15/01/2021

16. Through The Storm


— Eu estou com medo. — Demi confessou segurando a mão da sogra fortemente. Elas estavam em uma sala de emergência. Demi já estava deitada em uma maca vestindo uma roupa de hospital, estavam apenas esperando pelo médico que iria atendê-las. — Eu estou com medo de perder o meu bebê. — Demi disse com a voz embargada ainda assustada com tudo o que estava acontecendo. — Eu não quero perdê-lo, eu nunca vou me perdoar se algo acontecer. — Kelly suspirou sentindo seu coração apertar. Estava nítido que Demi estava realmente assustada e mal com a situação, naquele momento não havia desavenças entre elas. 

— Querida, você precisa manter a calma e ter fé que vai dar tudo certo, eu estou aqui e não vou te deixar sozinha. Eu já liguei para Joseph, ele está a caminho. — Kelly disse levando a mão livre para tirar uma mecha do cabelo de Demi que estava em seu rosto. O médico bateu levemente na porta e adentrou na sala enquanto lia a ficha de Demi. 

— Com licença. — Ele sorriu ao ver que Demi estava acordada. — Desculpem a demora, eu sou o único médico obstetra atendendo hoje e precisei atender outra emergência. — Explicou verificando a prancheta em suas mãos. — Nós vamos fazer uma ultrassom para entender melhor o que está acontecendo, tudo bem? — Demi assentiu com a cabeça e observou o médico fazer todo o procedimento para dar início ao ultrassom. — Você chegou aqui com sangramento e dor abdominal, certo? — Demi assentiu novamente. — Pode me explicar como era esse sangramento? 

— Era muito vermelho, vermelho bem escuro... eu perdi o meu bebê? — Perguntou olhando para a tela ao seu lado. 

— Estão vendo esse hematoma? — O médico perguntou apontando com o dedo no canto da tela. — Ele indica que houve um descolamento ovular. Isso acontece quando o óvulo fecundado desloca da parede do útero e acaba causando um acúmulo de sangue entre a placenta e o útero. Você ainda não perdeu o seu bebê, mas tem uma chance grande de perdê-lo porque o hematoma já toma quase cinquenta por cento do seu saco gestacional. Geralmente esse hematoma regride e desaparece sozinho, mas para isso nós vamos precisar de repouso absoluto. Você precisa ingerir cerca de dois litros de água por dia, não ficar muito tempo de pé, sempre ficar deitada ou sentada com as pernas mais elevadas, nada de esforços físicos e contatos íntimos. Eu iriei receitar um remédio hormonal para ajudar no tratamento. Para garantir, nós vamos mantê-la essa noite aqui, se estiver tudo ok, amanhã eu te dou alta, caso contrário você precisará ficar internada para conseguirmos garantir a sua saúde e a do seu bebê. Eu vou pedir alguns exames para darmos inicio ao seu pré-natal. Você está com quatro semanas de gravidez... indo para a quinta semana. — Demi assentiu sorrindo olhando para a tela. — Aqui está o seu bebê, Demetria. Ele ainda está parecendo um pequeno camarão, mas já conseguimos ver a cabecinha. — Kelly olhou para Demi e sorriu ao ver que ela chorava emocionada. — Vocês tem alguma dúvida?

— Por enquanto nenhuma doutor, eu vou me certificar que ela não faça nenhum esforço físico. — Kelly disse sorrindo. 

— Vou pedir para uma enfermeira vir ajuda-la a se limpar e te encaminhar para um quarto, passo aqui mais tarde para saber se está tudo bem. — Demi agradeceu e o médico saiu da sala, não demorou muito para uma moça simpática entrar na sala para auxiliar Demi em tudo o que ela precisasse. Minutos mais tarde, Demi já estava adormecida em um quarto, havia sido um dia cansativo e ela precisava descansar para manter a segurança do bebê.

Joseph adentrou na sala, cumprimentou a mãe com um breve abraço, lhe deu um beijo carinhoso na testa e olhou para a esposa. O rosto sereno e a respiração estava tão calma, ela era tão linda. Joe beijou cuidadosamente a testa dela e entrelaçou suas mãos quando as lágrimas invadiram seus olhos.  Ele jamais se perdoaria se algo acontecesse com ela. O coração ainda estava agitado como quando recebeu a ligação da mãe dizendo que Demi estava no hospital, nunca havia sentindo tanto medo na sua vida. — O que aconteceu? — Perguntou para a mãe. 

 — Ela me ligou chorando dizendo que estava perdendo o bebê, o médico fez uma ultrassom e disse que ela tem um descolamento ovular, ele disse que o hematoma já toma parte de quase cinquenta por cento do saco gestacional dela e que corre o risco dela perder o bebê, não há muito o que fazer, ela precisa de repouso total, beber muita água e o médico vai receitar um remédio para ajudar, ele disse que geralmente que esse hematoma some sozinho com o tempo. 

— Isso é tudo culpa minha, se eu não tivesse agido como um amargurado, nada disso estaria acontecendo. — Joe disse respirando fundo. Se algo acontecesse com o bebê ou com Demi ele nunca se perdoaria, ele deveria estar cuidando dela e do bebê e não dando motivos para dor de cabeça.

— Não é culpa sua, não tinha como prever algo assim, filho. — Kelly falou tentando confortar o filho. Ele a amava com todo o seu coração e doía sua alma vê-la naquele estado. Joe respirou fundo e encarou o teto da sala enquanto as lágrimas desciam pelas bochechas. Nunca mais deixaria o relacionamento chegar aquele ponto, seria mais paciente, aprenderia a ouvir o lado dela, a colocaria sempre em primeiro lugar, ele se tornaria um marido melhor e tudo o que Demi queria que ele fosse, só não queria que nada acontecesse com ela.

— Eu amo você e se eu pudesse tiraria tudo de ruim que você está sentindo e passaria para mim. — Joe disse suspirando, ele deu um beijo carinhoso na testa da esposa e agradeceu mentalmente pela vida dela. 

— Eu estou indo para casa, preciso tomar um banho. Se você quiser eu posso passar na casa de vocês para dar comida para os cachorros e pegar uma troca de roupa para Demi.

— Obrigada, mãe. Eu vou ficar aqui com ela. 

— Você não quer descer para comer alguma coisa? Ou eu posso trazer algo da rua para você, a Demi só vai ter alta amanhã, não é bom você ficar esse tempo sem comer. 

— Estou bem, não precisa se preocupar comigo. Só liga para Alana e avisa que amanhã eu ligo para conversar com ela, não conta nada do que aconteceu aqui para não estragar a viagem deles. — Kelly assentiu de forma compreensiva e se despediu do filho com um abraço. Joe sentou-se na poltrona que havia ao lado da cama que Demi estava deitada e entrelaçou suas mãos.

O céu nublado deu lugar para um céu escuro e cheio de estrelas. O médico havia passado no quarto uma vez para perguntar se estava tudo bem e Joe não saiu dali nenhum momento, apenas levantou para fechar as janelas do quarto por causa do vento frio, sua mãe havia passado para deixar as roupas e um lanche natural que ela havia comprado no caminho e depois voltou para a casa. 

Demi abriu os olhos piscando algumas vezes para tentar se acostumar com a claridade do quarto. Ela suspirou e olhou para o lado. Joe sorriu levemente e levantou, se aproximando dela. — Oi, você está sentindo alguma dor? — Perguntou tocando a testa dela gentilmente. 

— Eu estou com fome. — Demi disse suspirando, ela estava praticamente o dia inteiro sem se alimentar. 

— Eu vou chamar a enfermeira e ver o que você pode comer, eu já volto. — Deu um beijo na testa dela e saiu para chamar alguma enfermeira. Quase vinte minutos depois, Joe adentrou na sala com um prato de sopa com legumes e um copo de suco de uva. 

— Faz tempo que você chegou? — Demi perguntou o olhando.

— Eu cheguei poucos minutos depois do médico te examinar, minha mãe explicou o que aconteceu. Me desculpa por não ter atendido o celular, eu estava tomando banho e não vi o meu celular tocar. Como você está se sentindo? 

— Eu ainda estou um pouco assustada. — Confessou dando uma colherada na sopa. — Eu... eu não sei o que aconteceria se a sua mãe não tivesse atendido o telefone, eu senti muito medo de que algo acontecesse com o bebê, eu não sabia que o queria tanto como eu o quero, eu acho que só estava assustada com a notícia inesperada e com tudo o que está acontecendo entre a gente. 

— Calma. — Joe disse quando Demi começou a falar rápido demais. Ele se aproximou e a beijou na bochecha, ele arrumou um cantinho e sentou ao lado dela. — Nós vamos resolver essa situação juntos, eu vou estar ao seu lado para tudo o que você precisar, você não está sozinha e nunca vai estar. — Era reconfortante ouvir aquilo, saber que ele estaria ao lado dela passando por aquela fase difícil, tudo o que ela mais precisava era de um pouco de paz. Demi assentiu com a cabeça e tratou de terminar sua refeição, a sopa não era uma das melhores, mas como estava faminta, comeu sem reclamar. 

A parte ruim de estar acordada era que a cabeça não parava de trabalhar nem por um segundo. Pensar no que havia acontecido mais cedo na sala de café com Nicholas lhe causava vergonha, ela sabia sobre as intenções dele e poderia ter se afastado, poderia ter feito algo antes de deixar que a situação chegasse naquele nível. Agora estava envergonhada e desempregada porque não chegaria mais perto daquela empresa. As lágrimas começaram a descer pelas bochechas sem que Demi nem mesmo percebesse. 

— Ei, vai ficar tudo bem. Você é uma mulher forte e nós vamos conseguir passar por isso juntos. — Joe disse a abraçando-a. Demi assentiu com a cabeça encostada no peito dele, estava chorando por tudo o que estava acontecendo em sua vida. Estava tudo errado, não era para as coisas estarem daquela maneira, como ela havia deixado sua vida chegar aquele ponto? Era para ser uma gravidez saudável e feliz.

— Eu senti tanto medo quando eu vi aquele sangue... e quando você não atendeu o telefone, eu pensei que estava me ignorando de proposito por tudo o que aconteceu... eu acho que Deus está me castigando por todas as vezes que eu disse que não queria ter esse filho e... e... se eu perdê-lo, eu nunca vou me perdoar. — Falou entre soluços. O choro dela era de quebrar o coração de qualquer pessoa, estava mais do que claro o cansaço emocional que Demi estava sentindo. 

— Tudo acontece por um motivo, não vamos nos precipitar... só o tempo vai nos dizer o que vai acontecer. Eu sei que não estamos num dos nossos melhores momentos, mas você nunca vai estar sozinha, eu nunca vou soltar a sua mão independente do que aconteça. Eu amo você e um dia prometi que estaria ao seu lado até o fim de nossas vidas e eu vou cumprir a minha promessa. Eu sei que você vai se esforçar para que esse bebê fique seguro até ele completar dezoito anos e decidir sair de casa. — Demi suspirou e fechou os olhos sentindo os dedos de Joe lhe fazendo carinho no braço, o coração dela se acalmou e ela sentiu aquela sensação de segurança que só sentia quando estava com ele. Tudo estava errado entre eles, mas naquele momento nada daquilo importava, não existia brigas e desentendimentos, apenas duas pessoas que se amavam. 

Demi fechou os olhos e puxou os braços de Joe para que ele lhe abraçasse pela cintura. Ela sorriu quando Joe enfiou o rosto no pescoço dela, enchendo-a de beijos naquela região. Tinha coisa melhor do que ficar deitada ao lado dele sentindo todo amor e carinho que Joseph tinha para lhe dar? Demi acariciou o cabelo da nuca dele e entrelaçou suas pernas. — Você ligou para Alana? — Perguntou pensando na filha que estava de férias em Orlando. Havia prometido que ligaria todos os dias, mas com a correria não havia dado tempo.

— Ainda não, pedi para minha mãe ligar e avisar que está tudo bem e que amanhã nós entramos em contato, eu pedi para minha mãe não contar nada do que aconteceu hoje para não deixa-los preocupados e estregar as férias deles. 

— Joe, eu... eu não quero contar sobre a gravidez para ninguém, pelo menos não até termos certeza que vai ficar tudo bem. Eu não quero me antecipar, contar para todos e depois perdê-lo, eu não vou aguentar passar por isso e todos os olhares de pena. 

— Tudo bem, faremos do jeito que você preferir. — Joe disse entrelaçando suas mãos, dando um beijo em seguida. — Minha mãe trouxe algumas roupas para você, e disse que se precisar de alguma coisa é só ligar. 

— Eu estou bem, só quero ficar quietinha aqui com você. — Confessou aconchegada no abraço dele. Fazia tanto tempo que não ficavam daquela maneira, era tão bom, havia sentido tanta falta dele, sabia que os problemas não haviam desaparecido, mas era bom saber que de alguma maneira eles ficariam bem. — Sua mãe me ajudou muito hoje, segurou minha mão em todo momento e não me deixou sozinha. 

— Ela ficou bem preocupada com você. 

— Não me esqueça de agradecê-la por hoje. — Joe assentiu com a cabeça. O silêncio se instalou entre eles, mas de tão confortável que estavam, Demi acabou adormecendo novamente, estava cansada do dia cheio que havia tido. Joe ficou com os olhos bem abertos durante algumas horas, pegou o celular do bolso e respondeu algumas mensagens pendentes, olhou algumas redes sociais e até assistiu alguns episódios de Naruto. Quando o sono finalmente chegou, ele acomodou-se melhor na cama, puxou a coberta para cobrir melhor a esposa e deixou-se levar pelo sono.

Quando amanheceu, Joe foi o primeiro a acordar. Ele se espreguiçou a sentiu as costas doerem pela noite que dormiu de mal jeito para conseguir deixar Demi o mais confortável possível, foi até o banheiro, fez sua higiene matinal e passou no refeitório para comprar um café da manhã para ele e Demi. — Bom dia. — Disse ao adentrar no quarto e ver que Demi já estava acordada. Ele se aproximou dando um beijo na testa dela e colocou a bandeja com o café da manhã em cima da cama. — Como está se sentindo? 

— Estou bem, dormi tão profundamente que não vi ou ouvi nada. E você? — Perguntou dando uma mordida na torrada. 

— Eu demorei um pouco para dormir, a enfermeira passou algumas vezes para verificar se estava tudo bem com a sua saúde. O médico disse que passará aqui em trinta minutos, ele disse que marcou seus exames para agora de manhã e que se estiver tudo bem, você vai receber alta antes do almoço. — Demi assentiu sorrindo, tudo o que ela mais queria era o conforto da sua casa. — Kristen mandou mensagem, ela está preocupada e disse que vem te ver. — O médico adentrou na sala com uma enfermeira ao lado e sorriu para eles. Conversou brevemente com Demi, fez algumas perguntas, mediu a pressão e verificou se estava tudo bem. 

Depois que terminou de tomar seu café da manhã e fazer sua higiene matinal, Demi foi para a sala aonde realizaria os primeiros exames da gravidez. Como eram muitos exames, demorou cerca de uma hora para que todos os exames pedidos pelo médico fossem feitos, quando terminou, Demi voltou para o quarto aonde estava ficando. — Eu falei com Alana no telefone. — Joe disse sorrindo. — Ela disse que hoje vai para os parques da universal, disse que está ansiosa para visitar o parque de Harry Potter e que vai trazer muitos presentes. 

— Até nisso vocês são parecidos. — Demi falou rindo porque a personalidade de Alana era toda de Joseph, até os gostos eram parecidos e quando eles foram visitar os parques pela primeira vez, Joe havia ficado encantado com o universo de Harry Potter. — Eu estou com saudade da minha bebê. 

— Eu também, mas logo ela está de volta. Ela vai ficar tão feliz quando souber que vai ganhar um irmãozinho. — Joe disse se aproximando, ele entrelaçou sua mão com a mão de Demi e a mesma levou as mãos entrelaçadas até sua barriga. Eles se entreolharam sorrindo e Joe não conseguiu conter a emoção que estava sentindo naquele momento, as lágrimas desceram pelas bochechas e ele suspirou profundamente. Era uma mistura de sentimentos, estava feliz por Demi estar bem e querer ter aquele filho, mas só de pensar que existia a possibilidade de perdê-lo o medo lhe apavorava, mas precisava ser forte por ele e Demi. 

— Vem aqui. — Demi o chamou abrindo os braços o abraçando pelo pescoço enquanto sentia as lágrimas dele molharem seu ombro. — Nós vamos passar por essa tempestade juntos, eu amo você com todo meu coração e sei que de alguma forma vamos ficar bem, nós sempre ficamos. — O coração até acelerava apenas de saber que eles estavam bem novamente, sabia que tinham muito para conversar, mas ter o apoio dele já era um grande avanço. — Eu amo você, amo você. — Demi disse distribuindo vários beijinhos pelo pescoço e bochechas, ela segurou o rosto dele com as duas mãos, sorriu e juntou os lábios num beijo gentil.

— Eu também amo você, Demi. — Joe falou entre o beijo. Ele sorriu e aprofundou o beijo fazendo as línguas se tocarem. Era um beijo intenso e cheio de intenções porque fazia dias que não tinham aquele tipo de aproximação, porém estavam num hospital e a qualquer momento poderia entrar alguém, por isso Joe separou o beijo com um selinho demorado. — Te amo. — Lhe deu mais um selinho e sorriu se afastando. 

— Com licença. — O médico sorriu para eles e adentrou na sala. — Eu já peguei os resultados dos seus exames, Demetria. — Ele explicou tudo nos mínimos detalhes, o bebê estava no peso ideal e Demi estava livre de qualquer doença que poderia passar para o bebê, orientou o repouso absoluto para que ela conseguisse levar a gravidez até o final. Por conta da sua condição, ela precisaria ir até o hospital duas vezes no mês e ficar de olho caso ocorresse algo fora do comum como sangramento ou dores. Depois de todas as recomendações e orientações, o doutor liberou Demi para ir para casa. 

— Eu mandei uma mensagem avisando para Kristen que você está em casa, ela disse que vai passar aqui mais tarde e eu vou aproveitar para ir no mercado comprar algumas coisas. — Os cachorros corriam de um lado para o outro animados por terem os donos em casa novamente, o pequeno Batman e Lucky pulavam nos donos pedindo carinho. — Minha mãe deixou o almoço pronto. 

— Eu vou tomar um banho primeiro. — Demi falou enquanto acariciava os pelos de Batman que lambia sua mão. 

— Precisa de ajuda? — Joe perguntou a seguindo para o andar de cima. 

— Não, qualquer coisa fora do comum eu chamo. — Ele assentiu e observou a esposa adentrar no banheiro. Joe aproveitou e separou um pijama de frio para ela vestir, deixou num canto em cima da cama e desceu para esquentar o almoço e servi-la. Joe subiu as escadas minutos depois com uma bandeja nas mãos, ele sorriu ao encontrar a esposa sentada na cama penteando o cabelo.

— Eu trouxe o almoço. — Disse repousando a bandeja em cima da cama. — Tem muitos legumes e verduras para você ficar forte e saudável. — Demi sorriu e agradeceu com um breve selinho. 

— Você não vai almoçar? 

— Eu não estou com fome, vou no mercado primeiro e quando chegar como alguma coisa. — Demi assentiu desviando o olhar para o prato de comida quando o pensamento lhe lembrou do que havia acontecido na tarde anterior com Nicholas. A primeira lágrima desceu pela bochecha e Joe franziu o cenho. 

— Ei, o que foi? — Perguntou preocupado. 

— A gente precisa conversar. — Disse séria, ela não aguentaria conviver com aquela vergonha que estava sentindo, precisava tirar aquilo do peito. Eles precisavam conversar sobre tudo o que havia acontecido entre eles, precisavam estar na mesma página e quanto mais cedo resolvessem aquelas pendências, mais rápido eles poderiam seguir a vida e pensar no futuro que os aguardavam. 

— Você quer mesmo ter essa conversa agora? 

— Eu quero. Aconteceu algo e eu preciso que você saiba, eu não vou me importar se você jogar na minha cara que estava certo... se eu soubesse que ele era daquele jeito eu nunca teria aceitado aquele maldito emprego. — Demi falou rápido demais com as lágrimas descendo pelas bochechas. 

— Demi, você está me assustando. — Joe a olhou com o cenho franzido, um pouco assustado... ele segurou a mão dela e beijou-a carinhosamente. 

— No dia que Nicholas me ofereceu essa vaga, nós nos encontramos para jantar, eu, ele e outro representante da empresa. Foi uma conversa formal, conversamos sobre negócios e foi agradável... na noite da festa de confraternização do seu tio, ele marcou outro jantar apenas nós dois, tudo ocorreu tranquilo... porém quando chegamos no estacionamento do restaurante, ele tentou me beijar, eu não deixei, disse que era casada e vim embora. Eu deveria ter sido mais clara naquela noite, mas eu deixei passar, ele me pediu desculpas depois e colocou a culpa no vinho. — De alguma maneira, Joe sentia que não iria gostar nada do final daquela história. Não havia ido com a cara daquele homem desde que eles haviam se encontrado na praça de alimentação do shopping. — Você deve saber que eu e Jack conversamos na padaria algumas semanas atrás... — Joe assentiu com a cabeça. — Depois que nós conversamos, eu fui dar uma volta no parque e encontrei Nicholas por lá... eu estava confusa, estava chateada e acabei desabafando com ele. Nicholas me aconselhou e tentou me beijar de novo, dessa vez eu expliquei para ele que eu amava você e que o melhor era manter nossa relação profissional. 

— Demi... — Joe falou receoso, ele tinha medo de onde toda aquela história iria parar. 

— Por favor, só me escuta. — Pediu limpando as lágrimas. — Ontem quando sai de casa, eu fui assinar  o contrato... me encontrei com ele na empresa, ele me ajudou a assinar os papéis, me apresentou o pessoal e me levou para conhecer toda a empresa. A gente parou em uma salinha de café, estávamos conversando e ele estava cada vez mais próximo de mim, quando eu percebi, eu disse que precisava ir embora e levantei para jogar o copo de café no lixo... só que... — As lágrimas desceram com mais intensidade. — Nicholas me encostou na parede, ele disse que eu era linda e que não conseguia parar de pensar em como queria me beijar... ele tentou me beijar, mas eu virei o rosto. Eu disse que não, pedi desculpas se eu dei a entender que queria algo com ele, eu juro que... que eu tentei empurra-lo, eu tentei reagir, mas ele era muito mais forte que eu. Ele disse que ninguém precisava saber, que eu devia isso a ele por ele ter me colocado na empresa, disse que eu era linda demais para fazer papel de corna e beijou o meu pescoço. Eu sinto muito Joe, eu entendo se você ficar com raiva de mim, eu deveria ter sido mais clara, deveria ter cortado desde o começo, eu só não imaginava que iria acontecer uma situação assim. Eu estou muito envergonhada.

— Eu vou acabar com a raça daquele desgraçado. — Disse levantando da cama com os punhos fechados, o rosto estava vermelho de raiva e tudo o que passava em sua mente era o prazer que iria sentir quando deixasse Nicholas roxo. — Ele te machucou? 

— Não, eu o empurrei e sai de lá... eu deveria ter te escutado, eu sei que você me avisou, mas eu nunca o vi como uma ameaça, se eu pudesse voltar no tempo, eu nunca teria aceitado aquele maldito emprego e nada disso estaria acontecendo com a gente. Eu acho que o estresse foi tão grande que quando eu estava no carro voltando para casa, comecei a sentir algumas dores na barriga.

— Ei, para de se culpar, você não tem culpa dele ser um doente desgraçado. — Joe respirou fundo e sentou na cama novamente, a abraçando-a. Demi deitou a cabeça no ombro dele e deixou as lágrimas descerem liberando toda a frustração. — Aquele desgraçado nunca mais vai chegar perto de você. — O som da campainha ecoou pela casa e Joe separou o abraço após beija-la na bochecha. — Eu acho que é Kristen, vou atender. — Demi assentiu e o observou sair do quarto. Joe desceu as escadas rapidamente, pegou a chave do carro e abriu a porta dando de cara com Kristen. — Demi está lá em cima, cuida dela para mim, ela não pode fazer esforço físicos e nem ficar de pé por muito tempo, eu tenho um problema para resolver. — Disse sem dar explicações e saiu caminhando em direção ao carro.

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boa noite, como vocês estão?

espero que vocês gostem do capítulo, eu acho que reli tantas vezes que acabei enjoando... me digam a opinião de vocês nos comentários. vou começar a escrever o próximo agora, espero que a inspiração colabore comigo. 

respostas dos comentários aqui | até o próximo.