento viraria uma bagunça. — Alana, vá lavar as mãos e depois vem comer. — Demi gritou da lavanderia enquanto colocava as roupas dentro da máquina de levar. 

Enquanto a máquina trabalhava, Demi lavou a louça do café da manhã e subiu para organizar o banheiro do andar de cima, não demorou nem trinta minutos e Demi já estava no andar de baixo aspirando o tapete de sala de estar e passando pano do chão da sala de jantar, não era uma faxina, estava apenas dando um jeito, tiraria um dia para fazer uma faxina completa depois.

Quando terminou já era seis horas da tarde e ela precisa tomar banho para ir para a faculdade, assistiria pelo menos o primeiro tempo para não ficar com muita falta. O banho foi demorado e ela com certeza se atrasaria, saiu do banheiro com uma toalha enrolada na cabeça e outra no corpo, caminhou diretamente até o closet e procurou por uma lingerie. Como iria para a faculdade, ela optou por uma calça jeans e uma regata cinza, calçou uma bota de cano curto e plugou o secador na tomada para secar o cabelo.

Foi quase uma hora para que ficasse pronta e isso porque ela nem estava maquiada. Demi desceu as escadas com dois livros nas mãos e sorriu ao ver Kim sentada no tapete da sala junto com Alana brincando com os cachorros. — Oi. — Disse cumprimentando a mulher mais velha com um beijo demorado na bochecha. Ela buscou pela bolsa que levava para faculdade e colocou os livros dentro. 

— Oi querida, como você está? 

— Eu estou bem. — Disse e colocou a bolsa no ombro. — Kim, hoje eu vou chegar tarde, eu tenho um compromisso depois da faculdade e devo chegar por volta das duas, três horas da manhã... — Kim franziu o cenho e encarou Demi porque ela sempre vinha direto para casa depois da faculdade. Demi riu baixinho e se aproximou da amiga. — Eu vou buscar Joseph no aeroporto. — Falou no ouvido de Kim para Alana não ouvir porque ela queria fazer uma surpresa, sem contar que iria chegar tarde e se Alana soubesse que o pai estava voltando, não iria dormir até vê-lo chegar. 

— Eu também quero saber. — Alana disse curiosa entre as gargalhadas alta que dava porque Batman e Lucky lambiam seu rosto. 

— Assunto de adulto, filha. Mamãe está indo para a faculdade, vem me dar um beijo e um abraço. — Alana levantou e correu até Demi a abraçando fortemente pelo pescoço. Demi sorriu de olhos fechados e deu vários beijos demorado pelo pescoço da filha. 

— Tchau mamãe, eu te amo muito do tamanho do universo. — Ela beijou a bochecha da mãe e depois correu novamente para brincar com os cachorros. Demi riu e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. 

— Tchau querida, boa aula. Eu acho que mais tarde vou levar Alana para o meu apartamento, se você chegar muito tarde, deixe ela dormir lá e amanhã antes dela ir para escola eu a trago de volta. — Demi assentiu e se despediu dos cachorros e de Kim e depois saiu do apartamento com as chaves do apartamento e do carro na mão. 


AEROPORTO INTERNACIONAL DE L.A, 00h15


Cada minuto que passava seu coração batia um pouquinho mais rápido no peito. Céus, que ansiedade. Demi estava em pé na sala de desembarque e encarava a porta atentamente procurando por Joseph no meio daquela multidão de gente que saía por aquelas portas. Demi encarou o celular que estava em sua mão e suspirou, a última mensagem que ele havia mandado foi às oito e cinquenta dizendo que já estava embarcando. O fluxo de gente diminuiu e as portas se fecharam novamente, ela suspirou e bocejou passando uma das mãos pelo cabelo, estava com sono. As portas novamente se abriram e mais gente saíam de lá, dessa vez de um outro voo. No meio daquela gente, ela o viu. Joseph estava de jeans preto e um moletom preto, o cabelo estava grande assim como a barba. Demi abriu um enorme sorriso e correu até ele e quando a viu Joseph deixou a mochila que carregava no chão e a pegou nos braços rodeando a cintura dela com os braços. 

— Eu senti tanto a sua falta. — Demi disse com as pernas em volta da cintura dele. Ela tocou o rosto dele com a mão e sorriu feliz por estar nos braços da pessoa que tanto amava. — Nunca mais ouse viajar sem mim. — Falou sorrindo e selou os lábios nos deles em um beijo calmo e cheio de saudade. — Eu amo você, Joseph. — Falou separando o beijo com dois selinhos.

— Joseph, meu filho! — Kelly o chamou se aproximando com a bolsa nas mãos. 

— Eu também te amo, amor. Você não faz ideia da falta que fez durante esses dois dias. — Joseph falou baixinho no ouvido de Demi que sorriu acariciando o cabelo dele. Joe deu um selinho nos lábios dela novamente e deixou que ela saísse dos seus braços. — Mãe! — Sorriu e abriu os braços para abraçar a mãe e matar a saudade. 

— Como você está? Se alimentou direito? — Kelly perguntou segurando o rosto do filho com as duas mãos para verificar se estava tudo certo. Ela o encarou e franziu o cenho. — Joseph, o que foi isso no seu maxilar? — Estranhou o leve corte próximo ao maxilar. Joe fez uma careta e pediu para a mãe não se preocupar, mas não adiantou muita coisa, Kelly continuou questionando. — Você andou brigando com alguém?

— Mãe não foi nada. — Disse olhando para Demi que apenas arqueou uma sobrancelha o questionando pelo olhar porque ela também estava preocupada. — Eu me machuquei brincando de lutinha com o tio da Soph, a senhora sabe, aquelas brincadeiras idiotas que nós temos. — Mentiu porque não queria deixar a mãe preocupada.

— Eu sempre te avisei que essas brincadeiras de criança de vocês não ia dar coisa boa. — Falou autoritária e Joseph riu abraçando Demi por trás pela cintura. Ela riu e deixou que ele desse um selinho rápido em seu pescoço aproveitando que a mãe estava distraída procurando por algo na bolsa. 

— Você fica cada dia mais bonita. — Disse no ouvido de Demi a enchendo de elogios porque ele a amava tanto e ela precisava saber o quão bonita era. — Eu sou o homem mais sortudo do mundo por ter você. — Se ele continuasse dizendo aquelas coisas, ela ia acabar fazendo uma besteira. 

— Você vai para casa comigo? — Demi perguntou baixinho enquanto eles caminhavam em direção ao estacionamento, Kelly ia na frente porque ela falava com alguém no telefone. Joseph beijou a bochecha de Demi e sorriu.

— Você quer que eu vá? 

— Sim, mas se você quiser ir para casa com a sua mãe eu vou entender. — Ela jamais ficaria entre Joseph e a mãe. Ela sabia como era triste não ter uma mãe para lhe apoiar e por mais que não gostasse muito de Kelly reconhecia que ela era uma boa mãe para Joseph que movia céus e montanhas pelo filho. 

— Eu vou com você, estou com saudade da nossa filha. — Demi sorriu e recebeu de bom agrado o selinho que ele lhe deu. Ela desfez o abraço e sorriu quando ele passou um dos braços pelos seus ombros e ela o abraçou pela cintura, não queria solta-lo nunca mais. 

— Eu preparei aquele macarrão com molho branco que você tanto gosta. — Kelly comentou caminhando agora ao lado do filho. Joseph sorriu e passou o outro braço em volta da mãe, só faltava Alana ali para completar, as três mulheres que ele mais amava no mundo, quão sortudo era por ter aquelas três mulheres em sua vida? 

— Eu confesso que estou faminto, mas eu vou para o apartamento da Demi. — Disse e observou o sorriso da mãe desaparecer, seria difícil fazer aquelas duas se darem bem, principalmente Kelly que tinha um gênio forte. 

— Eu acho que você deveria ir para casa descansar, o voo foi cansativo e não existe nada melhor do que a nossa casa depois de uma viajem. Concorda, Demi? — Demi assentiu a cabeça porque não teve escolha quando Kelly a encarou com a sobrancelha arqueada. 

— Eu vou para casa amanhã cedo e podemos almoçar juntos, o que acha? Eu quero ver a minha filha e matar a saudade. — Falou se sentindo mal por fazer desfeita do macarrão da mãe. Kelly suspirou e assentiu vendo que o filho não abriria mão de passar a noite na casa da namorada. 

— Tudo bem, cuida dele, Demetria, e juízo vocês dois. — Disse abraçando o filho fortemente. Joe beijou o topo da cabeça da mãe e sorriu abraçado a Demi observando a mãe desativar o alarme do carro e dar partida depois de mandar um beijo para ele. 

— Hmm... eu senti tanta a sua falta. Dormir sozinho naquela cama de hotel foi terrível. — Joseph disse abraçando Demi pela cintura e a encostando no carro. Demi riu passando uma das mãos pelo peito dele enquanto a outra estava na nuca acariciando levemente com as unhas. Ela suspirou quando ele apertou sua cintura e olhou para os dois lados antes de dar um beijinho no pescoço dela. 

 — Eu digo o mesmo sobre você me deixar mal acostumada a ponto de não dormir porque seus braços não estavam lá para me abraçar e me proteger. — Encarou aqueles olhos verdes que ela achava tão perfeito e selou seus lábios em um beijo mais intenso como queria desde que havia o visto. Era tão bom sentir a língua dele em contato com a sua e todas as sensações que ele lhe causava. — Vamos para casa. — Falou alguns segundos depois separando o beijo com um selinho demorado. Joseph assentiu com um sorriso bobo nos lábios e adentrou no carro assim que ela desativou o alarme. 

— Como foi as coisas por aqui? — Ele perguntou colocando o cinto de segurança. Demi sorriu fraco para ele e deu partida no carro após colocar o cinto de segurança. Ela contava ou não sobre o quase beijo com Ryan? Será que ele ficaria muito chateado?

— Foram tranquilas, as coisas na empresa estão normais e na faculdade também, eu estou animada em como as coisas estão caminhando bem. Alana está bem e muito feliz porque Lucky está em casa, ontem ela ficou chateada porque aconteceu um imprevisto e não deu para buscá-lo no veterinário, ela bateu a porta do quarto como uma adolescente rebelde, mas já está tudo bem. 

— Você conversou com ela sobre isso? — Demi negou com a cabeça e parou no sinal vermelho. — Você deveria ter conversado com ela, ela precisa entender que as coisas não acontecem na hora que ela quer. — Demi o olhou surpresa porque era ele quem mais mimava a menina e a deixava mal acostumada, era bom ver que ele também tinha pulso firme para educa-la. — O que aconteceu que não deu para você buscar Lucky ontem? — Ele não deixaria passar porque assim como ela, era curioso e não sossegava até descobrir o que queria. Ela também não queria esconder nada dele, era importante que eles confiassem um no outro para contar e conversar sobre qualquer coisa. 

— Eu e Kristen brigamos. — Suspirou e deu partida no carro assim que o sinal ficou verde novamente. — Ontem nós fomos tomar sorvete antes de eu ir para faculdade, estava tudo indo bem... até Ryan tentar me beijar. — Falou e observou brevemente as feições de Joseph que até então estavam neutras. — Ela meio que disse que a culpa era minha porque eu dava ousadia para ele. 

— Você da ousadia para ele, Demi? — Não havia nenhuma acusação na voz dele, era apenas uma pergunta. 

— Claro que não, Joseph. Quer dizer... eu sempre o enxerguei como um irmão, eu deixava ele segurar a minha mão e beijar a minha bochecha, mas depois que ele disse que gostava de mim, isso nunca mais aconteceu, eu sempre deixei claro que não retribuía os sentimentos dele. Ele deveria me respeitar. 

— Ele é um babaca que não merece a sua amizade. — Joseph confessava que não gostava de Ryan, mas jamais impediria Demi de ser amiga dele, até porque ele estava ali para ela quando ele não estava, mas não acharia ruim se Demi se afastasse dele. — Fica tranquila, eu confio em você. — Falou e se inclinou para beijar a bochecha dela. — Mas também eu não posso julgá-lo, é impossível não se apaixonar por você. — Demi revirou os olhos e mostrou língua para ele, o fazendo sorrir porque ela era tão bonita.

— O que aconteceu no seu rosto? A sua mãe pode ter caído nessa história de "brincadeira de lutinha" mas eu não cai. — Falou focada na estrada. Um trovão ecoou forte anunciando que uma tempestade estava por vir, estava ventando forte e frio e Joseph subiu o vidro da janela do passageiro, já que o vento estava bagunçando o cabelo de Demi.

— Eu briguei com o meu pai. — Joe disse focado em digitar uma mensagem para Sophie no celular avisando que havia chegado bem e que já estava a caminho de casa. — Ele não aceitou muito bem a notícia que não seria mais presidente do hospital e acha que tem dedo meu por trás disso, ele me deu um soco, mas o seu pai me defendeu. — Seu pai? Demi franziu o cenho e encarou Joseph brevemente antes do voltar a atenção na estrada, ela não estava acreditando naquilo.

— Meu pai? Você está falando sério? — Joe riu brevemente e assentiu com a cabeça. — O que aconteceu para ele te defender? Ele te odeia.

— Eu conversei sobre nós dois com os seus pais, amor. Ele não está muito contente e eu o entendendo perfeitamente, mas arrisco dizer que ele está começando a aceitar as suas decisões. Vamos ver o que vai acontecer, só não se surpreenda caso seus pais batam na sua porta novamente. — Piscou fazendo Demi sorrir e suspirar porque ela queria muito ter os seus pais novamente em sua vida.

No meio do caminho eles resolveram parar em um restaurante japonês aberto vinte e quatro horas para comprar comida. Joseph estava com tanta fome que não se contentou com a porção de Sushi que Demi comprou, ele pediu Sashimi, Yakisoba e Temaki. Aonde cabia tanta comida? Demi se perguntou quando eles saíram do restaurante com as mãos cheias de sacola. Ao adentrar no carro, a chuva tomou conta da cidade e eles acabaram chegando vinte minutos mais tarde do que estava previsto.

Ao ouvir o barulho da chave na fechadura, Batman correu para frente da porta junto com Lucky e ficou atento e ansioso para saber quem passaria por aquela porta. O primeiro latido surgiu e ele balançou o rabinho animado por ver Demi adentrar no apartamento, ele apoiou as duas patinhas na perna dela e colocou a língua para fora quando Demi sorriu e se abaixou para fazer carinho nele, em seguida ele começou a correr pelo apartamento. E quando os cachorros viram Joseph? Céus, ele não teve opção a não ser sentar no tapete da sala e dar atenção para os cachorros que mostrava como estavam felizes.

Demi tirou os tênis e caminhou diretamente para cozinha para colocar as sacolas com as comidas que haviam comprado em cima do balcão, ela subiu as escadas para verificar se as janelas estavam fechadas para não molhar o apartamento e agradeceu mentalmente porque Kimberlly havia fechado. Demi lavou as mãos e serviu as porções em pratos separados, buscou o suco de laranja na geladeira e caminhou até a sala entregando um prato para Joe. — Obrigado, amor. — Ele sorriu e sentou no sofá para comer, estava faminto.

— Como estão as coisas por lá? — Demi perguntou sentando ao lado dele no sofá, ela esticou a perna e mordeu um pedaço do sushi. Estava muito bom e ela não havia percebido que estava com tanta fome até colocar aquele pedaço de sushi na boca. — Sophie está bem?

— As coisas por lá não mudou muita coisa, o hospital contínua do mesmo jeito e ainda são as mesmas pessoas que trabalham lá. Sophie ainda está tentando se acostumar com a ausência do pai, deve ser difícil perder alguém assim tão de repente. Ficar lá foi... estranho, eu sinto que eu não pertenço mais àquele lugar, mas foi bom rever algumas pessoas, encontrei Cole, lembra dele?

— Aquele seu amigo tatuador? — Joseph assentiu com a cabeça antes de dar um gole no copo de suco.

— Ele vai inaugurar o estúdio de tatuagem dele aqui em Los Angeles no domingo, o que acha de dar um apoio para ele? Podemos ir para praia depois. — Sugeriu. Demi umedeceu os lábios e assentiu buscando por mais um shushi, estava tão bom. — Alana já está dormindo?

— Provavelmente, Kim levou ela para o apartamento já que eu fui te buscar, amanhã cedo ela está de volta. Ela está sentindo muito a sua falta, todo dia me perguntava se estava chegando o dia de você voltar antes de dormir. — Joe sorriu e puxou o pé de Demi para ficar em cima das suas pernas, ele massageou os pés dela e riu quando Demi suspirou apreciando a massagem.

— Eu também senti muita saudade dela e das traquinagens dela. — Demi o encarou com os olhos brilhando e sorriu. Se alguém tivesse dito a ela que em algum momento ela veria Joseph e Alana juntos e tão parceiros ela não acreditaria. Ah, como ela amava aqueles dois. — Eu senti sua falta também, sabia?

— Sentiu? — Ela perguntou com a sobrancelha arqueada observando Joseph deixar o prato em cima da mesinha de centro e levantar engatinhando sobre ela, fazendo-a deitar no sofá.

— Você não faz ideia. — Respondeu depositando beijinhos quente no colo dela subindo em direção ao pescoço, fazendo Demi fechar os olhos. — Eu senti falta do seus braços me abraçando durante a noite, dos seus beijos, da sua pele macia e de fazer amor com você. — Demi respirou profundamente sentindo o coração acelerado porque ele estava tocando a sua cintura por dentro da camiseta. Ela levou a mão ao pescoço dele e fechou os olhos ao sentir o beijo molhado de Joe em seu pescoço.

— Eu também senti sua falta. — Falou baixinho no ouvido dele e quando ele se ergueu para encara-la, Demi sorriu segurando o rosto dele com as duas mãos sem quebrar a conexão da troca de olhares. Os olhos esverdeados eram como esmeraldas, ela gostava tanto da maneira em que ele a fitava porque demonstrava perfeitamente como ele era apaixonado por ela. — Eu amo você, Joseph. — Demi nunca teve tanta certeza de que o amava como agora, ela o amava demais. Era ele e mais ninguém. Havia entregado o seu coração para Joseph quando tinha dezessete anos e não havia outra pessoa que ela queria no mundo, como queria Joseph.

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eeeei meus amores, como vocês estão? eu estou só o pó, mas sigo escrevendo nas minhas horas vagas porque eu amo isso aqui demais. mais um capítulo para vocês e espero que vocês gostem, no próximo teremos um capítulo dedicado ao nosso casal e eu estou muito ansiosa para começar a escrevê-lo.
por hoje é isso, me digam o que acharam nos comentários e volto assim que tiver o próximo pronto
respostas dos comentários aqui | beijos


que saudades do meu bebê ): 

13/10/2018

35. I Love Her


Como era bom chegar em casa depois de um dia tão cansativo. Demi retirou o tênis e colocou a bolsa em cima da mesa de jantar, trancou o apartamento e retirou o celular do bolso traseiro da calça jeans, ela jogou-se no sofá e começou a responder as mensagens pendentes do celular, aproveitou para atualizar o Instagram e dar uma olhada no Facebook. Kim desceu as escadas e sorriu ao ver Demi deitada no sofá tão distraída enquanto mexia no celular, ela pigarreou e Demi sorriu desviando o olhar do celular para encarar a mulher mais velha. — Oi, querida. — Demi sentou no sofá e fechou os olhos quando recebeu um beijinho na testa, ela sempre conseguia sentir o carinho de Kimberlly por ela, era como se fossem mãe e filha. — Tem sopa para você dentro do microondas, Alana reclamou porque tinha muitos legumes, mas consegui fazer ela comer tudo. O amiguinho dela também jantou aqui o que facilitou para que ela comesse tudo. — Alana estava entrando em uma fase em que não queria mais comer alimentos saudáveis, ela só queria comer besteiras e no horário das refeições sempre dizia que estava sem fome. 

— Eu estou pensando em levá-la na nutricionista. — Disse pensativa e deixou o celular de lado. Demi colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e encarou a mulher sentada em seu lado, Kimberlly era uma mulher muito bonita e que já havia passado por poucas e boas na vida para conseguir criar Kristen sozinha. — Kim, a Kris está feliz com o relacionamento dela, ela faz planos para um relacionamento duradouro e sério com Stella, elas estão felizes juntas e para que tudo fique ainda melhor, ela só precisa do seu apoio, ela ama você acima de qualquer coisa e fica triste por não ter você ao lado dela nesse momento tão importante da vida dela. Infelizmente nós não escolhemos quem vamos amar. — O sorriso de Joseph tomou conta da sua mente e ela suspirou profundamente, se ela pudesse escolher, com certeza estaria longe daquele belo sorriso e daquele belo par de olhos esverdeados. 

— Joseph conversou comigo sobre isso, ele me disse algo que me tocou profundamente. — "O mundo lá fora é cruel, todo dia tem uma notícia diferente de um homossexual que foi encontrado morto ou levou uma surra na rua só porque estava andando de mãos dadas com a pessoa que ama. Pensa nisso, Kimberlly." Kimberlly suspirou ao lembrar das palavras de Joseph e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. — Eu só preciso de tempo para aceitar a notícia, foi um impacto para mim ouvir que ela estava apaixonada por outra mulher, eu ainda estou tentando digerir isso. Eu preciso ir para casa, amanhã nos falamos. — Demi assentiu pensativa e observou a mulher ir embora. Joseph havia falado com ela? Demi não conseguiu evitar o sorriso que nasceu em seus lábios, ele era um amor. 

Ela subiu as escadas com o celular em mãos e adentrou no quarto da filha, a pequena dormia tranquilamente abraçada à sua boneca de pano, Demi beijou a bochecha dela e tirou alguns fios de cabelo que estavam no rosto dela, apagou a luz do abajur e saiu do quarto deixando a porta entre aberta para o caso de Alana chama-la durante a noite ela conseguir ouvir. Ao entrar em seu quarto, Demi deixou o celular em cima da cama e se despiu ficando apenas com roupas intimas, prendeu o cabelo em um coque alto e foi até o closet pegar um pijama confortável para dormir. 

Tomar um banho quente e relaxante foi a melhor decisão que ela poderia tomar naquele momento, o sabonete de frutas vermelhas era tão cheiroso e deixava sua pele macia, o banho não durou mais do que quinze minutos, ela vestiu um pijama quentinho e desceu para jantar a sopa que Kim havia preparado, jantou assistindo um programa qualquer da televisão e depois subiu para escovar os dentes e deitar em sua cama.

 O edredom branco e grosso a aquecia perfeitamente do frio que fazia lá fora e o ar condicionado estava ligado deixando o clima do quarto ainda melhor, Demi suspirou ao pensar que Joseph poderia estar deitado ali com ela naquele exato momento. Ela buscou o celular e abriu a foto de perfil do whats app de Joseph porque era muito bonita e ela nunca cansaria de admira-la, será que estava muito tarde para mandar uma mensagem? — "Estou sentindo sua falta". — Ela mordeu o lábio inferior e abraçou o travesseiro que Joseph costumava dormir quando estava no apartamento, ainda tinha um pouco do cheirinho dele e ela inalou profundamente. Segundos depois uma chamada de vídeo estava sendo solicitada e ela aceitou rapidamente com um sorriso nos lábios e o coração acelerado.

— Oi amor. — Joseph estava deitado numa cama de casal com os lençóis escuros, ele tinha o cabelo bagunçado e estava sem camisa. Demi sorriu e mordeu o lábio inferior. — Eu também estou sentindo a sua falta.

— Não demora para voltar, amor. Você me deixou mal acostumada e agora é difícil dormir sem você aqui para me abraçar e acariciar o meu cabelo. — Resmungou manhosa e sorriu o olhando tão apaixonada, céus, ela gostava tanto dele que seu coração acelerava no peito só de vê-lo. — O que você está fazendo? — Perguntou porque estava totalmente sem sono, ela poderia passar a noite toda conversando com ele.

— Eu estou terminando a última temporada de Criminal Minds, passei boa parte do dia assistindo série e comendo porcarias, amanhã eu vou resolver algumas coisas e ir no hospital fazer uma visita por lá. — Passou uma das mãos pelo cabelo e se ajeitou na cama de uma maneira mais confortável, fazendo Demi suspirar ao ver o músculo dele se flexionar.

— Não vá se meter em confusão desnecessária, por favor. — Pediu preocupada. O que ela mais queria naquele momento era evitar confusão, já tivera confusão demais nos últimos meses, só queria ficar em paz com Joseph e Alana. Sem nenhuma preocupação.

— Como foi com a minha mãe hoje? — "Péssimo" Demi pensou, mas não queria que ele arrumasse confusão com a mãe por causa dela. — Foi tranquilo ou ela disse algo que lhe deixou chateada?

— Foi tranquilo. Alana mostrou o apartamento para ela e as duas conversaram bastante, ela me questionou sobre o nosso relacionamento, mas está tudo bem. — Mentiu. Era desconfortável a maneira como Kelly tentava lhe fazer desistir de Joseph, mas não queria conversar com ele sobre aquilo, não queria confusão por nada, ela conseguia lidar com aquele detalhe.

— Tem certeza? Se ela tiver dito algo que lhe deixou chateada pode me falar que eu vou conversar com ela, ela é a minha mãe, mas eu sei como ela pode ser impossível quando quer.

— Está tudo bem, não há nada para se preocupar. — Sorriu e sentiu vontade de acariciar a barba que estava grande, ele ficava tão charmoso com a barba grande. — Eu tenho consulta amanhã no meu horário de almoço, quero ver se está tudo bem com a minha pressão e se posso parar de tomar os remédios. — Ela fazia aquelas consultas duas vezes ao ano só para saber se estava tudo certo com sua pressão.

— Vai dar tudo certo, amor. Se você quiser pode me ligar quando estiver lá.

— Está tudo bem, Kimberlly sempre me acompanha nessas consultas, ela é mais preocupada do que eu. — Riu baixinho, a pressão alta havia se dado por causa da gravidez de Alana, mas ela tomava os devidos remédios e a pressão dificilmente elevava, só quando ficava nervosa ou levava um susto muito forte.

— Eu fico mais aliviado em saber que você vai estar acompanhada, mas não esqueça de me ligar quando sair de lá, você precisa se cuidar, linda.

— Eu estou bem, é só um check up de rotina, está tudo sobre controle. — Bocejou. — O ano está acabando e eu me formo em dois meses, eu não vejo a hora de acabar com esse rotina louca de estudos, a faculdade consome todo o meu tempo e minha energia. — Resmungou sonolenta, fazendo Joseph rir baixinho e observar a carinha de sono de Demi, as sardinhas eram tão bonitas e a deixava tão fofa.

— Está acabando, você só precisa aguentar mais um pouco, se quiser ajuda com os trabalhos e provas pode me avisar, eu fui um bom aluno. — Piscou fazendo Demi gargalhar alto apesar do sono que estava sentindo. — Está rindo porquê? Eu estou falando sério! Apesar de ser um moleque que só queria saber de festas, eu conseguia tirar notas boas na faculdade, os professores nem acreditaram que eu me formei como um dos melhores alunos da sala. — Se gabou fazendo Demi revirar os olhos.

— Vou passar os meus trabalhos para você fazer para mim. — Ela jamais recusaria ajuda, estava exausta, só queria se formar. — Eu estou tão animada para me formar logo e finalmente conseguir dar uma vida melhor para a nossa filha. Joseph, você comentou algo sobre casamento com a sua mãe? — Se lembrou da conversa mais cedo com Kelly e de como ela parecia indignada.

— Eu comentei que pretendia me casar com você, mas no futuro, ela comentou algo com você? — Perguntou preocupado da mãe ter arruinado seus planos de pedi-la em namoro.

— Joseph, eu não estou preparada para casar, eu disse para irmos com calma... — Disse com receio de ser surpreendida com um pedido de casamento e ficar sem saber o que responder, casamento era um passo muito grande que ela ainda não estava preparada.

— Querida, não há com o que se preocupar, eu não estou planejando um pedido de casamento, o combinado foi irmos devagar e eu não vou quebrar o nosso combinado até eu ter a certeza que estamos preparados para dar esse passo no nosso relacionamento. — Demi assentiu mais aliviada e sorriu por saber que ele lhe entendia e partilhava do mesmo pensamento.

— Fico mais aliviada em saber que você me entende e pensa da mesma maneira que eu. — Bocejou novamente e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha, estava cada vez mais sonolenta.

— Eu sempre vou entender você, amor. Agora eu acho que está na hora de você ir dormir, você está com sono e precisa descansar.

— Conversa comigo até eu dormir. — Pediu e assim ele fez. Conversou com ela até ela não lhe responder mais porque tinha caído no sono, ele finalizou a chamada de vídeo e se organizou para dormir também, o dia seria longo.

DIA SEGUINTE
13:00 DA TARDE, CHICAGO

Indecisão. Era essa a palavra que definia Joseph naquele exato momento. Nas mãos haviam duas alianças delicadas e ele não sabia qual levaria, qual Demi gostaria mais? Ambas eram pratas, porém uma tinha o acabamento fosco com pequenos cristais cravejados em sua extensão e a outra era lisa com um detalhe de fio de ouro e uma zircônia cravejada. Ele encarou melhor as duas alianças e mordeu o lábio inferior, ambas eram lindas e ele tinha certeza que Demi gostaria até da mais simples que havia naquela loja. — Eu vou levar esse par. — Disse para a vendedora optando pela segunda aliança. Ele estava tão ansioso para voltar, havia tudo planejado em sua cabeça e seria tudo perfeito. 

— Aqui está, senhor. — A jovem vendedora lhe entregou uma pequena sacola com uma caixinha preta aonde havia o par de alianças, ele agradeceu e após pagar caminhou até onde o carro estava estacionado. Ele havia pegado o carro emprestado de Sophie e agora iria para o hospital onde se encontraria com ela. O dia estava nublado e ventava frio, as ruas de Chicago estavam pouco movimentadas e isso fazia com que o trânsito fluísse normalmente, ele se lembrava muito bem daquelas ruas e como passou noites acordado apostando corridas em rachas a ponto de sofrer um acidente que poderia lhe custar a vida. Céus, o que ele tinha na cabeça quando tinha seus vinte e poucos anos? 

O hospital ficava localizada no centro de Chicago, em uma área nobre da cidade. Ele estacionou o carro no estacionamento e se desfez do cinto de segurança, respirou fundo e saiu do carro ativando o alarme. Havia sido ali, naquele hospital, onde os piores momentos da sua vida havia começado, a ganância do seu pai, as brigas, as palavras de ódio. O celular vibrou dentro do bolso e ele sorriu ao ver a foto que Demi havia lhe mandando, era ela e Alana almoçando juntas. — "Estamos morrendo de saudade de você, papai. Volta logo, nós te amamos." — O áudio encheu seu coração de alegria. A voz de Alana era tão doce e meiga, o sorriso nos lábios dele nasceu automaticamente porque ele amava demais aquelas duas garotas.

Joseph caminhava tranquilamente pelos corredores do hospital tão conhecido por ele. Estava trinta minutos adiantado e por isso continuou seguindo pelo extenso corredor até chegar em uma porta branca onde havia uma placa escrito "Dr. Lovato". Joseph tinha planos de um futuro ao lado de Demi, ele não estava ali para brincadeira e achava importante que Alana crescesse em uma família unida e que ela tivesse contato com os avós. Dois toques na porta foi o suficiente para que ouvisse a voz de George o mandando adentrar. — Joseph? — A surpresa nos olhos dele era evidente. Clarice estava sentada de frente para o marido, ela olhou para trás e franziu o cenho. O que ele estava fazendo ali? — O que você quer aqui? — George perguntou se levantando e Clarice também se levantou porque o que ela menos queria naquele exato momento era uma briga entre aqueles dois homens.

— Eu vim conversar com vocês. — Joe fechou a porta da sala e encarou George. Eles tinham a mesma altura e quase o mesmo porte físico. Clarice colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e ajeitou o óculos de grau no rosto. — Demi sente falta de vocês. — Começou a dizer estudando a reação deles. — Sei que ela não reagiu bem a visita inesperada de vocês dois, mas ela realmente sente falta de vocês. Ela ficou muito mal com tudo o que aconteceu e pensa que perdeu a oportunidade de fazer tudo ficar bem entre vocês. — Clarice encarou o marido tentando controlar o sorriso que queria nascer em seus lábios, aquilo era o que ela mais queria, o perdão da filha e que eles fossem novamente uma família, ela queria fazer a coisa certa dessa vez. — Eu e ela estamos juntos e dessa vez é pra valer, eu reconheço que eu fui um tremendo filho da puta, eu a magoei, brinquei com os sentimentos dela, nada vai justificar o que eu fiz no passado, mas eu quero concertar o meu erro, mostrar que eu amadureci, eu quero ser um pai presente para a minha filha e um bom companheiro para Demi. Eu a amo, ela é a mulher da minha vida e eu não vou abrir mão dela.

— Eu não gosto de você, Joseph. — George disse sério o encarando com os braços cruzados. — Eu sabia que você era um problema, sabia que no momento em que você entrasse na vida da minha filha, você só traria dor de cabeça. Você diz que está arrependido e que ama a minha filha, mas não dou três meses para você voltar a fazer merda por aí, você é um Jonas, você é igual o seu pai. Bruce traiu Clarice com a sua mãe e agora trai a sua mãe com outra mulher, eu não confio em você.

— Você pode me comparar com qualquer pessoa do mundo, menos com o meu pai. — Era horrível ser comparado com uma pessoa como Bruce. Uma pessoa malvada que só pensava em seu próprio bem estar, que não se importava com ninguém ao seu redor e colocava as suas vontades acima de tudo e todos. Ele não era assim.

— Ah não? E o que diabos você está fazendo aqui? Acho muita coincidência Richard morrer e você aparecer no hospital. Aposto que o seu pai está te manipulando novamente, ele sabe que está prestes a perder a presidência do hospital e não vai querer sair por baixo, eu tenho certeza que você está aqui para ajuda-lo.

— Você pode me acusar do que quiser, George. Eu sei quem eu sou e suas palavras não me atingem, eu estou aqui por causa de Demi, foi nos meus braços que ela chorou quando vocês foram embora, eu sei o quanto ela ficou mal com toda essa situação entre vocês e eu queria tentar consertar as coisas. Eu não quero que a minha filha cresça no meio dessa bagunça entre vocês, mas eu não posso forçar vocês a nada. Vocês sabem o que é prioridade na vida de vocês, só não deixem que passem anos, Demi está esperando por vocês agora, mas pode ser que amanhã ela se canse e acabe acontecendo o que aconteceu comigo e meu pai. — O recado estava dado. Joseph saiu da sala e caminhou em direção ao elevador, ele realmente esperava que os pais de Demi tomassem uma atitude.

— Joseph! — Joe parou ao ouvir Clarice chamar seu nome e virou para olha-la. A mulher tinha um doce sorriso de esperança nos lábios. — Como ela está? — Perguntou ansiosa pela resposta, ela queria tanto fazer as pazes com a filha que não cabia no coração a ansiedade que estava sentindo.

 — Ela está bem. A faculdade está acabando e ela está ansiosa para se formar e seguir a carreira dela como arquiteta, ela ficaria radiante se vocês estiverem lá para ela no dia da formatura dela. 

— Você tem certeza que ela realmente nos quer de volta na vida dela? Eu reconheço que erramos muito feio com ela e se eu pudesse faria tudo diferente, mas eu também fiquei desesperada, na época, ela só tinha dezessete anos e estava esperando um bebê, eu não sabia como lidar com a situação e eu achei que o melhor para ela realmente fosse "escondê-la" na casa dos avós. Eu quero concertar as coisas, mas não vou suportar se ela me rejeitar mais uma vez. 

— Ela não vai te rejeitar, Clarice. Se você tivesse insistido um pouco mais da última vez que você esteve lá, ela teria cedido, ela sente a sua falta e me disse isso com todas as letras. Você é a mãe dela e não importa o que aconteça, ela sempre irá te amar, diga isso ao George também. 

— Eu vou dizer. Ele é um cabeça dura, mas eu não vou deixar que ele estrague tudo novamente. — Clarice sorriu e apertou a mão de Joseph, o pegando de surpresa porque ele não esperava aquela reação dela. — Como está minha netinha? 

— Cada dia mais linda e esperta. — E lá estava o sorriso nos lábios dele novamente. — Ela vai ter uma apresentação na escola no sábado e está super ansiosa. — Clarice sorriu e assentiu com a cabeça. 

— Que dia você vai embora? 

— Amanhã a tarde, não posso ficar muito tempo, tenho meu trabalho e Demi está cuidando de Alana sozinha, eu costumo ficar a noite com Alana para Demi ir à faculdade. 

— Você acha que eu devo ligar para ela? — Ligar ou ir até Los Angeles novamente? Clarice suspirou e mordeu o lábio inferior indecisa. 

— Com certeza, Demi vai ficar muito feliz. — As portas do elevador se abriram e antes que Joseph pudesse adentrar no elevador, Clarice segurou o braço dele e o abraçou fortemente o agradecendo diversas vezes. 

— Obrigada por cuidar da minha garota, Joseph. — Ele apreciou o carinho e se despediu da sogra com um breve beijo carinhoso, adentrou no elevador e apertou o botão para último andar que o levaria para a sala de Bruce. 

LOS ANGELES
14:30 DA TARDE 

Demi saiu da sala do doutor e sorriu para Kim que a esperava numa cadeira do lado de fora da sala. Ela havia ido fazer exames de rotina, como sofria com pressão alta desde a gravidez ela precisava fazer aquelas consultas pelo menos duas vezes no ano. — E então? — Kim perguntou levantando-se e pegando sua bolsa. Ela sempre acompanhava Demi naquelas consultas porque muitas vezes, Demi ficava enrolando para não ir ao médico porque ela odiava hospitais e se não fosse Kim e Kristen pegando no pé dela, ela não farias as consultas corretamente. 

— Ele acredita que o anticoncepcional está elevando a minha pressão, nada de bebidas alcoólicas e uma dieta regrada e com pouquíssimo sal, ele agendou uma consulta com a nutricionista para mim e eu vou aproveitar para levar Alana comigo porque ela está comendo muito mal. — Disse enquanto caminhavam para o carro. 

— E como você fará em relação ao anticoncepcional? Você não pode ficar sem se proteger, camisinha não é cem por cento seguro, nenhum método é cem por cento, mas o preservativo e o anticoncepcional juntos são mais eficazes. 

— Existe outros métodos, conversamos brevemente sobre o DIU e o Diafragma, mas antes de decidir eu preciso esperar o resultados dos exames e depois marcar uma consulta com o ginecologista, o bom é que eu não vou precisar ficar me lembrando de tomar o anticoncepcional. — Fez careta porque ir ao ginecologista era uma tortura para qualquer mulher, ela pedia a Deus para que não precisasse fazer nenhum exame. 

— Cuidado, Demi. Ainda está muito cedo para ter outro filho, você está terminando sua faculdade agora, precisa focar um pouco no seu futuro profissional. — Demi desativou o alarme do carro e abriu a porta do motorista. 

— Outro filho está totalmente fora de cogitação, eu já estou ficando louca com Alana, imagine mais uma criança? Eu quero focar totalmente no meu futuro profissional e crescer na minha profissão, eu não sei se o meu relacionamento com Joseph dará certo, mas ele já sabe que não teremos outro filho. — Falou assim que adentrou no carro e colocou o cinto de segurança. 

— Demi, Demi... — Demi riu baixinho e deu partida no carro. O que havia dito era sério, não queria outro filho, dava tanto trabalho cuidar e educar uma pessoa que seria dependente de você pelo resto da vida. Céus, só de pensar ficava arrepiada, ser mãe não tinha férias. 

Demi deixou Kim em frente ao condomínio e seguiu para a empresa. Ela precisava resolver uma parte burocrática do projeto e estava começando a se irritar porque ela odiava resolver burocracia, era para ela estar desenvolvendo a prática não focando em um monte de papéis e buscando assinatura de outros profissionais. Assim que pisou no andar em que estava trabalhando, avistou Blake conversando com um cliente, ela cumprimentou os dois educadamente e adentrou em sua sala afim de terminar todas as suas tarefas do dia, ela tinha pouco menos de duas horas para finalizar o seu expediente de trabalho. 

— Aonde você estava? — Blake perguntou adentrando na sala. Demi franziu o cenho e desviou o olhar dos papéis para fitar os olhos claros da loira. — Você já buscou a assinatura dos engenheiros? Faz mais de duas horas que você saiu para o almoço e eu preciso disso pronto ainda hoje.

— Eu estava no médico, tenho uma declaração de horas aqui comigo. — Demi abriu a bolsa e pegou a declaração. — Eu avisei para Adam antes de sair e ele me liberou. — A cara de Blake foi impagável, Demi tinha uma amizade direta com Adam e ele sempre ficava ciente de tudo o que estava acontecendo. 

— Certo, você acha que consegue me entregar esses documentos devidamente assinados ainda hoje? Eu realmente preciso desses papeis hoje. 

— Antes de ir embora, esses papeis estarão em sua mesa, Blake. — Demi disse educadamente porque não queria perder a paciência, ela estava com um bom humor e não queria deixar coisas insignificantes estragar o seu dia. Blake saiu da sala sem ao menos dizer um "obrigado" e Demi apenas ignorou focando na sua tarefa, teria que ter muita paciência para conseguir conviver com aquela mulher. 

Andar para lá e para cá atrás de assinaturas foi um ótimo exercício. Demi parou no bebedouro e bebeu um copo d'água em três goles, arrumou o cabelo e sorriu quando viu Bella correr em sua direção. Bella tinha seus dezenove anos e era uma linda garota, os cabelos eram ruivos e chamava atenção dando um belo contraste com a pele pálida, os olhos eram castanhos escuros e a garota parecia uma modelo, era alta e magra. Quando Demi a conheceu, ela parecia uma adolescente, meiga e tímida, mas agora estava se tornando uma linda mulher madura. 

— Demi! — Bella estava usando jeans e all star preto, ela abraçou Demi com força fazendo as duas cambalear para trás. Bella desfez o abraço com um enorme sorriso nos lábios. — Eu não estou grávida. — Disse dando pulinhos de alegria. Uma gravidez mudaria todo percusso que tinha planejado para a sua vida e ela estava feliz que não iria precisar alterar nada da sua trajetória. Nicholas se aproximou alguns segundos depois todo tímido e também com um sorriso nos lábios. — O teste de sangue confirmou que eu não estou grávida, o médico disse que eu estou assim por causa do estresse do trabalho e faculdade. 

— Se você está feliz com a notícia, eu fico feliz por você. — Demi sorriu e abraçou a garota novamente. Ela sabia como era difícil engravidar cedo. — Agora tomem juízo vocês dois e se protejam. — Falou dando um leve puxão de orelha em ambos que se entreolharam e sorriram envergonhados. — Um filho é uma grande responsabilidade e se vocês não estão preparados, façam sexo com segurança. 

— Nunca mais daremos esse vacilo, e temos outra novidade. — Bella disse toda sorridente e Demi franziu o cenho. — Estamos namorando sério. — Falou mostrando a aliança prateada no dedo. Demi sorriu e abraçou os dois sorridente, ela ficava tão feliz quando seus amigos estavam felizes. 

— Parabéns, meus amores. Eu espero que vocês sejam muito felizes, e Nicholas, muita paciência para aguentar essa garota. — Falou brincalhona dando um beijinho na bochecha de Bella. Eles ficaram alguns minutos conversando, mas Demi teve que voltar para o trabalho porque faltava pouco para ela finalizar mais um dia de trabalho. 

Alana estava a coisa mais fofa do mundo, ela estava com o cabelo preso em um coque e vestia sua roupa de balé. Ela estava sentada no chão da sala com um grupinho de amigas e compartilhava o seu lanche, assim que avistou a mãe, Alana levantou e correu até ela, pulando nos braços da mãe sabendo que Demi a pegaria sem deixa-la cair. — Você está cada dia mais pesada, criança. — Demi sorriu sentindo o carinho que recebia da filha, não tinha nada comparado a isso. 

— Mãe, meu pai ligou? — Alana perguntou arrumando o cabelo da mãe atrás da orelha. Demi sorriu e deu um beijinho na ponta do nariz da pequena. — Eu quero falar com ele, aprendi um novo passo e ele vai ficar muito orgulhoso de mim. 

— Tenho certeza que sim, anjo. Vamos para casa? — Alana assentiu e desceu dos braços da mãe para se despedir das amiguinhas e de professora. As duas foram para casa conversando sobre o dia de Alana na escola e cantando as músicas de Little Mix que tocava rádio. 

Alana adentrou no apartamento rodopiando, ela riu quando ficou tonta e caiu no tapete felpudo da sala e logo Batman estava pulando em cima dela e lambendo o rosto da menina que gargalhava alto e se contorcia brincando com o cachorrinho. Demi sorriu largamente ao ver aquela cena e não resistiu ao tirar uma foto. — Filha, não esqueça de ir trocar de roupa, eu vou preparar algo para você comer. — Alana estava tão focada na brincadeira com Batman que nem deu ouvidos a mãe. Demi revirou os olhos e caminhou diretamente para a cozinha lavar as mãos e começar a preparar o lanche da tarde para a filha. 

— Boa tarde família linda do meu coração. — Kristen disse adentrando na cozinha, ela abraçou a melhor amiga por trás e deu um beijinho na bochecha dela. — Como você está? — Perguntou toda sorridente, Demi franziu o cenho e encarou a amiga estranhando aquela animação toda.

— Eu estou bem, nem vou perguntar como você está porque pelo visto você está ótima, estava transando? — Perguntou secando as mãos no pano de prato para depois abrir a geladeira para buscar o leite para preparar uma vitamina de banana. 

— Estava sim e foi ótimo por sinal. — Falou mordendo o lábio inferior ao lembrar do momento com a mulher que ela amava. — Stella chupa como ninguém. — Sussurrou baixinho para Alana não ouvir e Demi não conseguiu conter a gargalhada alta ao ver a cara de satisfação da amiga. — Não faça essa cara, você está assim porque não transa há dias. 

— Eu estou morrendo de saudades do Joe. — Choramingou enquanto tirava as cascas das bananas. — Eu estou pedindo a Deus para ele voltar amanhã, nunca pensei que eu fosse sentir tanta falta dele, é tão bom dormir agarrada à ele, sentindo os braços fortes me protegendo. — Demi disse toda apaixonada fazendo Kristen revirar os olhos com vontade e pegar uma maçã na fruteira. 

— Você está toda apaixonada. 

— É porque ele é tão fofo! — Os olhos até brilhavam. — Você precisa ver como ele me manda mensagens fofas todos os dias antes de dormir e como diz que me ama, eu não sei... eu sinto que dessa vez é pra valer, que agora as coisas estão finalmente se ajeitando entre nós, e eu gosto de sentir isso. 

— Eu espero que ele não seja um idiota e te machuque porque se eu ver você derramando uma lágrima por causa dele, eu corto o pau dele fora e ele nunca mais vai enfiar no meio das pernas de nenhuma mulher. — Demi fez careta e Kristen lhe mostrou língua. — Como foi no médico hoje? 

— Tudo certo, ele acha que o anticoncepcional está aumentando minha pressão, eu fiz alguns exames e deve ficar prontos semana que vem, caso seja isso mesmo eu vou passar em uma consulta com o ginecologista para encontrarmos um novo contraceptivo adequado para mim.

— Até lá se proteja e nada de sexo sem camisinha. — Demi assentiu revirando os olhos porque às vezes Kristen a tratava como uma criança. Alana adentrou na cozinha e franziu o cenho olhando para a mãe. 

— O que é camisinha? — Perguntou curiosa segurando Batman no colo que estava quietinho no colo da dona. 

— Não é nada, é assunto de adulto. — Demi disse cortando as bananas em pequenas rodelas e colocando-as no liquidificador. Alana revirou os olhos como a mãe e colocou Batman no chão que caminhou até a lavanderia onde ficava os potinhos de ração e água, Kristen pegou a sobrinha no colo e encheu o rosto da garotinha de beijinhos. 

— Eu amo você, bebê. 

— Ei, eu não sou bebê. — Kristen arqueou a sobrancelha e encarou Alana que estava séria encarando a tia com os bracinhos em volta do seu pescoço. — Eu já sou uma mocinha. — Falou sem desviar o olhar de Kristen que sorriu encantada com aquele jeitinho meigo e fofo. 

— Você vai ser sempre o meu bebê sapeca que deixava sua mãe de cabelo em pé enquanto corria pela casa como um furacão derrubando tudo. — Alana riu e beijou a bochecha da tia se sentindo amada. — Você era terrível, Lana. Amo você. — Falou abraçando a menina pela cintura. 

— Eu também você, tia.

— Eu estou com ciúmes. — Demi disse encarando as duas com a mão na cintura. Kristen mostrou a língua para ela e depois a puxou para um abraço em família. Demi se sentia tão abençoada por ter aquelas pessoas em sua vida e para que tudo ficasse ainda melhor só faltava Joseph ali.


CHICAGO 
16:00 HORAS DA TARDE. 

Não estava nos planos de Joseph, Bruce não estar em sua sala. Ele queria tanto afrontar o pai por tudo o que ele havia feito para sua mãe, a traição, ele ter outra família e tudo mais. Ele e Sophie haviam almoçado juntos em um restaurante ali perto do hospital e aproveitaram para passar em uma loja para que Joseph pudesse comprar o presente da filha, foi um passeio rápido e descontraído apenas para Sophie tentar aliviar a tensão que estava sentindo. Sophie estava sentada na sala de reunião do hospital  que ficava no último andar, ela havia solicitado a presença de todos os médicos responsável por cada setor, o chefe da pediatria, do ambulatório, do pronto socorro e afins... Joseph adentrou na sala com um copo d'água na mão e entregou para a mulher que estava visivelmente abalada e nervosa. 

Bruce adentrou na sala e parou assim que seu olhar encontrou com Joseph. Ele coçou a barba mal feita e se aproximou para cumprimentar Sophie e Sally com um aperto na mão, ofereceu suas condolências e puxou uma cadeira para sentar. — Joseph. — Ele disse encarando o filho com a sobrancelha arqueada. Logo em seguida George adentrou na sala de mãos dadas com Clarice. Joseph, George e Bruce se encararam por um breve momento enquanto Clarice abraçava Sophie e Sally. A tensão chegava a ser palpável de tão notável que estava. 

— Boa tarde à todos. — Sophie começou a dizer após se certificar que os médicos de todos os departamentos estavam ali. — Como vocês sabem o meu pai foi diretor desse hospital por trinta e cinco anos. Durante trinta e cinco anos ele dedicou a sua vida ao que ele mais gostava de fazer que era dedicar o seu tempo para cuidar da vida de outras pessoas, durante o legado do meu pai ele conquistou prêmios e reconhecimentos para esse hospital e eu quero que isso continue, eu quero honrar a memória dele. 

— Eu irei fazer isso muito bem, Soph. A memória do seu pai sempre será honrada e eu darei o meu melhor para continuar sendo um bom presidente para esse hospital. — Bruce disse atrapalhando o discurso de Sophie. Joseph revirou os olhos para o pai e Sophie sorriu fracamente. 

— Essa semana fizemos a abertura do testamento do meu pai onde ele deixou o seu último pedido e eu irei realiza-lo com muita alegria. — Sophie sorriu quando a mãe entrelaçou suas mãos e sorriu lhe passando apoio e força naquele momento tão difícil. — No testamento em que meu pai deixou, ele foi claro ao dizer que a partir do dia da abertura daquele testamento, eu seria a mais nova presidenta do hospital. — Era difícil dizer o que cada um naquela sala estava sentindo. Alguns sorriam emocionados, outros estavam confusos e outros surpresos. — Senhor Jonas, eu agradeço sua dedicação durante esses anos, mas a partir de agora eu irei assumir a presidência, assim como meu pai desejava. 

— Desculpa o comentário, mas você não tem experiência para isso Sophie. Você é uma psicóloga que está começando a carreira, ser presidente de um hospital exige anos de experiência. — Bruce disse sério encarando Sophie com a mandíbula trincada. — Seu pai não deveria estar no melhor estado quando tomou essa decisão. 

— Meu pai estava em perfeito estado quando a decisão foi tomada, Sr. Jonas. Inclusive o Sr. Lovato estava com ele durante a assinatura do testamento, pode nos contar como meu pai estava naquele dia, George? — Era uma lembrança distante, mas ao mesmo tempo viva em sua memória. Havia sido durante um almoço em família, Richard havia o chamado no escritório junto com seus dois irmãos e um advogado para serem testemunhas daquele testamento. 

— Seu pai estava em perfeito estado quando ditou as divisões de bens que estão naquele testamento, ele estava feliz e dizia que você seria uma ótima presidenta para o hospital. Ele acreditava em você, apesar de que naquela época você ainda estava se formando. 

— Como o Sr. Jonas disse eu não tenho a experiência necessária para esse cargo e por isso eu quero contar com a ajuda da Sra. Roberts, ela é chefe da ala de pediatria e trabalha nesse hospital há mais de quinze anos, meu pai sempre falou muito bem dela e por isso quero contar com a ajuda dela para essa nova jornada. Além da minha família que estará comigo nessa nova jornada, eu espero poder contar com a ajuda do Sr. Lovato também, além de um grande amigo do meu pai, tem o conhecimento que será de grande ajuda. 

— Você pode contar comigo para o que precisar, Sophie. — George sorriu. Ele amava aquele hospital e Richard era um homem muito sábio, se ele havia tomado aquela decisão era porque seria bom para o crescimento do hospital e ele faria tudo o que pudesse para contribuir no crescimento. Sally sorriu e apertou a mão de George como agradecimento pelo apoio. 

— Bruce, eu agradeço o seu esforço e dedicação durante esses anos em que você ficou na presidência, mas o meu pai sabia o que seria melhor para o hospital e se ele acha que o melhor é eu ficar na presidência, eu irei honrar a vontade dele. Você voltará para o cargo de médico geral. 

— Você vai afundar esse hospital. — Bruce disse com o tom de voz elevado. — Não é possível que eu sou o único que consigo ver a bagunça que esse hospital irá se tornar com essa criança no poder. — Falou indignado e saiu da sala batendo a porta com força, Joseph aproveitou que todos estavam conversando para seguir o pai. — Eu aposto que tem dedo seu nisso tudo, você voltou apenas para fazer a cabeça da garota contra mim. — Bruce disse assim que viu Joseph atrás dele. Ele se aproximou e empurrou Joe pelo ombro.

— Não, pai, pelo contrário. — Sorriu irônico. — Eu não precisei mover um dedo para que tudo isso acontecesse, você foi o único culpado de tudo. Você e a sua ganância. Você destruiu a nossa família, você traiu a minha mãe e me manipulou para fazer suas vontades, você cavou a sua própria cova. Você é uma pessoa desprezível e vai acabar sozinho, eu não dou muito tempo para sua amante descobrir o cara horrível que você é e meter o pé na sua bunda. Eu agradeço á Deus por livrar a minha mãe de um cara nojento como você. — Bruce acertou o soco no maxilar de Joseph o fazendo cambalear para trás e bater as costas na parede fazendo um barulho alto. 

— Seu moleque, eu sempre te dei tudo, nunca deixei faltar nada. Você e a sua mãe são dois mal agradecidos, tudo o que vocês conquistaram foi graças a mim, vocês deveriam beijar os meus pés e me agradecer. 

— Você é um velho doente, ganancioso que precisa se tratar. — Bruce puxou Joseph pela gola da camisa e quando estava pronto para lhe dar mais um soco, ele foi empurrado por George. 

— Solta o garoto. — George o puxando pelo braço para longe de Joe. Bruce ainda tentou se desvencilhar, porém dois médicos estavam ajudando George a segura-lo, ele respirou fundo e encarou Joseph com a mandíbula trincada e a raiva no olhar dele era visível.

— As coisas não vão ficar assim, Joseph! Você vai me pagar por tudo o que está fazendo. — Seu pai só podia ser um doente. Não tinha outra explicação. Bruce se soltou bruscamente e saiu caminhando apressado para o elevador, Sophie se aproximou de Joseph para verificar se ele estava bem.

— Eu estou bem, Soph. Não precisa se preocupar. — Sorriu gentilmente para Sophie e passou a mão pelo local aonde havia sido atingido. — Eu vou estar esperando por vocês no estacionamento. — Disse e saiu sem dar chances para Sophie responder.


LOS ANGELES
APARTAMENTO DA DEMI

Demi estava sentada na mesa de jantar ao lado de Alana. Ela estava ajudando a filha na lição de casa antes de ir para o veterinário buscar Lucky. Alana estava concentrada nas continhas de matemática e Demi explicava para a filha como funcionava. — Você entendeu? — Perguntou após explicar, Alana fez careta e assentiu. — Tudo bem, tenta resolver esse e qualquer coisa me chama. — Disse ao sentir o celular vibrar no bolso traseiro do jeans, ela pegou o celular e sorriu ao ver o nome de Joseph brilhar na tela. — Oi, querido. — Demi se sentou no sofá e cruzou as pernas para ficar mais confortável.

— Oi, amor. — Joseph sorriu ao ouvir a voz doce e calma dela. Ele estava sentando no banco do motorista do carro, dentro do estacionamento do hospital. — Você está bem? — Ele não queria preocupá-la, deixaria para contar tudo o que aconteceu quando estivesse em casa. 

— Estou bem e você? Como estão as coisas por aí? 

— Eu estou melhor agora falando com você. — Suspirou. — As coisas por aqui estão difíceis, eu estou indo embora amanhã, vou comprar a passagem assim que chegar no hotel. Estou com saudades de vocês. 

— Nós também estamos com saudades. — Demi sorriu encarando o teto e mordeu o lábio inferior, ela estava tão apaixonada que chegava a ser estúpido. Não via a hora dele voltar para casa para poder matar a saudade do jeito que queria. — O que aconteceu? Parece que você está chateado com alguma coisa. 

— Não quero que você fique preocupada, linda. Quando eu chegar conversamos sobre tudo, eu tenho uma surpresa para você. — Falou para mudar de assunto porque não queria entrar em detalhes da briga naquele momento. Demi sorriu e franziu o cenho imaginando o que poderia ser aquela surpresa. 

— Você não deveria ter falado isso, você sabe como eu sou curiosa e eu não vou sossegar enquanto você não me dizer o que é. — Alana franziu o cenho olhando para a mãe que tinha um enorme sorriso no rosto. A pequena levantou da cadeira e foi até ela. 

— Com quem a senhora está falando, mamãe? — Se Demi era curiosa, Alana conseguia ser duas vezes mais. Demi se assustou e encarou a filha com um sorriso, ela estava tão envolvida na conversa com Joseph que nem havia notado a presença de Alana na sala. 

— Com seu pai, querida. 

— Eu quero falar com ele também. — Alana disse pulando em cima do sofá. Demi tirou o celular da orelha e colocou no viva-voz para a filha participar da conversa com eles. — Papai eu estou com muita saudades, volta logo. A mamãe estava com um sorriso bem grandão no rosto porque estava falando com você. — Demi franziu o cenho e sentiu as bochechas corarem porque ela nem havia notado que sorria enquanto falava com Joseph. 

— Oi meu amor, eu também estou com muita saudades e amanhã mesmo eu estou voltando para matarmos a saudade, comer muitas pizzas e fazer maratona de todos os filmes da Barbie. 

— Eu não vejo a hora. — Alana falou sorridente enquanto pulava no sofá. — A mamãe deixou eu fazer uma festa do pijama no sábado, eu convidei todas as minhas amigas da escola e do balé, vai ser muito divertido, vamos ficar acordadas até tarde. — Para Alana, ficar acordada até tarde era coisa de gente adulto. Demi fez careta ao imaginar a bagunça que ficaria no apartamento, elas haviam combinado apenas quatro amiguinhas. 

— Eu aposto que vai ser muito divertido, filha. 

— Quando você comprar a sua passagem, me avisa o horário do seu voo, eu vou te buscar no aeroporto. — Demi disse. — Alana, para de pular se não você vai cair. — Chamou a atenção da garotinha e voltou a prestar atenção no celular. 

— Não precisa se preocupar, linda. Pode ser que eu chegue de madrugada, não quero te incomodar. Hm, eu preciso ir agora, eu te ligo quando você chegar da faculdade, pode ser? 

—  Pode sim, querido. — Eles se despediram. Demi suspirou com um sorriso nos lábios e mandou Alana voltar a fazer a lição de casa quando percebeu que a filha estava tentando lhe enrolar para não fazer a lição.  — Se você não fizer a lição, você não vai buscar o Lucky comigo. — Demi disse indo até a cozinha pegar um copo de vitamina, depois que buscasse Lucky no veterinário iria para faculdade. 

— Batman, Lucky vai voltar para casa e o papai também. — Alana disse para o cachorrinho deitado no pé da cadeira. Ele levantou as orelhinhas e encarou Alana com curiosidade como se estivesse entendendo o que a menina dizia. O celular de Demi vibrou novamente e ela desbloqueou o aparelho para ler a mensagem, era Ryan avisando que tinha chegado. Ele iria com elas ao veterinário. 

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não finalizei da maneira que eu planejei, mas vai ter continuação... enfim, me digam o que acharam nos comentários. a demora se deu pelos mesmos motivos de sempre: faculdade. eu não aguento mais, só quero férias :( é isso meninas, eu volto assim que o próximo estiver pronto, estou tendo provas e finalizações de projetos/trabalhos então creio que vai demorar. 

respostas dos comentários aqui | até o próximo e obrigada por serem tão pacientes.