20/12/2020

15. Losing Grip

revisei por cima, ignorem qualquer errinho 

— Por que ele fez isso? — Demi perguntou sentada no sofá da sala. Haviam chegado em casa há dez minutos e ela estava frustrada, irritada e chateada porque não esperava uma atitude daquela vindo de Joseph. Enquanto estava cogitando se desculpar e pedir para voltarem a ser uma família, Joseph estava se divertindo com outras mulheres em um bar cheio de homens solteiros que com certeza o induziram a trai-la. — Eu devo ser muito trouxa para estar passando por isso pela segunda vez

— Demi, calma... é só uma foto. — Selena falou tentando amenizar a situação. Um homem casado não deveria estar tirando foto com duas mulheres peitudas ao lado claramente se insinuando para ele, era uma tremenda falta de respeito com a esposa, mas cada história tinha dois lados e ela não queria julga-lo sem saber a versão dele. — Quando ele chegar, você pede uma explicação, não toma nenhuma decisão de cabeça quente. 

— Eu já tomei a minha decisão, eu não vou me passar de corna na frente de todos outra vez. Eu espero que Joseph só pise os pés aqui para buscar o restante das coisas dele. Eu quero que ele vá se ferrar. — No mesmo instante a campainha tocou, Selena suspirou e caminhou até a porta para abri-la. A confusão com certeza estava armada, Kristen estava segurando Joseph pela cintura e Stella estava ao lado com o capacete dele nas mãos. 

— Encontramos ele em um bar. — Falou e Selena deu espaço para eles adentrarem. Joseph cambaleou um pouco para o lado e suspirou quando encarou Demi. Mesmo estando um pouco fora de si, o olhar dele sobre ela era de culpa. Não que ele tivesse ficado com outra mulher, mas nunca deveria ter se deixado levar pela raiva, nunca deveria ter ido aquele bar. 

— Eu não o quero aqui, leve-o para a casa da mãe dele ou deixe-o na rua. Eu não me importo. — Demi falou séria desviando o olhar para o chão. O coração estava quebrado só de pensar nas coisas que Joe havia feito naquele bar. Ela não era uma santa, havia errado muito, mas nunca faria aquilo com ele, por que ele tinha que ser tão cruel com ela? 

— Eu... eu não... não fiz nada do que você está pensando, Demi. — Joe disse sentando no canto do sofá. A cabeça doía e ele se sentia tão culpado. — Eu não traí você, nunca faria isso. 

— Você estava na porra de um bar com um monte de vadias e os seus amigos idiotas, você acha que eu não sei o que eles dizem de mim para você? Eu cheguei no meu limite, para mim não dá mais, enquanto você estava lá fodendo alguma vagabunda, eu estava pensando em como concertar as coisas entre nós, eu sou uma idiota mesmo. Eu cheguei no meu limite, estou cansada, esgotada... a gente não tem mais concerto. 

— Eu não fiquei com mulher nenhuma, eu... eu juro. Eu estava irritado com você porque você queria acabar com o meu maior sonho, eu sai para esfriar a cabeça e acabei bebendo mais do que deveria, mas eu não encostei em mulher nenhuma, algumas tentaram, mas eu não quis... por... porque eu amo você e nunca faria isso com você.

— Oh, coitadinho dele, rejeitou um beijo de uma gostosa no bar, ah, me poupe, Joseph!. — Demi debochou, ela estava com tanta raiva que não estava medindo suas palavras, estava magoada e machucada. — Você acha que isso faz eu me sentir melhor? Você me fez passar de palhaça, eu estou me sentindo traída e nada do que você disser vai fazer isso mudar. 

— Você quer falar sobre estar machucada? E como você acha que eu estou depois que você simplesmente decidiu que quer abortar o nosso filho? Eu sempre deixei claro que meu sonho era ter outro filho, você sempre soube disso, mas pisou em cima do meu sonho apenas porque está com medinho de perder a porra de um maldito emprego. Você está se sentindo traída? E como você acha que eu me senti depois que você me disse que aquele desgraçado do Nicholas tentou te beijar? Você apenas está provando do próprio veneno. Madison estava se insinuando para mim sim, eu tive a oportunidade de te trair, mas não fiz. 

— Sabe, Joseph? Eu deveria ter escutado seu pai anos atrás quando ele me disse que você me trairia com a primeira mulher que abrisse as pernas para você, no fundo ele tinha razão, você é igualzinho o seu pai. 

— NÃO ME COMPARA COM AQUELE CARA. — Joseph gritou extremamente irritado e Stella entrou na frente dele, não que ele avançaria sobre Demi, mas porque os ânimos estavam exaltados e era melhor prevenir. 

— Eu quero que você vá para o inferno, Joseph. — Demi falou e indo em direção ao quarto, ela bateu a porta com extrema força e foi possível ouvir quando ela jogou o porta retrato de vidro que se quebrou em vários pedaços. Kristen xingou Joe e subiu as escadas rapidamente, abrindo a porta do quarto. — Por que ele fez isso comigo, Kristen? — Demi perguntou sentada no chão perto da cama.

— Eu não sei, meu amor. — Kristen suspirou e sentou ao lado dela, puxando para um abraço. — Eu não quero piorar a situação, e não sei realmente o contexto da coisa ou que estava acontecendo no momento, mas eu não vou te esconder nada porque você é a minha melhor amiga e se fosse comigo, eu gostaria de saber... — Demi franziu o cenho e encarou a amiga atentamente. — Quando eu cheguei no bar, Madison estava segurando a mão dele, mas eu não sei o que estava acontecendo.

— Está mais do que claro o que estava acontecendo, Kristen. — Demi disse pegando o celular, ela abriu o Instagram e mostrou a foto aonde Madison estava com uma perna entre as pernas de Joseph. — É óbvio que algo estava acontecendo aqui, essa garota só estava esperando o momento certo e ele como é um otário caiu direitinho, depois eu sou a paranoica, a louca que está vendo coisas aonde não existe.

— Eu juro que quis mata-lo quando o vi ali, ele deveria ter tido mais consideração por você por mais chateado e bravo que ele estivesse, não é errado ele sair para beber com os amigos, mas tudo tem um limite e Joe não deveria ter permitido esse tipo de aproximação com essas mulheres. Eu só peço que não tome nenhuma decisão de cabeça quente e ele está bêbado, tudo o que ele disse foi da boca para fora. 

— Eu estou cansada, Kristen. Nosso relacionamento nos últimos meses era como uma bomba relógio prestes a explodir, cada mancada que eu ou ele dava, era um minuto a menos, e hoje os minutos acabaram e a bomba explodiu. Eu acho que não tem mais volta, eu me sinto perdida, não sei quem eu sou, não sei o que eu quero, não sei o que fazer. — Suspirou voltando a chorar nos braços da amiga, ela estava tão triste. Kristen limpou a lágrima que desceu pela sua bochecha, era muito triste ver a melhor amiga naquela situação. 

— Independente de qualquer coisa, eu estarei aqui para o que você precisar, eu sempre vou te apoiar e cuidar de você, você nunca, nunca, nunca vai estar sozinha, o.k? — Demi assentiu e Kristen tirou uma mecha do cabelo do rosto, colocando atrás da orelha. — Eu odeio ver você assim. 

— Eu acho que preciso de um tempo longe de toda essa bagunça, eu posso aproveitar que Alana está viajando e comprar uma passagem para outra cidade, passar um tempo longe daqui, só eu e a minha mente. Eu preciso me reencontrar, entender melhor o que eu realmente quero para minha vida. 

— Isso te faria muito bem, de verdade. Você precisa de um tempo para si, para colocar os pensamentos em ordem. Você pode ir para Santa Monica ou Venice. — Demi assentiu pensando na possibilidade. A porta foi aberta e Stella adentrou segurando um copo de água. 

— Eu trouxe água com açúcar. — Falou entregando o copo para Demi. — Eu sinto muito por tudo o que está acontecendo, Dem. Saiba que pode contar comigo sempre. — Demi sorriu agradecida quando Stella segurou sua mão como uma forma de demonstrar apoio. Era bom saber que tinha o apoio das pessoas que amava naquele momento. — Joseph dormiu no sofá, ele também está mal e chorou enquanto dizia que te amava. 

— Se você quiser a gente pode dormir aqui com você. — Kristen disse puxando a amiga para um abraço apertado e depois beijou-a carinhosamente na bochecha. 

— Não precisa, Selena está aqui e não vai me deixar fazer nenhuma besteira. — Falou bocejando. Ela com certeza dormiria facilmente, estava cansada e por conta da gravidez tinha certeza que não ficaria a noite toda acordada pensando no que havia acontecido. — Se vocês quiserem ir para casa, podem ir. E me desculpem pelo idiota ter estragado a tarde de vocês. 

— Nós já vamos, mas qualquer coisa me liga, amanhã eu passo aqui, ok? — Demi assentiu e se despediu das amigas com uma abraço apertado. As garotas saíram do quarto fechando a porta e Demi deitou-se na cama puxando o cobertor para se cobrir. Ela não queria pensar em nada, não queria se perguntar o porquê, não queria pensar que talvez fosse culpa dela, não queria pensar no bebê que estava carregando e o que faria sobre tudo o que estava acontecendo. Demi apenas fechou os olhos e bloqueou qualquer tipo de pensamento, não demorou muito para adormecer. 

Dia seguinte...

Demi desceu as escadas cuidadosamente por conta do salto alto que estava calçando. Ela estava muito bem arrumada vestindo uma calça social preta, uma blusa de manga cumprida da mesma cor e um sobretudo caramelo. O cabelo preto estava solto e nas orelhas ela usava argolas de prata, a maquiagem estava perfeita e nos lábios um batom vermelho. Demi adentrou na cozinha e encontrou Joe sentado no balcão encarando a xícara de café. — Bom dia. — Ele era muito cara de pau mesmo. Demi nem mesmo o olhou, apenas pegou um iogurte na geladeira e saiu da cozinha. — Podemos conversar? — Joe perguntou indo atrás dela. 

— Não, eu não quero conversar com você agora, não quero conversar com você amanhã e não sei quando eu vou querer conversar com você de novo, apenas pegue as suas coisas e saía da minha casa. Quando eu voltar não quero mais você aqui. — Demi disse pegando as chaves do carro e a bolsa, ela o encarou friamente e caminhou até a garagem, adentrou em seu carro e deu partida rapidamente, sem dizer para onde iria. 

A música Daughters do cantor John Mayer tocava baixinho na rádio. Demi estava parada no trânsito, o céu estava nublado e ela estava tão pensativa sobre tudo o que estava acontecendo. Nunca havia imaginado que sua vida chegaria naquele caos, Joseph havia causado todo aquela bagunça e agora ela estava sozinha sem saber por onde começar a arrumar. Demi limpou a lágrima solitária que desceu pela bochecha e deu partida no carro quando o trânsito começou a andar. 

Iria assinar os papéis da nova empresa e depois iria tirar uma semana longe de toda aquela bagunça que lhe cercava. Seria ótimo ficar uma semana sozinha para organizar os seus pensamentos e tomar decisões importantes. Demi dirigiu por vinte e cinco minutos até chegar na empresa. Ela estacionou o carro no estacionamento que haviam liberado para ela e mandou uma mensagem para Nicholas avisando que havia chegado, não demorou nem um minuto e ele respondeu dizendo que estava esperando por ela na recepção. Demi sorriu quando o avistou e o cumprimentou com um abraço e um beijo na bochecha. — Eu fiquei muito feliz quando recebi sua mensagem, fiz questão de vir acompanha-la. 

— Eu estou animada para essa nova fase. — Demi disse quando eles adentraram no elevador, após a recepcionista libera-la. 

— Nós também estamos animados para recebê-la, depois de assinar as papeladas vou leva-la para um tour por toda a empresa. — Demi assentiu e eles saíram do elevador quando as portas foram abertas no andar de administração, eles caminharam até o RH da empresa. Uma jovem loira trouxe todos os papéis que Demi precisava assinar e entregou para a morena que leu tudo e assinou nos campos necessários, depois de tirar cópia de todos os documentos necessários e entregar uma cópia do contrato para Demi, ela estava oficialmente contratada. 

— Seja bem-vinda. — A moça disse sorrindo e Demi agradeceu. Sentiu um frio na barriga porque estava saindo da sua zona de conforto para assumir um cargo que nunca tinha assumido antes, era uma  nova fase e por mais assustador que fosse, ela queria muito aquilo e estava satisfeita com a sua decisão, mesmo não sabendo se havia tomado a decisão correta. 

— Obrigada. — Agradeceu sorrindo e se despediu dos funcionários que trabalhavam naquela área. 

— Eu vou te mostrar a sua sala e te apresentar para o pessoal que vai trabalhar com você, todos são bem legais e receptivos, tenho certeza que você vai se enturmar e se dar bem com todos. — Nicholas disse quando eles adentraram no elevador novamente, subindo mais alguns andares, eles chegaram na área de arquitetura, era um andar grande e parecia ser um ambiente tranquilo e legal para trabalhar, algumas pessoas conversavam e davam risada. — Pessoal. — Nicholas chamou a atenção das poucas pessoas que estavam trabalhando, todos pararam de rir e os encararam atentamente. — Essa é a nossa nova arquiteta sênior, Demi Lovato. 

— Seja bem-vinda, Demi. — Eles disseram juntos sorrindo de forma simpática. Demi cumprimentou todos com um aperto de mão e ouviu atentamente com um sorriso no rosto, o nome de cada um e as funções que eles tinham naquela área. Ela também se apresentou e contou um pouco da sua trajetória como arquiteta. Nicholas a observava atentamente com os braços cruzados e um sorriso de lado no rosto, Demi falava muito bem e estava claro que ela tinha conhecimento sobre o que dizia. 

Depois de conversarem por alguns minutos e responder algumas perguntas, Demi foi conhecer a sua sala que ficava bem no centro do andar, as paredes eram de vidros e lhe dava uma visão completa de tudo o que estava acontecendo, a sala era confortável e o melhor que ela tinha permissão para decorar da forma que achasse melhor. — Podemos começar nosso tour? — Nick perguntou de forma divertida. Demi assentiu e eles saíram da sala. — Obrigada pela atenção de vocês, mas agora vou levar Demi para um tour. — Nicholas disse para os funcionários. Uma moça loira do cabelo curto e toda tatuada os olhou mordendo o lábio inferior brevemente. Ela encarou Nicholas seriamente e depois encarou Demi.

— Nós podemos acompanha-los. — A loira que se chamava Julia disse ao lado de Demi que não havia percebido o olhar da loira sobre si. 

— Eu creio que vocês tenham muito trabalho para fazerem. — Nicholas falou seriamente. — Vamos, Demi? — Demi assentiu e se despediu dos funcionários com um sorriso. — As vezes é preciso ser um pouco mais grosso com eles, se não o trabalho não anda. — Se explicou quando eles adentraram no elevador. O tour foi interessante e agradável, ela conheceu várias pessoas de áreas diferentes, e entendeu melhor como a empresa funcionava. O tour foi finalizado no refeitório, eles estavam sentados na salinha do café, era uma pequena sala aonde havia uma mesinha redonda pequena, uma máquina de café e um bebedouro. 

— Eu gostei muito de tudo, o pessoal me recebeu muito bem... eu estou feliz e não vejo a hora de começar a trabalhar, eu acho que estava precisando de algo novo na minha vida. — Demi disse dando um pequeno gole no copo de café. Ela estava sentada em volta de uma das mesinhas com Nicholas. 

— Eles ficaram muito tempo sem alguém fixo para comandar a equipe por isso estão animados com a sua chegada, mas tenho certeza que vocês vão se dar muito bem, é impossível não gostar de você, Demi. — Demi sorriu e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. — Dia dois de janeiro você começa oficialmente seu primeiro dia, mas você pode vir antes para ficar por dentro do que está acontecendo na empresa. 

— Eu vou fazer isso sim, e se você puder me mandar alguns arquivos para eu ir estudando em casa, eu vou ficar muito agradecida. 

— Vou mandar sim, pode ficar tranquila... — Piscou sorrindo e deu um gole no café. — O seu marido está mais confortável com a ideia de você trabalhar aqui? — Perguntou a olhando atentamente. Demi suspirou e assentiu desviando o olhar para o copo de café vazio. 

— Está sendo um pouco complicado, mas eu estou fazendo o que é melhor para mim, não vou desistir do que eu quero por ninguém. — Nick assentiu sorrindo, ele a olhou atentamente enquanto tinha a cabeça apoiada na mão. Demi era uma mulher muito bonita e se perguntava se ela sabia que chamava a atenção dos homens por onde passava, ele não pôde deixar de notar os olhares dos homens em cada departamento em que eles passavam. 

— Você está certa, tem coisas que não vale a pena. Às vezes a gente vai cedendo e cedendo e quando percebemos, nós perdemos anos das nossas vidas e abrimos mão de todos os nossos sonhos por uma pessoa que talvez nem mereça. — Disse desviando brevemente o olhar para os lábios dela. 

— Eu preciso ir, tenho um compromisso daqui há alguns minutos. — Demi falou quando percebeu a aproximação entre eles. Ele era um homem bonito e Demi já havia notado qual eram as verdadeiras intenções de Nicholas e ela não deixaria aquilo acontecer, por mais chateada e magoada que estivesse com Joseph. — Foi um ótimo tour, eu estou realmente animada. — Disse levantando e virando-se de costas para jogar o copo no lixo que ficava atrás da porta. Os olhos de Demi arregalaram completamente quando sentiu as duas mãos másculas na cintura e a respiração em seu pescoço, Nicholas virou Demi pela cintura e a encostou na parede. 

— Você é linda, princesa, e eu não consigo parar de pensar em como eu quero te beijar. — Falou com a voz rouca. — Ninguém precisa saber. — Disse levando uma mão até o pescoço dela, o corpo pesado imprensava o de Demi contra a parede e quando ele tentou beija-la, Demi virou o rosto e comprimiu os lábios numa linha reta. 

— Nicholas, não. Eu sinto muito se eu dei a entender que queria algo com você, mas não vai acontecer.— Demi falou com a voz entrecortada, o coração batia acelerado no peito e ela tentou empurra-lo pelo peito, porém Nicholas nem mesmo se moveu. Por que as mulheres tinham que enfrentar situações como aquela? O medo estava começando a tomar conta de todo o corpo e aonde diabos estava o pessoal que trabalhava naquela empresa?

— É por causa do seu marido, né? 

— É porque eu não quero, você está me machucando, por favor, me solta... — Pediu começando a sentir as lágrimas tomarem conta dos olhos. 

— Qual é, querida? Você me deve isso, eu te coloquei dentro dessa empresa, pense como uma troca de favores, eu vou fazer tão gostoso que você nem vai lembrar do idiota do seu marido que inclusive estava no bar ontem dançando com várias mulheres, você é linda demais para se prestar a esse papel de corna. Eu te acho uma mulher incrível e realmente estou afim de você, me dá só uma oportunidade de te mostrar que eu posso te fazer feliz. — Falou baixinho no ouvido dela, descendo os lábios em direção ao pescoço aonde tocou com a língua. Temendo por algo que a traumatizaria pelo resto de vida, Demi reuniu todas as suas forças e o empurrou bruscamente. 

— Vá para o inferno você e esse maldito emprego, nunca mais chegue perto de mim. — Demi falou após pegar sua bolsa. Quando saiu da salinha, ela deu de cara com Julia, a mesma a olhou com o cenho franzido porque Demi estava com a roupa bagunçada e os olhos vermelhos de tantas lágrimas. 

— Está tudo bem? — Perguntou preocupada e Demi assentiu desnorteada procurando o elevador. 

— Eu... eu preciso... sair daqui. — Disse e caminhou diretamente para o elevador apertando várias vezes o botão que a deixaria no estacionamento. Quando as coisas pareciam que iria começar a dar certo, tudo desmoronava outra vez. Demi permitiu-se chorar enquanto estava no elevador, as mãos ainda estavam trêmulas e o coração acelerado no peito. Estava envergonhada por passar por aquela situação, frustrada por não ter deixado as coisas claras para Nicholas desde o começo e arrependida por ter aceitado aquele maldito emprego. 

Quando chegou ao carro, Demi socou o volante com força várias vezes em uma tentativa frustrada de extravasar toda a sua raiva. "Você é linda demais para se prestar a esse papel de corna." "Quando eu cheguei no bar, Madison estava segurando a mão dele." "Se você não confia mais em mim e eu não confio mais em você, não temos motivos para continuar." "Todo mundo ver que ele só quer te comer, menos você que é cega e burra." — Maldito, desgraçado, traidor, eu te odeio com todas as minhas forças. — Disse tentando fazer com que aquelas palavras se tornassem se realidade, mas infelizmente a realidade era outra. Ela o amava e se odiava por isso, porque machucava saber que Joseph havia lhe desapontado daquela forma. 

Minutos mais tarde, Demi respirou fundo limpando as lágrimas que ainda desciam pelas bochechas e colocou o cinto de segurança. Nunca havia se sentindo tão perdida como estava se sentindo naquele momento, precisava de um tempo para organizar seus pensamentos e decidir o que faria com a sua vida. Foi pensando nisso que Demi decidiu ir para casa, compraria uma passagem para Venice Beach, ficaria lá por uma semana, longe de tudo, apenas ela e os seus pensamentos. 

Enquanto estava parada no sinal vermelho, Demi franziu o cenho ao sentir um cólica fraca, era mais como uma pontada no pé da barriga. Ela respirou fundo e pegou uma garrafa de água que sempre deixava no carro, deu um longo gole e deu partida no carro, mas conforme ia dirigindo, a dor ia aumentando. 

***

— Você sabe da Demi? — Selena perguntou quando desceu as escadas em direção a sala. Ela estava tentando não julga-lo e enxergar os dois lados da moeda, o clima estava tão pesado. Kristen havia xingado Joseph de todos os nomes possíveis antes de ir embora no dia anterior e Joe estava claramente abatido com tudo o que estava acontecendo e ela não iria virar as costas para o seu irmão. 

— Ela saiu de manhã, não disse para onde ia. — Joseph suspirou e coçou a nuca. — Eu estava arrumando minhas roupas, ela pediu para eu sair de casa. — Falou encarando as malas em cima do sofá. Kristen estava encostada na mesa de jantar o encarando como uma leoa doida para atacar uma presa.  

— O que, exatamente, você esperava? Que ela acordasse e te perdoasse como se você apenas tivesse esquecido a comemoração de uma data importante? Sinceramente, Joseph, eu também estou decepcionada com você, eu pensei que você tivesse mudado de verdade. — Kristen disse decepcionada.

— Eu não a trai, eu juro com a minha vida, que um raio caía em cima de mim nesse exato momento se eu tiver tocado em outra mulher. — Joe disse desesperado. — Eu não saí na intenção de machuca-la, eu apenas queria esquecer tudo o que estava acontecendo, eu acabei exagerando na bebida e pareceu que eu estava dando abertura para todas aquelas mulheres, quando Kristen chegou, eu estava indo embora, eu não estava de mãos dadas com Madison, ela apenas segurou minha mão para pedir que eu dançasse com ela, eu ia negar, mas Kristen chegou gritando comigo. 

— Sinceramente, Joseph? Um homem casado e que ama sua esposa de verdade nunca tiraria uma foto com uma mulher praticamente sentada em seu colo e com outra peituda ao lado tocando sua coxa, vocês são ótimos mentirosos quando se trata de mulher e eu não vou deixar você magoar a Demi desse jeito, nós somos irmãos, mas eu amo muito a Demi e a nossa amizade. — Selena falou o olhando atentamente. Com o passar dos anos, ela e Demi haviam construído uma boa amizade e ela não deixaria nada acabar com aquela amizade. 

— Pelo amor que eu sinto pela Alana, eu juro que eu estou dizendo a verdade. — As lágrimas começaram a descer pelas bochechas, lágrimas de arrependimento e remorso porque se pudesse voltar atrás, nunca teria ido até aquele bar. — Eu nunca faria isso com a Demi, eu a amo, a amo com toda minha vida, eu só estava chateado porque ela queria acabar com o meu sonho, mas nada disso importa agora, eu só quero ficar bem com ela de novo, eu só quero a minha família unida novamente. — Ele não tinha problema em demonstrar as suas emoções e nem se importava com o fato de estar chorando na frente de Selena e Kristen.

— Você deveria ter se afastado daquela garota quando Demi pediu, você deveria ter escutado ela, quando uma mulher cisma com outra não é birra ou coisa da nossa cabeça, é porque a gente percebe coisas que vocês, tapados, não percebem. Sem contar aquele seu amigo idiota que vive te aconselhando a fazer coisa errada. — Kristen falou e revirou os olhos. — Eu prometi para você anos atrás que não deixaria você magoar a minha amiga e eu vou cumprir a minha promessa. Eu acho melhor mesmo vocês ficarem longe um do outro, tudo o que você está fazendo nas últimas semanas é machucar minha melhor amiga e eu não vou permitir essa porra. 

— Eu deveria ter deixado as coisas esclarecidas para Madison, eu deveria ter feito algo a respeito disso, eu deveria ter feito muitas coisas, mas apenas empurrei com a barriga e ignorei porque não pensei que fosse algo sério. Dessa vez eu vou fazer tudo diferente, eu só preciso conversar com Demi e explicar toda a situação. 

— Eu acho melhor vocês conversarem outra hora, vocês estão com as emoções a flor da pele, Demi está muito magoada e dependendo do rumo da conversa vocês vão acabar se magoando ainda mais. Ela quer ficar um tempo longe dessa bagunça, vai ser melhor vocês conversarem quando estiverem mais calmos. — Selena disse suspirando e Kristen assentiu concordando com a amiga. 

— Eu vou respeitar o espaço dela, estou indo para a casa da minha mãe, vou deixar ela pensar em tudo, mas não vou desistir dela. — Selena sorriu assentindo e o abraçou fortemente. 

— É melhor dar esse espaço para ela... eu te dou uma carona até a casa da sua mãe. — Joe agradeceu e os três saíram da casa em direção ao carro de Kristen que estava estacionado em frente a casa do casal. 

***

Demi respirou fundo e tomou mais um gole da água. Estava presa no trânsito há alguns minutos e não acreditava que o trânsito estava tão intenso aquela hora da tarde, era muito falta de sorte quando tudo o que ela mais queria era tomar um remédio para dor, tomar um banho e dormir para esquecer tudo o que havia acontecido naquele maldito dia. Ela estava menos de duas quadras longe da sua casa, mas o tanto de semáforo que existia naquela região apenas contribuía para que o trânsito aumentasse. Demi agradeceu mentalmente quando conseguiu estacionar o carro em sua garagem quinze minutos mais tarde. Ela largou a bolsa no sofá e subiu as escadas em direção ao quarto, ignorando os cachorros que latiam animadamente no quintal doidos para adentrarem na casa.

Demi entrou no banheiro e se despiu, ligou a ducha quente e entrou sentindo a água morna molhar o seu corpo. Ela fechou os olhos lavando o rosto, tentando se sentir menos miserável enquanto sentia a água quente lavar o corpo. Porém quando abriu os olhos, sentiu o coração acelerar no peito quando olhou para o chão e viu uma poça de sangue se misturar com a água. 

Não, não, não, não. Aquilo não podia estar acontecendo. Céus, por favor. Era tudo o que Demi conseguia dizer mentalmente, ela desligou o chuveiro e pegou a toalha enrolando-se. As mãos tremiam e ela não conseguia raciocinar direito o que estava acontecendo. Quando sentiu outra pontada na barriga, ela começou a se desesperar ainda mais. Estava perdendo o bebê? Não, ela não queria perdê-lo. — Por favor, não deixe eu perder o meu filho. — Pediu enquanto chorava desesperadamente conforme discava o número de Joe. — Eu não estava falando sério quando disse que... que... ia abortar, eu quero ele comigo. Por favor, Deus. — Ela não era a pessoa mais religiosa do mundo, mas naquele momento, tudo o que conseguia fazer era pedir à Deus que nada de ruim acontecesse com seu filho. 

Quatro toques, cinco, seis e caixa postal. Demi suspirou e discou o número de Kristen, mas ninguém atendeu. Calma... Pediu para si mesmo enquanto verificava sua agenda telefônica e quando viu o número de Kelly, ela não pensou duas vezes, antes de ligar para a sogra. — Oi Demetria. Tudo bem? — Perguntou quando ouviu um soluço alto no outro lado da linha. 

— Eu... eu... eu acho que estou perdendo o meu bebê... eu estou sangrando, eu estou com medo. Joseph não atende... por favor... me ajuda. — Pediu entre um soluço ou outro. — Eu não quero perdê-lo, tudo o que eu disse era mentira, eu quero muito esse bebê, por favor... 

— Eu estou indo Demi, fica no telefone comigo, não desliga. — Kelly havia acabado de sair do supermercado. Sua sorte era que não ficava muito longe do condomínio que Demi morava. — Demi, você está me ouvindo? Vai ficar tudo bem, eu estou chegando, por favor, tenta se acalmar, não vai acontecer nada com o seu bebê. — Tentou acalmar a nora da melhor forma que conseguiu e quando o sinal estava para fechar, ela acelerou o carro sem se importar se levaria uma multa. — Eu já cheguei, estou no condomínio, você consegue vir aqui? Estou em frente a sua casa... 

— Eu estou descendo. — Demi disse e poucos segundos depois a porta foi aberta. Kelly desceu do carro e ajudou Demi a entrar. — Eu estou com medo, está doendo muito. — Falou fechando os olhos quando a dor veio mais forte. — Eu não quero perdê-lo, Deus, por favor... me ajuda. 

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voltei \o
não estava nos meus planos demorar tanto assim, mas foram dias corridos para mim... me desculpem
me digam o que acharam do capítulo, será que a demi vai perder o bebê? digam a opinião de vocês nos comentários, eu já estou escrevendo o próximo e espero que a inspiração me ajude, enfim 
acho que não volto mais aqui esse mês de dezembro, então já quero desejar um feliz natal e que o próximo ano seja muito melhor para todos nós, e que a vacina chegue logo \o

respostas dos comentários aqui | até o próximo amores. 

25/11/2020

14. Wrong Direction


 UM DIA DEPOIS...

Demi e Alana estavam sentadas na cama do quarto da garotinha, elas estavam terminando de arrumar a mala que a pequena levaria para Disney com os avós. Estava sendo divertido compartilhar aquele pequeno momento com a filha. Alana já estava virando uma mocinha, já sabia exatamente o que queria levar e Demi se sentia velha ao ver como sua filha estava grande e esperta, o tempo havia passado tão rápido, ontem mesmo Alana era uma garotinha totalmente dependente da mãe e agora já conseguia tomar algumas decisões sozinha. — Eu vou poder levar meu celular? — Alana perguntou ajudando a mãe a dobrar um casaco. Na noite passada, Joseph havia presenteado a filha com um celular, mesmo sendo contra a vontade de Demi.

— Nós precisamos conversar sobre esse celular, mocinha. — Demi falou conferindo se havia colocado meias, luvas e toucas dentro da mala. 

— Mas, mãe... eu preciso dele para tirar muitas fotos. — Argumentou com um sorriso sapeca nos lábios. Alana era tão inteligente e conversava como uma mocinha, explicava os seus motivos e sabia dialogar perfeitamente. As vezes, Demi parava para observar sua menina e sorria ao pensar que ela e Joe estavam fazendo um bom trabalho na criação dela. 

— Tudo bem, mas você terá regras para usa-lo. — A garotinha assentiu sorrindo e pulou nos braços da mãe, beijando-a na bochecha várias vezes. — Eu amo você, meu amor. — Demi disse abraçando a filha carinhosamente. — E eu vou sentir muito a sua falta, todos os dias e vou pedir para os céus que esses dias passem muito rápido para você voltar logo. 

— Não muito rápido porque se não eu não vou conseguir aproveitar muito. — Demi riu e beijou a bochecha da filha demoradamente. — Amo você, mamãe. 

— Eu também amo você, minha princesa. Agora senta em cima da mala para conseguirmos fechar. — Alana sentou e Demi fechou a mala. Clarice estava na porta do quarto e sorriu observando a filha e a neta, a maternidade definitivamente havia feito um bem danado para Demi, nem parecia que um dia ela havia sido uma garota rebelde e sem responsabilidade. 

— Querida? — Clarice chamou pela filha e adentrou no quarto. — Já terminaram de arrumar a mala? — Elas assentiram. — Eu acho que o seu avó precisa de uma ajudinha com a mala dele. — Falou dando um breve beijo na testa da neta que assentiu e saiu do quarto correndo para ajudar o avô. — Eu queria saber como você está, eu fiquei preocupada com você. 

— Eu estou bem, foi apenas um mal estar repentino... acho que comi algo que não desceu muito bem, não precisa se preocupar. — Disse desviando o olhar para um ponto qualquer do quarto. — Eu e Joseph brigamos de novo ontem. — Falou voltando a olhar os olhos da mãe, ela não queria estar tão emotiva e se mostrar tão fragilizada, queria mostrar que era forte e que tinha o controle da situação, mas aquela não era a realidade e se o casamento acabasse... seria difícil de superar. 

— Oh minha filha, o que aconteceu com vocês? — Clarice perguntou puxando a filha para deitar em seus braços. Sempre que costumava passar um tempo na casa de Joe e Demi, os dois se mostravam apaixonados. Eles estavam sempre trocando abraços, beijos e carinhos. Joseph era sempre brincalhão e engraçado, já Demi era mais ciumenta e nervosa, porém os dois faziam um lindo casal. — Independente do que aconteceu, eu vou estar aqui para te ouvir e te aconselhar, eu amo você e sempre vou querer o melhor para a sua vida. 

— Ah, mãe... são sempre as mesmas coisas, nós não conseguimos chegar em um acordo. Ele não aceita as minhas decisões, por muito tempo eu me dediquei a nossa família, agora eu quero focar um pouco mais na minha carreira profissional, eu não quero prejudica-lo, de maneira nenhuma, eu só quero fazer o que eu acho que é o melhor para mim, mas ele só quer olhar para o umbigo dele. 

— Não é fácil conviver com uma pessoa com a personalidade e a criação totalmente diferente da sua, mas a questão é como vocês lidam com essas brigas. Vocês precisam chegar num meio termo que beneficie vocês dois para ninguém se doar mais que o outro, isso também acaba desgastando o relacionamento. Vocês dois são jovens, não deixe o casamento acabar por algo tão pequeno, vocês podem lutar juntos para conseguir sair mais forte dessa situação, tudo isso vale como um aprendizado.

— Essa situação me deixa tão triste e estressada. Eu estou cansada, cansada de argumentar, de tentar fazer ele entender o meu lado... eu só queria dar um basta em tudo.

— Eu acho que você deveria aproveitar que vocês dois vão estar sozinhos no ano novo e viajar para algum lugar, vai fazer bem para os dois tirar um tempo para ficar longe dessa correria e focar no relacionamento de vocês, pensa com carinho nessa ideia e conversa com Joseph. — Demi assentiu pensativa e sorriu quando recebeu um beijo na bochecha. — Se esforcem para dar certo, se não der, lá na frente vocês vão saber que pelo menos vocês tentaram. 

— Desculpa atrapalhar... — Selena disse adentrando no quarto segurando uma sacola. — Eu passei na padaria e trouxe torta de morango. — Falou sorrindo. Demi havia acordado com vontade de comer torta e ligou para Selena praticamente implorando que ela trouxesse. Demetria sorriu como uma criança que havia ganhado o melhor brinquedo da loja, ela estava ansiosa para comer aquela delícia. 

— Nós tomamos café não faz nem trinta minutos. — Clarice falou com o cenho franzido quando a filha tirou o embrulho da torta e pegou um morango com o dedo. Demi até fechou os olhos satisfeita apenas por estar comendo o morango. — Ainda são onze horas da manhã, você não acha que está muito cedo para comer doce? Cuidado para não se engasgar. — Selena teve vontade de rir da cara constrangida de Demi, mas se conteve para não deixa-la ainda mais envergonhada. 

— Joe me mandou mensagem e disse que vai leva-los ao aeroporto, e quando vocês estiverem prontos é para ligar. — Demi franziu o cenho porque ele não havia comentado nada com ela, havia mandado mensagem para ele perguntando, mas ele ignorou todas as mensagens dela. Elas saíram do quarto e foram para a cozinha onde Demi pegou um prato e se serviu com um pedaço generoso da torta. 

— Eu acho que vocês deveriam ficar mais dias. — Demi falou abraçando a mãe pela cintura depois de dar mais uma mordida na torta. — Eu vou sentir tanto a falta de vocês, vocês ficaram tão pouco tempo. — Suspirou porque ficaria sozinha na casa. Selena iria viajar no dia seguinte para passar o ano novo com as amigas e Kristen iria aproveitar com a esposa. Joseph estava bravo com ela e com certeza iria querer passar a data longe dela. 

— Você deveria vir com a gente, vai ser bom você se distrair um pouco dessa bagunça. 

— Eu adoraria, mas eu tenho algumas coisas para resolver aqui. Eu vou ficar bem, não se preocupa. — Clarice suspirou preocupada e beijou a bochecha da filha. 

***

Uma música do Sam Smith tocava baixinho no celular. Kelly cantarolava algumas partes enquanto cozinhava o almoço com a ajuda do filho, mas parecia que Joseph estava com a cabeça longe. Ele havia deixado queimar a cebola que ela pediu para ele refogar, estava com a cara fechada e mau humorado, ela sabia exatamente qual era o motivo daquela mudança de humor, mas queria que ele se abrisse com ela. — O que está acontecendo com você? — Kelly perguntou quando Joe deixou um copo cair no chão quebrando em vários pedaços. Ele respirou fundo e se abaixou para catar o cacos de vidro.

— Escorregou da minha mão. — Respondeu dando os ombros. 

— Eu sei exatamente o motivo de todo o seu mau humor... eu sempre tentei te alertar sobre essa mulher. Demetria sempre colocou ela mesma em primeiro lugar e isso não vai mudar, e você é um bobão que sempre concordou com tudo o que ela diz, é por isso que agora ela quer fazer um aborto e quando você não concordou com isso, ela foi a primeira a apontar o dedo por aí julgando você, dizendo que você a traiu e sabe lá Deus o que mais ela conta para os pais dela. 

— Não tem necessidade de você se intrometer nesse assunto, isso é entre eu e Demetria e nós vamos resolver essa situação.

— O problema foi que você não colocou limites nela, sempre deixou ela fazer o que bem entendesse, agora ela está aí tomando as próprias decisões como se fosse uma mulher solteira, se ela não quisesse engravidar, não teria parado de tomar remédio, agora ela deve arcar com as consequências... depois do almoço eu vou conversar com os pais dela, eles precisam fazer algo para parar a filha deles. Demetria está fazendo tudo isso para chamar atenção, mas eu acabo com o show dela em dois tempo. 

— Para de se intrometer na minha vida como se eu fosse um garoto de quinze anos. Eu sou um homem de trinta anos e do meu casamento cuido eu. — Joseph disse e saiu da cozinha, subindo as escadas. Ele adentrou em seu quarto, buscou uma roupa e foi para o banheiro, tomou um banho rápido, se trocou e saiu após pentear o cabelo, passar perfume e vestir o tênis. Joe desativou o alarme da moto assim que chegou a garagem do prédio, colocou o capacete e deu partida na moto. 

Los Angeles era uma cidade muito bonita, apesar de não estar fazendo calor, ainda sim haviam muitos turistas no centro da cidade. Alguns que até se arriscavam ir até as praias da cidade olhar e andar pela areia. Os restaurantes e bares da região do centro ficavam lotados independente do horário e era sempre difícil reservar uma mesa, mas não havia sido difícil encontrar o bar aonde Jack estava. 

O estabelecimento era em um estilo retro, as cores vermelha e azul prevalecia no local, as mesas espelhadas por todo o salão e a música latina alta que tocava deixava o local animado e era por isso que algumas pessoas dançavam entre as mesas. Havia duas mesas juntas aonde Jack estava sentado, havia alguns conhecidos do trabalho e algumas mulheres, Joe cumprimentou todos e puxou uma cadeira para sentar. 

— Eu pensei que você estava em casa aproveitando com a sua família, por isso eu não te chamei antes. — Jack falou pegando um copo e servindo cerveja para o amigo.

— Eu não tenho motivo para aproveitar nada ultimamente. — Resmungou dando um gole na cerveja gelada. 

— O que aconteceu dessa vez? — O bar não era o melhor lugar para discutir aquele assunto, mas Joe também não estava se importando muito. Ele deu mais um gole na cerveja e encarou o amigo. 

— Demetria está grávida e quer fazer um aborto. — Disse olhando para o movimento do bar. 

— Não acredito que ela quer matar o seu sonho de ser pai de novo. Alguma coisa diferente deve estar acontecendo no mundo das mulheres para elas ficarem agindo como loucas e dizendo coisas sem sentido ou Demetria só está sendo uma vadia cruel. Eu estou dizendo, cara. Larga essa mulher e vem curtir a vida de solteiro, é muito melhor, você pega quantas quiser e não tem uma surtada no seu pé te dando ordens. — Joe apenas riu dando mais um gole na cerveja. 

— Eu não sei, cara. Eu acho que o nosso casamento está caminhando para o abismo e eu estou tentando me conformar com isso. Vai ser até melhor mesmo ela mudar de empresa, assim eu não vou precisar olhar para cara dela todo dia e lembrar do nosso casamento fracassado. 

— Nada melhor do que superar um casamento fracassado com sexo novo, tem muitas gatinhas por aqui... e você não precisa ir para cama apenas com uma, pode ser duas ou três de uma vez. — Piscou malicioso e Joe franziu o cenho quando o pessoal começou a gritar animado porque o garçom havia chegado com uma rodada de tequila com limão. Jack tirou dois shots e entregou um para Joe que suspirou. 

— Não está muito cedo para beber desse jeito? — Joe perguntou vendo o Jack virar o shot de uma vez e depois chupar o limão. 

— Só aproveita a vida um pouco sem se preocupar com o horário ou qualquer outra merda. — Aquilo parecia bom. Estava estressado e beber um pouco não faria mal a ninguém. Joe pegou o shot de tequila e virou também. Ele precisava se divertir um pouco sem pensar nos problemas que lhe rodeava. 

Foram uma, duas, três garrafas de cerveja... sem contar os shots de vodka e os de tequila. Joseph já não tinha muita consciência das suas atitudes, uma mulher havia tentado beija-lo, mas ele havia negado educadamente. Agora ele estava dançando junto com os amigos do trabalho, estava divertido, era como se fosse uma happy hour depois de um dia cansativo no trabalho. 

Madison havia chegado há alguns minutos, ela estava dançando abraçada com Jack, mas os olhos estavam constantemente em Joseph. Ele era um homem quente, os músculos dos braços chamava atenção das mulheres porque estavam destacados pela camiseta branca, ele havia tirado a jaqueta de couro deixando-a repousada nas costas da cadeira, a calça jeans moldava as pernas torneadas dele. Joe era sexy naturalmente e a barba grande só deixava ainda mais mulheres suspirando por ele. 

Quando Joe sentou-se na cadeira novamente, pegando o copo de cerveja e levando até a boca, Madison deu um selinho rápido em Jack que já estava bêbado e rindo com os amigos e se aproximou de Joseph por trás, massageando os ombros dele. — Relaxa. — Ela disse sorrindo quando Joe se assustou levemente. — Você está tenso, relaxa, querido... — Falou baixinho no ouvido dele. Depois de alguns minutos, ela puxou a cadeira vazia ao lado dele e sentou, tirando o casaco, revelando o decote do vestido preto. — É quase um milagre você estar aqui com a gente sem Demetria. 

— Ela preferiu ficar em casa. — Mentiu dando os ombros. 

— Demetria deve confiar muito em você para deixar um homem tão bonito assim sozinho em um bar como esse. — Falou se inclinando sobre ele porque a música estava alta. Joseph olhou brevemente para o decote dela e engoliu em seco porque sabia que não deveria estar fazendo aquilo. — Eu sinto que ela não gosta muito de mim, acho que ela tem ciúmes porque você é meu supervisor e a gente passa um tempo juntos no escritório, mas nós somos apenas amigos, né? Você é um supervisor incrível e um ótimo amigo, eu não quero que a nossa amizade acabe, entende? 

— Fica tran... tranquila. — Joe coçou a nuca sem saber muito bem o que dizer. Tudo bem, ele estava um pouco alterado e não deveria estar naquele bar com um monte de mulher, deveria ir embora antes que fizesse alguma besteira que o faria sse arrepender pelo resto da vida.  — Eu... eu acho que já vou. 

— Vamos tirar uma foto. — Um rapaz que trabalhava com eles disse animado e todos se juntaram em volta da mesa. Madison arrumou o decote do vestido e abraçou Joseph de lado, passando uma perna entre a pernas dele, uma outra mulher loira também sentou ao lado dele apoiando a mão na coxa de Joe. Joseph não percebeu, mas em uma mesa longe dali, Nicholas observava tudo. Joe sorriu para a foto e quando a foto foi tirada, ele levantou-se.

— Eu já estou indo. 

— Espera, dança só uma música comigo. — Madison pediu segurando a mão dele. Um grupo de amigos barulhento havia acabado de entrar no bar, eles conversavam alto e riam animados, no mesmo momento quando olhou para a porta, o olhar de Joseph encontrou com o de Kristen que o olhava com a sobrancelha arqueada. 

***

— Joseph não atende o celular e as mensagens não chegam. — Demi disse suspirando. Eles já estavam no carro em direção ao aeroporto, o voo estava marcado para as seis horas da tarde e eles haviam saído alguns minutos mais cedo para não correr o risco de se atrasarem, já que naquela época do ano os aeroportos ficavam lotados. — Será que aconteceu alguma coisa? — Perguntou mordendo o lábio inferior. 

— Eu acho que ele deve ter perdido o horário, o melhor é não se preocupar a toa, se algo fora do comum tivesse acontecido a gente já saberia. — Selena falou sem tirar os olhos da estrada e Demi assentiu com a cabeça, notícia ruim não demorava nada para chegar. 

— Meu pai não vem me dar tchau? — Alana perguntou, ela estava ao lado da avó no branco de trás. 

— Algo deve ter acontecido, meu amor. Não se preocupa, se ele não chegar a tempo, quando vocês estiverem no hotel, eu tenho certeza que ele vai ligar para falar com você. — Demi falou para tranquilizar a filha. Durante todo o caminho, Demi tentou entrar em contato com Joseph ou Kelly porém nenhum dos dois atendiam o celular. O trânsito estava um pouco mais intenso por ser fim de ano e muitas pessoas viajarem para outras cidades e países, por isso eles chegaram faltando apenas vinte minutos para o embarque. 

— Meu pai não veio. — Alana disse cabisbaixa sentada em uma das cadeiras da sala de embarque. Demi suspirou puxando a filha para um abraço apertado e deu um beijo demorado na bochecha dela. — Quando ele chegar, você promete que vai ligar? Eu quero muito falar com ele. 

— Eu prometo que vou tentar ligar. — O voo foi anunciado e eles se levantaram. — Eu amo muito você, meu amor. Obedeça os seus avós e nada de ficar mexendo no celular até tarde, tira muitas fotos para a mamãe e aproveite muito a sua viagem. 

— Eu amo você, mamãe. — Demi sorriu e recebeu de bom agrado o abraço e o beijo na bochecha, aqueles abraços apertados da filha era capaz de curar a alma. — Amo muito do tamanho do universo. — Beijou a bochecha da mãe novamente e saiu do colo dela para se despedir da tia. Demi limpou a lágrima que desceu pela bochecha e abraçou o pai. 

— Aproveitem muito a viagem de vocês. — Demi disse sorrindo. — Eu vou sentir saudade. 

— Nós também, querida. A gente promete que vai cuidar bem dessa mocinha. — Depois de trocarem abraços apertados e beijos, os três embarcaram e Demi e Selena voltaram para o carro. 

— Podemos passar no shopping? Eu preciso comprar um vestido para passar o ano novo. — Selena disse quando elas adentraram no carro. Demi assentiu olhando as mensagem do celular. 

— Eu estou faminta, a gente aproveita e passa em algum lugar para comer. — Ninguém poderia julga-la, ela estava grávida. Selena riu e deu partida no carro. Durante todo o caminho, Demi tentou falar com Joseph, mas não teve sucesso, ela o xingou baixinho e tentou ligar para Kelly. 

— Oi Demetria. — Kelly disse quando atendeu o celular. 

— Oi Kelly, tudo bem? Estou ligando para perguntar se você sabe aonde Joseph está, estou tentando falar com ele, mas ele não atende.

— Ele saiu antes do almoço, a gente meio que discutiu e ele saiu bravo, achei que ele estava com você. 

— Não, ele não apareceu por aqui. Se você souber de alguma coisa, por favor, me avisa. — Pediu e desligou a chamada após se despedir. — Joseph saiu bravo com alguma coisa antes do almoço e não disse para onde ia, ele discutiu com Kelly e eu acho que foi por minha causa. — Falou para Selena que franziu o cenho.

— Provavelmente Kelly disse alguma coisa sobre você que ele não gostou e saiu bravo. Você conhece a sogra que tem e sabe que ela não é fácil. — Demi assentiu pensativa. Ela e Kelly nunca seriam amigas, as duas apenas conviviam porque era necessário, mas em toda oportunidade Kelly a julgava e com certeza havia dado conselho para Joseph deixa-la. Selena adentrou com o carro no estacionamento do shopping e pegou o ticket. 

Elas caminharam até uma loja de roupas e deram uma olhada em todas os vestidos expostos nas prateleiras. — O que acha desse? — Selena perguntou mostrando o vestido branco com brilhos, Demi assentiu enquanto olhava alguns vestidos. 

— Esse daqui também é muito bonito. — Demi disse mostrando o vestido cinza de alcinha, era longo com paetê e tinha um lindo decote entre os seios. 

— Esses vestidos são lançamentos exclusivos para o ano novo, perfeitos para a virada do ano. — A vendedora simpática falou para elas. 

— Eu vou provar. — Selena sorriu animada e caminhou para o provador junto com a vendedora que a auxiliaria, Demi aproveitou para caminhar pela loja e dar uma olhada nas roupas, se ela gostasse de algo poderia levar. Não tinha planos nenhum para a virada do ano, mas poderia procurar algo para vestir em outras ocasiões. Enquanto observava as roupas, Demi avistou a parte infantil e decidiu ir até lá.

O sorriso nasceu nos lábios involuntariamente quando ela viu as roupas de bebês. Eram tantos vestidos e macacões um mais lindo que o outro. Ela olhou para um sapatinho marrom e pegou nas mãos, observando-os. Era tantas coisas lindas e por um momento, Demi imaginou um bebê em seus braços vestindo aquelas roupinhas. 

— Achei você. — Selena disse atrás de Demi, assustando-a. — Me desculpa. — Pediu e Demi balançou a cabeça. 

— Eu só... estava vendo as roupinhas. — Falou pensativa. — Já escolheu? — Perguntou e Selena assentiu mostrando o vestido que levaria. Demi sorriu e as duas caminharam até o caixa para pagar, enquanto caminhavam, Demi olhou para trás novamente olhando para as roupinhas de bebê e sentiu o coração apertar. — Podemos ir comer? Eu estou com muita fome. — Pediu praticamente implorando. 

— Vamos, eu conheço um restaurante italiano na praça de alimentação que as massas são perfeitas. — Demi assentiu e elas caminharam até a praça de alimentação. 

— Você vai passar o ano novo aonde? — Demi perguntou quando já estavam acomodadas em uma mesa. O restaurante era simples, mas muito bem arrumado, os lustres no teto tinham uma luz baixa e deixava o lugar mais confortável e aconchegante. 

— Havaí, querida. — Respondeu jogando o cabelo fazendo Demi rir. — O convite ainda está aberto, imagine que bom seria aproveitar e esfriar a mente naquelas praias paradisíacas, sem contar que teria tempo para pensar melhor nas decisões que você tomou nos últimos dias... 

— Se você está falando sobre... 

— Demi, de coração... eu acho que você só quer fazer isso porque está com medo de perder um emprego que você nem começou ainda. Eu sinceramente acho que se você fizer, você vai acabar se arrependendo. Pensa melhor, Joseph quer tanto esse bebê, ele sempre sonhou em ter muitos filhos e uma família grande, imagine um bebezinho com a sua carinha ou a carinha de Joe, como Alana ficaria feliz em ser a irmã mais velha... você não vai estar sozinha, você vai ter Joe ao seu lado, vai ter Kristen, seus pais, Kelly e eu. — Demi conseguia imaginar perfeitamente um bebezinho em seus braços. Joseph e Alana sorrindo emocionados e animados com aquele pequeno pacotinho. Imaginou o bebê já maiorzinho correndo e andando pela casa atrás de Alana, imaginou ele aprendendo as primeiras palavras e dando os primeiros passinhos. 

— Você está me fazendo chorar. — Demi resmungou limpando as lágrimas que desciam pelas bochecha. 

— Pensa melhor, amiga. Você disse que está cansada dessas brigas com Joseph e eu acho que essas brigas só vão acabar se você decidir ter esse bebê, não mate o sonho do Joe dessa maneira. Eu sei que cuidar de uma criança não deve ser fácil e que você tem traumas por tudo o que aconteceu quando você engravidou de Alana, mas agora vai ser diferente, você e Joe estão juntos, tem uma boa estrutura de vida, não vai ser fácil, mas vocês vão enfrentar as dificuldades juntos. 

— Com licença. — O garçom pediu trazendo os pratos. Demi limpou as lágrimas e agradeceu. Talvez ter um bebê não seria tão ruim, se ela perdesse o emprego, poderia arrumar outro ou até mesmo voltar para Mayer. Ela amava Joseph e não queria acabar com a família que eles estavam construindo, sabia que ele seria um pai perfeito porque ele era perfeito com Alana. As dificuldades viriam, mas eles poderiam fazer aquilo juntos.

Elas comeram conversando vez ou outra porque Demi estava pensativa. — Podemos voltar naquela loja? — Demi perguntou mordendo o lábio inferior. Estava certa sobre a decisão que havia tomado. — Eu preciso comprar uma coisa lá. — Selena assentiu sorrindo. Enquanto caminhavam de volta para a loja, Selena pegou o celular do bolso e checou suas mensagens, ela abriu o Instagram e o atualizou, a foto que apareceu em seu feed a fez franzir o cenho. 

— Eu vou matar o Joseph. — Disse alto demais e se arrependeu porque Demi já estava atenta também olhando para o celular de Selena. 

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alô, alô, graças a Deus... olha só quem voltou em menos de duas semanas? é um milagre hehe 
nem acredito que consegui escrever essa capítulo tão rápido, eu ia esperar um pouco mais para postar, porém como eu quero adiantar um pouco as coisas decidi postar logo, eu juro que esse drama todo em volta deles está acabando, o próximo vai ser essencial para o fim de todo esse drama e bem - ele já está finalizado - \o eu preciso reler pra ver se vou precisar mudar alguma coisa, mas confesso que chorei enquanto escrevia, culpa da tpm... enfim 

me digam a opinião de vocês e prometo tentar não demorar
respostas do capítulo anterior no próximo, até mais
bjsssss

12/11/2020

13. Merry Christmas

— Merda! — Demi resmungou levantando da cama rapidamente, correndo em direção ao banheiro. Ela precisava urgentemente dar um jeito naquela situação, não aguentava mais colocar tudo o que comia para fora e se sentir fraca. Ela precisava estar forte para encarar os problemas pelos quais estava passando. A porta do banheiro foi aberta, mas Demi não olhou para trás, apenas respirou fundo e quando uma nova onda de náusea veio forte, ela abaixou-se colocando o restante do que havia comido no café da tarde para fora. 

— Mamãe. — Alana chamou se aproximando da mãe, tocando-a carinhosamente nas costas. — Você está doente? Eu vou chamar a vovó. — Disse e Demi negou rapidamente. — Mas, mãe... você está doente, a gente precisa ir no médico. — Quando sentiu que não iria vomitar mais, Demi fechou a tampa do vaso e sentou em cima após dar descarga. 

— Meu amor, eu não estou doente. — Demi falou calmamente e para não deixar a filha apavorada, ela entrelaçou suas mãos e deu um breve beijinho. — Eu só comi algo estragado, eu já estou melhor, não precisa se preocupar, o.k? — Alana olhou para a mãe em dúvida, mas assentiu com a cabeça. — Prometa para mamãe que você não vai falar nada para os seus avós, não vamos preocupá-los sem motivos, tudo bem? 

— Tudo, mas se você sentir que vai vomitar de novo, você deixa eu contar? 

— Deixo, meu amor. — Demi sorriu. Ela tinha uma filha tão especial. Alana sorriu e beijou a bochecha da mãe. — A mamãe vai escovar os dentes e deitar, se a sua avó perguntar diga que eu estou cansada. — Ela não deveria estar ensinando a filha a mentir, sempre dizia para a filha que ela tinha que ser verdadeira e nunca mentir, mas tudo aquilo era por um motivo maior. Alana assentiu e saiu do banheiro encostando a porta. Demi levantou, escovou os dentes e depois voltou a deitar-se em sua cama. 

O tempo lá fora estava frio, não chegava a nevar como em outros estados, mas estava frio o suficiente para ela estar vestindo um conjunto de moletom, meias e duas cobertas grossas para ajudar no combate contra o frio. Era em momentos como aquele que ela sentia falta de Joseph, como fazia falta o corpo quente dele lhe abraçando, os carinhos e os beijos intensos, sem contar a forma que eles se esquentavam enquanto faziam amor, ela sentia falta dele... estava um pouco mais de duas semanas sem fazer amor com ele, mas não sentia falta apenas disso, sentia falta da companhia dele, de compartilhar sobre o seu dia, de rir das piadas sem graça, de observar ele brincar com Alana... era uma lista enorme. 

Demi respirou fundo e limpou a lágrima solitária que desceu, buscou pelo celular na mesinha de apoio ao lado da cama e abriu o perfil dele no aplicativo de mensagens. Ele estava tão lindo usando um boné preto e a barba por fazer, os olhos verdes brilhavam mais no sol e Joe tinha um sorriso charmoso no rosto. Seria muito mais fácil se ela pudesse simplesmente arrancar todo aquele sentimento dentro dela, queria conseguir resistir à ele. 

O relógio do celular marcavam oito horas da noite, Demi deixou o celular de lado e puxou mais o cobertor. Talvez lhe faria bem se ela tirasse um cochilo até as nove horas, depois que acordasse poderia se arrumar para passar a noite de natal com a família. E foi exatamente o que Demi fez, como ela estava grávida, dormiu profundamente com muita facilidade. 

***

— Parabéns, é um menino! — O médico disse entregando o bebê recém nascido nos braços de Demi. Joseph olhou para o pequeno bebê que chorava nos braços da mãe, era o seu tão sonhado garoto. Não tinha explicação para a sensação que estava sentindo. Seu coração estava tão acelerado e ele não conseguiu conter as lágrimas. Sua família estava finalmente completa. 

— É o nosso garotinho, Joseph. — Demi falou o olhando com as lágrimas descendo pela bochecha, ela estava deitada na maca e olhava para o marido com um lindo sorriso nos lábios. Aquele com certeza era um dos melhores dias da sua vida!

Joseph suspirou profundamente e deixou a água quente molhar seu corpo levando para longe a lembrança daquele sonho. Ele estava se sentindo estranho desde que acordou, aquele sonho havia mexido com ele e Joe não queria se sentir daquela maneira. Pensar demais na gravidez de Demi não estava lhe fazendo bem e ele precisava mudar o rumo dos pensamentos antes que aquilo lhe fizesse ainda mais mal. 

Joe saiu do banho alguns minutos mais tarde e caminhou diretamente para o closet. Era oficialmente natal e eles passariam aquele feriado em família, precisava estar bem para aproveitar aquela data com a filha. Joseph vestiu o suéter natalino que usava todos os anos com a filha e a esposa, vestiu uma calça jeans de lavagem escura e procurou pelos tênis. Passou perfume e verificou em frente ao espelho se estava tudo ok, buscou pela chave do carro e a carteira e desceu em direção à sala aonde a mãe esperava por ele. — Já está pronta? — Kelly assentiu e foi até a cozinha buscar as duas tortas que ela havia feito para levar. Eles saíram trancando a porta do apartamento e esperaram o elevador que os levaria até a garagem do condomínio.

— Selena vai encontrar a gente lá? — Kelly perguntou após colocar o cinto de segurança. As casas do bairro estavam perfeitamente enfeitadas, os pisca-piscas brilhavam iluminando as ruas. Joe não podia negar que era um dos seus feriados favoritos, o clima de união era tão aconchegante e ele esperava que pelo menos naquela noite todos os problemas ficassem de lado para que pudesse ter um tempo bom com a filha sem preocupação nenhuma. 

— Ela me mandou uma mensagem e vai encontrar a gente mais tarde, ela está na casa de algumas amigas. — Joe respondeu focado na estrada. 

— Você está confortável com essa situação? Qualquer coisa nós podemos voltar e preparar um jantar apenas para nós, você passou o dia pensativo e com a cara fechada, você está assim desde que brigou com Demi. Eu sinto que tem algo te incomodando além dessa briga toda e você não quer falar. 

— Mãe, vamos deixar isso para outro dia. É natal e eu só quero ter um bom momento com a minha filha, por favor, não toca nesse assunto quando estivermos lá. — Pediu porque não queria um clima pesado aquela noite. Kelly assentiu e mudou o rumo da conversa. 

A casa dele e de Demi não estava muito diferente das demais, eles haviam enfeitado juntos há alguns dias atrás, os pisca-piscas iluminavam a casa, havia um boneco de neve médio brilhando no quintal e uma guirlanda grande na porta. Joe estacionou o carro ali em frente e desceu com a mãe, caminhando até a porta. Ele abriu e sorriu ao ver que todos estavam reunidos na sala, os cachorros latiram animados e correram em direção ao dono, uma música natalina tocava na televisão e todos conversavam animadamente. 

— Papai, você chegou! — Alana sorriu e correu para abraça-lo, disputando a atenção do pai com os cachorros. Ela estava vestindo um suéter igual o de Joseph e uma calça também com tema natalino e na cabeça uma tiara de rena. — Eu estou feliz que estamos todos reunidos, a mamãe não está se sentindo muito bem, mas ela disse que já vai descer. — Alana falou baixinho no ouvido do pai, recebendo um beijo demorado na bochecha, a mãe não havia lhe dito nada sobre contar para Joe o que havia acontecido.

Joe ajudou a mãe a colocar as tortas em cima da mesa com o restante da ceia. Ele cumprimentou os sogros com um breve abraço, sentou ao lado da filha no sofá e agradeceu quando o sogro lhe ofereceu uma taça de champanhe. — Está tudo bem por aqui? — Perguntou estrategicamente para entender melhor como estava o clima da casa. 

— Está, só Demi que passou a tarde deitada e não quis comer nada, eu acho que é toda essa situação entre vocês, ela tem estado muito triste esses últimos dias, eu ia até te perguntar se aconteceu outra briga entre vocês porque ela não estava tão triste como está aparentando agora. 

— Não, não aconteceu mais nenhuma briga entre nós. — Joe disse pensativo passando os últimos dias em sua mente, nada novo tinha acontecido, eles conversavam apenas o básico. — Eu vou subir para falar com ela. — Falou se levantando e deixando a filha sentada em seu lugar no sofá. Ele subiu as escadas e encarou a porta do quarto que costumava ser seu, suspirou profundamente e bateu levemente na porta. — Demi? — Chamou baixinho abrindo a porta do quarto quando não teve resposta. Como o quarto estava escuro, ele usou a luz do celular para guia-lo até o abajur, ascendendo a luz fraca. — Querida. — Chamou novamente, levando a mãe até o rosto dela para tirar uma mecha do cabelo.

— Hm? — Murmurou baixinho abrindo os olhos para encara-lo. Demi estava pálida e os olhos cansados, ela estava se sentindo tão cansada e infelizmente o enjoo ainda não havia passado. Joe se aproximou e se sentou na beirada da cama, tocando-a gentilmente na testa para ver se ela estava febril. — Eu estou enjoada, não consegui comer nada e me sinto cansada. Hoje ele não está para brincadeira. — Falou suspirando.

— Você não comeu nada o dia inteiro? — Joe perguntou preocupado. 

— Eu tomei só um pouco de chá para me ajudar com os enjoos, eu estava com um pouco de dor de cabeça também, mas passou depois que eu dormi. Estou esperando o enjoo passar mais um pouco para levantar e ir aproveitar a noite com vocês. — Demi disse o observando. — Você está vestindo o suéter. — Falou deixando um pequeno sorriso nascer nos lábios, era o suéter que eles vestiam sempre no natal, era bom saber que ele havia lembrado daquele pequeno detalhe tão importante para a família deles. 

— Sim, é importante para nós. — Joe falou também sorrindo. — Você precisa levantar e vestir o seu para continuarmos a nossa tradição, eu vou descer para trazer algo para você comer, não é bom para você ficar o dia inteiro sem comer, tem algo que não te deixe enjoada? — Perguntou a olhando.

— Obrigada, mas eu não quero comer nada agora...  as chances de eu colocar tudo para fora são grandes e eu não quero que ninguém perceba nada, principalmente a sua mãe, ela sempre acha que eu estou grávida... eu quero evitar. — Joseph apenas assentiu. Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas se olhando. Quanto tempo fazia que eles não tinham um momento juntos? 

Joe sentia a falta dela. Sentia falta de estar em casa, todas as noites quando se via dormindo sozinho na cama de casal no apartamento em que a mãe morava, a saudade lhe batia com força. O corpo dela se aninhando sobre o seu, o sorriso que ela esbanjava quando ele dizia que lhe amava, a forma como se amavam, as risadas e as fofocas que contavam entre risadas e gargalhadas madrugada adentro... — Deita aqui comigo. — Demi pediu e o Joe o olhou de maneira duvidosa, porque por mais que sentisse a falta dela, ele não queria ceder para depois se machucar. — Por favor. Só até eu me sentir melhor. — Joe tirou o tênis dos pés e se aproximou, puxando o edredom, deitando de frente para ela.

Demi fechou os olhos e o abraçou pela cintura, puxando-o para mais perto. Era tão bom sentir o cheiro dele, sentir os braços em volta da sua cintura e a mão alisando suas costas. Ela com certeza não acharia ruim de passar o natal daquela maneira: deitada nos braços do homem que amava. Por mais que não quisesse estragar aquele momento, ela precisava contar sobre os acontecimentos recentes porque não queria mais esconder nada dele. 

— Eu não queria estragar esse momento com esse assunto, mas eu quero que você saiba por mim. — Demi começou a dizer abrindo os olhos para encara-lo. — Eu pedi demissão da Mayer essa semana. — Disse o olhando atentamente. — Eu não sei se eu fiz a escolha certa, mas eu preciso tentar... se eu quebrar a cara, eu não vou me importar se você disser "eu te avisei".

— Tudo bem, Demi. — Joe disse. — Eu espero que você seja feliz nesse novo caminho, de verdade. — Ele não estava decepcionado, bravo ou chateado. Já esperava por aquilo, Demi arrumar outro emprego, não pesava mais em nada, sua maior preocupação no momento era o aborto que ela estava cogitando fazer. Ele realmente esperava que ela havia feito a decisão certa e que ela fosse feliz e bem sucedida no novo emprego, jamais desejaria o mal para uma pessoa que ele amava tanto.

— Obrigada. — Demi falou sorrindo por não ter tido uma reação negativa dele, aquilo já era alguma coisa. Eles sorriram enquanto se encaravam, havia tanto tempo que não ficavam daquela maneira, apenas curtindo a companhia um do outro. Demi levou a mão até o rosto dele e acariciou delicadamente com o dedão, fechou os olhos e suspirou satisfeita quando sentiu os lábios de Joseph sobre os seus. Ah como o amava. 

Joseph intensificou o beijo quando as línguas se tocaram, faziam muito tempo que não tinham um momento como aquele e por isso não demorou para que o corpo começasse a reagir aquela aproximação. Joe levou a mão até a cintura dela por dentro do moletom, Demi suspirou separando o beijo com um selinho demorado. Ela mordeu o lábio inferior e começou a beija-lo no pescoço enquanto a mão trabalhava em tocar o abdome definido de Joseph. Demi avançou sobre Joe, sentando no colo dele, iniciando um novo beijo, porém Joe a segurou pela cintura e a deitou novamente na cama, separando o beijo. — Demi... — Joe suspirou ofegante.  O corpo dele também implorava pelo o dela, as mãos dele imploravam para tocar o corpo que ele tanto amava, mas aquele não era o melhor momento. Demi estava grávida e eles não tinham nenhuma informação sobre a gravidez dela. — Não vai acontecer nada agora. — Disse com toda calma e serenidade do mundo para que Demi não entendesse errado. 

— Você não está se sentindo bem, você está grávida... e eu não quero forçar nada. 

— Tudo bem... — Demi disse tentando entender o lado dele, mas não conseguiu evitar os pensamentos que invadiram a sua cabeça. Ele não a queria porque estava com outra? Ela sabia como uma gravidez funcionava, o corpo iria mudar, ela iria ganhar peso... aliás, ela já sentia algumas mudanças, o quadril parecia mais largo, os peitos estavam maiores e barriga não era mais lisinha como antes. Talvez fosse por isso que Joseph não a queria, ela não era mais atraente como antes, Madison era nova, tinha o corpo de uma modelo... Demi não deveria estar se comparando com uma garota de vinte anos, ela não se achava a oitava maravilha do mundo, mas tinha noção da beleza que possuía, por isso tentou expulsar aqueles pensamentos da sua cabeça porque aquele não era o melhor momento. 

— Eu sonhei com você. — Joseph falou quebrando o silêncio, ao lembrar do sonho, o sorriso bobo estampou seu rosto. No sonho ele não via o rosto nítido da criança, mas sabia que a Demi havia dado a luz a um garotinho lindo. — Sonhei que você dava a luz a um lindo garotinho... — Num gesto automático, Joe adentrou a mão até a barriga dela por dentro do moletom, alisando carinhosamente. — E nós estávamos tão felizes. — Ele não esperava aquela reação negativa da esposa. Demi revirou os olhos e tirou a mão dele da sua barriga de forma brusca, o sorriso se fechou e ela voltou a ficar séria. 

— Sai do meu quarto. — Demi disse séria se afastando bruscamente dele, por um momento Joe não entendeu o que estava acontecendo. — Para com essa merda, Joseph, para de tentar mudar a minha mente, para de dizer essas coisas só para fazer com que eu me sinta mal com as minhas escolhas. É a minha decisão e você deveria respeita-la. Eu só quero ficar em paz e sem nada entre nós.

 — Nós nunca iremos ficar em paz enquanto você não mudar de ideia, eu perdoo tudo, Demi. Você pode trocar de emprego, você pode ter mentindo e escondido coisas de mim, eu não me importo mais, eu juro que não, mas eu não vou te perdoar se você fizer um aborto. Eu amo você e eu quero muito que a gente se resolva e fique em paz novamente, mas isso não vai acontecer enquanto você não tirar essa ideia doida da sua cabeça. 

— É o meu corpo, Joseph. E eu decido o que fazer com ele. Hoje é natal, porque diabos você tocou nesse assunto? A gente tinha combinado de manter um clima legal para a nossa filha, mas você tinha que tocar nesse assunto e estragar tudo? Você sabe como esse assunto me estressa e você fez isso por maldade, apenas para me tirar do sério.

— Exatamente, é natal, eu pensei que poderia fazer você mudar de ideia, pensei que o meu sonho fosse algum tipo de aviso, mas acho que foi apenas o universo me mostrando algo que eu nunca terei. Mas quer saber? Pra mim já deu, eu cansei! Faz o que você quiser, eu realmente não me importo mais, estou lavando as minhas mãos, não conte comigo mais para nada. Acabou. 

Demi respirou fundo tentando controlar as lágrimas que queriam descer. Ela se sentou na cama e suspirou, não iria mais derramar uma lágrima por Joseph. Sua cota já havia chegado ao limite, precisava continuar com a cabeça erguida e tomando suas próprias decisões. Demi caminhou até o banheiro e se despiu, já era mais de dez horas da noite e ela precisava descer para passar a virada da noite com a sua família. 

A ducha quente ajudou com que Demi relaxasse. Ela suspirou gostando da sensação do corpo aquecido, ela ficou ali por minutos aproveitando o banho quente, quando sentiu que estava mais calma, ela desligou o chuveiro, enrolou-se em uma toalha branca e caminhou diretamente para o closet. Demi vestiu a calcinha preta de algodão, uma calça legging também preta e colocou o suéter de natal que combinava com o de Joseph e de Alana. Ela prendeu o cabelo num rabo de cavalo alto e suspirou caminhando em direção da sala. 

— Finalmente, eu já estava preocupado. — George disse quando a filha chegado na sala. — Você está bem? — Perguntou preocupado quando Demi sentou ao seu lado deitando a cabeça em seu ombro. Ela encarou Joseph brevemente e desviou o olhar assentindo com a cabeça. Selena que estava sentada ao lado de Alana no tapete, apenas observou atentamente. 

— Estou, foi apenas estresse. — Deu os ombros e agradeceu mentalmente quando o pai lhe abraçou fazendo carinho em seu cabelo, ela estava precisando de um carinho do pai. 

— Vamos jogar banco imobiliário? — Alana sugeriu, a garotinha tinha vários jogos de tabuleiro porque era um dos passatempo da família. Alana sorriu quando todos assentiram e subiu correndo para buscar o jogo que estava em seu quarto, eles se posicionaram no carpete da sala enquanto as músicas natalinas tocavam pela sala e rapidamente a garotinha chegou com o jogo em mãos. 

— Eu e Demi estamos falidas. — Selena disse minutos mais tarde após perder o jogo junto com Demi. — Eu perdi todas as minhas habilidades de contadora. — Resmungou levantando-se para sentar ao lado de Demi no sofá. 

— Você nunca teve essa habilidade, Selena. — Joe falou focado no jogo. Ele e Alana eram tão competitivos, sempre que jogavam esses jogos ele e a garotinha eram os últimos a perder. 

— Vocês podem ir dar uma olhadinha no pernil? — Clarice pediu e Demi e Selena assentiram e caminharam juntas até a cozinha. Selena buscou a luva térmica e abriu o forno adorando o cheirinho que espalhou pela cozinha, ela tirou o pernil que já estava assado do forno e colocou em cima da pia. 

— Você e Joseph brigaram? — Perguntou sentando ao lado de Demi ao redor da mesa da cozinha. 

— Ele não aceita a minha decisão. — Ela olhou para os lados para ver se não tinha ninguém por perto. — Eu estou exausta e perdida. Não quero mais perder tempo com essas discussões que não vai nos levar para lugar nenhum, amanhã mesmo eu vou procurar uma clínica e... fazer o que eu tenho que fazer, eu preciso fazer logo antes que a barriga cresça mais

— Demi, você tem certeza sobre isso? Eu não vou te julgar se você fizer, mas talvez você esteja se precipitando, o meu medo é você fazer e se arrepender e depois ficar com essa culpa nas costas. Sem contar que é um procedimento muito perigoso e tem que ser feito em um lugar de confiança, você vai estar correndo risco de vida. 

— Nicholas me mandou uma mensagem hoje de manhã, ele disse que eu posso passar lá essa semana para assinar os papéis, depois que eu assinar, eu vou passar em algumas clínicas, pesquisei no Google e achei algumas com boas avaliações. 

— Se você quiser, eu posso ir com você. Joseph provavelmente vai me odiar por estar fazendo isso, mas eu não posso deixar você fazer isso sozinha. Eu respeito a sua decisão de não querer ter esse filho, mas ainda sim me preocupo com a sua saúde tanto física quanto mental. — Kelly encarou Demi de longe e deu meia volta para sala, ela não havia escutado toda a conversa, mas ouviu parte o suficiente para entender tudo o que estava acontecendo. 

— Obrigada pelo apoio, Sel. — Demi agradeceu e sorriu quando foi abraçada de uma forma tão carinhosa que sentiu vontade de chorar porque fazia tempo que não recebia um carinho tão singelo e verdadeiro. Elas ficaram longos minutos ali conversando e rindo. Minutos depois, todos estavam reunidos na enorme mesa para jantar. A mesa estava um caos, Joseph conversava com George sobre os seus projetos para o próximo ano, Clarice comentava com Selena sobre a viagem que fariam para Disney, Alana estava entretida com o filme que passava na televisão e Kelly observava Demi que também estava quieta olhando para o prato como se fosse um bicho de sete cabeças. 

— Vai comer só isso, Demi? — Kelly perguntou a olhando atentamente levando um pedaço do pernil a boca. Demi a encarou com o cenho franzido e assentiu com a cabeça, ela estava se sentindo fraca e sabia que ficar sem comer não era a melhor opção, por isso levou um pouco do purê a boca. 

— Eu não estou com muita fome. 

— Mas querida, você não comeu nada o dia inteiro. — Clarice disse preocupada o que chamou atenção de todos na mesa. Demi olhou para Kelly deixando claro pelo olhar que não havia gostado daquela atitude dela, sabia muito bem o que a mulher estava tentando insinuar e não iria permitir que aquilo acontecesse. 

— Eu também não estou com muita fome. — Selena falou quando o silêncio tomou conta da mesa. — Eu e Demi estamos naqueles dias chatos em que ficamos inchadas e não queremos comer nada. — Disse olhando brevemente para Demi que apenas assentiu com a cabeça concordando com Selena. 

— Mãe, não tem problema se você não quiser comer tudo, a gente guarda um pouco para você comer amanhã. — Alana disse dando um gole no suco de laranja. Demi sorriu para a filha e deu-lhe um beijo na bochecha. Rapidamente e conversa tomou um rumo diferente na mesa, Demi ainda se sentia incomodada com os olhares que recebia da sogra, mas resolveu ignorar e começar a interagir com todos da mesa. 

O jantar seguiu calmo e tranquilo, eles conversavam sobre um assunto que englobavam todos da mesa tornando o jantar agradável e divertido. Depois do jantar, eles foram para o quintal assistir os fogos de artifícios natalinos. Os vizinhos estavam todos reunidos em suas calçadas para assistir ao festival de fogos. Selena estava próxima à Kelly, George e Clarice estavam abraçados e Joe estava com Alana sentada em sua nuca. Demi se aproximou deles e não conseguiu conter o sorriso quando foi abraçada por Joseph, ela se aconchegou no peito dele e então o céu encheu de cor, mostrando que era oficialmente natal. 

— Feliz natal. — Demi, Joe e Alana disseram juntos e se abraçaram. Demi não queria chorar, mas foi impossível conter as lágrimas naquele momento. Ela sentia tanta falta da sua família reunida e estava muito grata por aquele momento. Eles ficaram abraçados por alguns minutos, apenas aproveitando aquele momento gostoso. Joseph suspirou e beijou carinhosamente o topo da cabeça da esposa, ele a amava demais, por mais que tentasse rejeitar aquele sentimento por raiva, ele sabia que era algo forte que não iria acabar tão facilmente. 

— Podemos abrir os presentes de natal? — Alana perguntou animada para saber o que havia ganhado de presente de natal. Eles riram e assentiram se afastando para dar felicitações para o restante da família. Após trocarem beijos e abraços, eles entraram para finalmente abrir os presentes de natal. A noite passou num piscar de olhos e apesar de todos os conflitos que estavam enfrentando naqueles últimos meses, passar aquela data reunida com a família havia sido gratificante. 

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eu não sei se esse capítulo ficou bom, ele não saiu do jeito que eu queria, mas acontece... me digam o que acharam nos comentários... o próximo promete ~hehe~

respostas dos comentários aqui | vou tentar não demorar a escrever o próximo

bjsss

17/10/2020

12. My Fault



— Mãe, eu estou errada por querer crescer profissionalmente? — Demi perguntou de repente encarando a mãe. Estavam apenas as duas sentadas em volta da mesa da cozinha tomando o café da manhã. Demi mal havia conseguido pregar os olhos durante a noite, tantas coisas se passavam pela sua cabeça e ela não conseguia tomar uma decisão, precisava dar um jeito na bagunça que estava em sua vida. — Eu juro que não fiz nada por maldade, eu nunca fiz nada na intenção de machucar Joseph. Eu só queria fazer o que era o melhor para mim e para a minha vida profissional. 

— Querida, não tem nada de errado em querer crescer, em querer buscar algo maior... o que acontece é que você tomou uma decisão precipitada, Joseph é o seu marido, vocês tem um compromisso um com outro, em um casamento não pode haver mentiras e segredos, isso é a chave para a destruição de uma união. Eu acho que vocês dois deveriam conversar sobre tudo o que aconteceu, colocar todos os pratos na mesa e ser sincero um com o outro, vocês são jovem, e ainda vão enfrentar muitas turbulências na vida. 

— Ele não quer mais saber de mim, até a aliança ele já tirou. Eu tenho certeza que Joseph está louco para se livrar de mim para ficar com aquela garota, ele está tão apressado para dar entrada no divórcio, eu nunca esperei algo assim dele. Eu aposto que ela está fazendo a cabeça dele contra mim.

— Demi, você está sendo precipitada em julga-lo dessa maneira, ele mesmo disse que essa história de traição foi tudo um mal entendido. Sem contar que Joseph estava muito cabisbaixo quando saiu daqui. Se você não acredita nele, deveria conversar com o tal de Jack e perguntar o que aconteceu. 

— Jack é um mulherengo safado, ele com certeza vai encobertar o amigo dele. 

— Filha, você está se ouvindo? A cada cinco palavras, quatro você julga o seu marido. Parece até que você não conhece o homem com o qual você é casada há anos. — Clarice disse olhando para a filha com a sobrancelha arqueada. Demi ainda abriu a boca para rebater, mas nada saiu. George e Alana adentraram na cozinha de mãos dadas e sorrisos animados no rosto. 

— Nós vamos dar uma volta na praia hoje, quer ir com a gente? Vai ser bom para você se distrair e pensar em outras coisas. — George disse olhando para a filha. Demi sorriu e deu uma mordida na torrada, era a única coisa que não lhe enjoava de manhã. 

— Eu tenho que ir resolver algumas coisas agora de manhã, eu devo chegar em casa depois do almoço. — Disse Demi dando um beijo carinhoso na filha. — Comporte-se, o.k? Qualquer coisa me liguem. — Ela se despediu da filha e dos pais e observou eles irem em direção a garagem. Demi terminou de comer e subiu para o seu quarto, tomou um banho demorado e depois vestiu uma roupa quente e confortável, mas que fosse elegante o suficiente para tratar de negócios. 

O dia estava ensolarado e ventava frio, o trânsito estava mais calmo aquele horário da manhã e Demi estava focada na estrada. Ela havia tomado sua decisão, iria pedir demissão da Mayer e não deixaria ninguém lhe julgar pela decisão que havia tomado. Iria se colocar em primeiro lugar e fazer o que era o melhor para sua vida, a oportunidade que Nicholas havia lhe oferecido era única e ela não iria recusar porque Joseph estava chateado como uma criança birrenta. 

Demetria estacionou o carro em sua vaga e desceu do carro cumprimentando os funcionários que estavam no estacionamento. Ela sentiria falta daquela empresa, foi ali que começou a trabalhar em sua profissão, todo o conhecimento prático que tinha havia vindo da Mayer e sempre seria grata por tudo, mas estava na hora de fechar aquele capítulo da sua vida. 

As portas do elevador se abriram no andar da presidência, Demi respirou fundo segurando com força sua carta de demissão que havia escrito minutos antes de sair de casa, saiu do elevador e caminhou até a mesa da secretária de Adam, conversou com ela brevemente e agradeceu quando foi liberada. Demi adentrou na sala do seu chefe e sorriu quando o avistou sentado em sua cadeira. — Eu pensei que você estava descansando, aproveitando seus dias de folga. — Adam disse sorrindo. — O que devo a honra da sua visita? 

— Eu... — Demi suspirou em dúvida sobre o que iria fazer, por mais que quisesse fazer aquilo, sentia no coração que estava sendo muito precipitada e que de alguma forma, no futuro, ela iria se arrepender. — Eu vim pedir minha demissão. — Disse entregando a carta para ele.

— Você tem certeza sobre isso? — Perguntou enquanto lia a carta em suas mãos. Demi era uma ótima funcionária e ele sabia que em qualquer empresa que ela estivesse, ela iria crescer. 

— Eu preciso criar novas experiências, testar coisas novas, você entende? 

— Entendo, querida. — Adam falou assinando a carta. — Eu não vou tentar te prender aqui, você sabe o que é o melhor para você, eu espero de coração que você seja feliz e que consiga conquistar todos os seus objetivos aonde quer que você esteja, saiba que essa empresa sempre vai estar com as portas abertas para você. 

— Obrigada, Adam. — Demi disse levantando-se para abraça-lo. — Eu fui muito feliz e realizada aqui, eu sempre vou ser grata por tudo o que você já fez por mim, por todas as oportunidades que eu recebi aqui e eu nunca vou esquecer. Os trabalhos que ficou pendentes eu vou terminar o mais rápido possível e te envio por e-mail. — Adam sorriu e limpou as lágrimas que desciam pelas bochechas de Demi. 

— Isso não é um adeus, querida. — Ele falou separando o abraço. — Ainda somos da mesma família, você sempre será como minha filha.. — Demi assentiu sorrindo e suspirou. — Você pode passar no rh para assinar todas as papeladas. Qualquer coisa que você precisar não excite em me ligar. 

— Obrigada por tudo. — Demi agradeceu novamente e após se despedir, saiu da sala caminhando em direção a área administrativa da empresa. Ela conversou brevemente com uma mulher que trabalhava no rh, assinou todos os papeis necessários e entregou seu crachá. 

— Eu ouvi dizer que você estava aqui, então aproveitei para vir te entregar uns... o que você está fazendo? — Tiago disse quando entrou na sala da sua supervisora e a encontrou guardando suas coisas dentro de uma caixa média. Demi sorriu para ele e deixou a caixa repousada em cima da mesa. 

— Eu pedi a minha demissão. — Falou. — Recebi uma proposta de emprego em outra empresa, mas não se preocupe, sempre que você precisar de ajuda pode me ligar. Eu adorei ser a sua supervisora. — Sorriu e se aproximou para abraçar o garoto que sorriu desconcertado. 

— Você foi a melhor supervisora que eu poderia ter, espero que não entre uma megera no seu lugar. — Disse brincalhão fazendo Demi rir. 

— Você sabe me dizer se Jack está na empresa? — Demi perguntou pensando no que sua mãe havia dito. 

— Acredito que não. — Eles continuaram conversando sobre a profissão que compartilhavam e como havia sido divertido trabalhar juntos, Tiago ajudou Demi a arrumar suas coisas e depois de tudo arrumado, Demi escreveu um breve e-mail se despedindo de todos os seus colegas de profissão. 

Demi estava sentada na padaria da família do seu antigo amigo. Estava perto do almoço e a barriga estava roncando alto, ela precisava ir ao médico urgente porque a cada dia que se passava o bebê se mostrava cada vez mais presente ali, todos os sintomas de uma gravidez e a barriga começando a crescer, sempre tentava ao máximo não pensar que havia um bebê em sua barriga. — Eu não acredito no que os meus olhos estão vendo. — Demi disse sem acreditar que Ryan estava em sua frente segurando uma bandeja com seu pedido. 

— É ótimo te ver de novo, Demi. — Ryan falou servindo o pedido de Demi que se levantou e o abraçou, havia alguns anos que não via o velho amigo. — Você continua linda. — Disse após separar o abraço e observar a amiga atentamente. Demi sentou-se e o puxou para que ele sentasse ao seu lado. — Como você está? 

— Eu estou bem, e você? Por onde você andou durante todos esses anos? — Demi perguntou curiosa dando uma mordida no seu croissant favorito. 

— Por vários países, fiz vários intercâmbios até conseguir um emprego fixo em Nova York, faz um ano mais ou menos que estou morando em Nova York, comprei um apartamento lá e estou noivo faz três meses. 

— Uau, parabéns! — Demi sorriu feliz por ver que Ryan estava bem, eles não se falavam desde que haviam cortado laços anos atrás, mas toda raiva e ressentimento haviam ficado no passado e agora havia apenas carinho um pelo outro e pela amizade bonita que já tiveram um dia. — Aonde está sua noiva? Eu quero muito conhecê-la. 

— Ela não pôde vir, ela é enfermeira então as folgas dela são uma bagunça, dessa vez ela não conseguiu vir, mas não vai faltar oportunidades. — Demi assentiu. — Me conta sobre você, ainda está casada com Joseph? Alana deve estar enorme, meu Deus, estou morrendo de saudades dela. 

— Alana está com oito anos, está cada dia maior e mais sapeca. — Demi disse sorrindo. Era uma sensação tão boa saber que um velho amigo estava bem e feliz. — Você pode passar lá em casa para vê-la, tenho certeza que ela vai adorar. 

— Será que ela ainda lembra de mim? E Joseph não vai ficar com raiva? Não erámos muito fãs uns dos outros. — Riu lembrando de como era apaixonado por Demi e sentia raiva de Joseph por ele estar em seu lugar, era engraçado como o tempo passava e tudo mudava, agora ele ria daquela situação, mas na época não era nada engraçado. 

— Eu e Joseph não estamos num dos nossos melhores momentos ultimamente, mas você sempre será bem-vindo na minha casa. — Demi disse tocando a mão dele carinhosamente. No mesmo instante Demi ouviu alguém tossindo ao seu lado, ela virou o rosto e encarou Jack ao seu lado. Ele a olhava com a sobrancelha arqueada, havia ligado para ele quando saiu da empresa e pediu para que ele lhe encontrasse ali na padaria. 

— Estou atrapalhando algo? — Jack perguntou os olhando. 

— Jack esse é Ryan, um velho amigo. Ryan, esse Jack, amigo de Joseph. — Demi os apresentou, Jack encarou Ryan seriamente e o cumprimentou com um aperto de mão sem deixar de olha-lo. 

— É um prazer conhecê-lo, Jack. Eu vou deixar vocês conversarem a sós, depois a gente continua nossa conversa, foi ótimo te ver novamente, Demi. — Demi assentiu com um sorriso e recebeu um beijo carinhoso no topo da cabeça. Jack observou Ryan se afastar e puxou uma cadeira, sentando-se de frente para Demi. 

— Eu não tenho nada a ver com os seus assuntos, mas se você tiver colocando um par de chifre na cabeça do meu amigo, eu juro que... 

— Ryan é apenas um amigo antigo, o pai dele é dono dessa padaria, Joseph o conhece, pode ficar tranquilo, eu não estou devolvendo o chifre que eu recebi. — Demi disse irônica.

— Eu já imagino sobre o que você quer conversar. Joseph me contou o que anda acontecendo entre vocês e se você quer me perguntar quem foi que deu o colar para Madison, fui eu. Eu pedi o cartão de Joe algumas semanas atrás e ele me emprestou, eu comprei o colar numa joalheria no shopping perto da empresa e dei para ela como presente de natal. Pode ir lá checar se você quiser.

— Jack, por favor, não mente para mim, meu casamento está prestes a acabar por conta desse maldito colar. 

— Será que é por causa do colar mesmo, Demi? Você já parou para pensar nas atitudes que você está tendo ultimamente? Você quis acabar com o seu casamento por conta de um colar que você deduziu que o seu marido deu para outra mulher, você nem tinha provas concretas sobre ele, colocou isso na cabeça e o acusou de algo que ele não fez, mas você mentiu para ele e escondeu coisas dele, e acha que ele não tem direito de estar chateado com você. Demi, você tem todos os seus motivos para não gostar de mim, eu sei que sou um cafajeste, que sou mulherengo, durmo com as mulheres e não lembro o nome delas no dia seguinte, e eu não vou mentir para você, eu já estive com Joe em diversas situações, já vi mulheres gostosas para caralho dar em cima dele e ele nem olha-las, ele já teve várias oportunidades para te trair e você nunca saberia, ele estando bêbado para caralho e negando todas as mulheres que cruzavam o caminho dele. Joseph é um ótimo pai e um marido incrível, mas você está sendo egoísta e vai perder um homem incrível porque é idiota. 

— Claro, eu sempre sou a culpada de todas as coisas erradas que acontece. Por que ele não me contou que havia emprestado o cartão para você comprar um colar para ela? Me desculpa, mas a sua amante é apaixonada pelo meu marido, eu tenho os meus motivos para ter as minhas paranoias, eu sempre alertei Joseph sobre essa garota, ele sabia das intenções dela e nunca se afastou. 

— Joe realmente sabia das intenções dela, mas nunca viu problema porque nunca retribuiu, sempre deixou claro que amava você e que você era a mulher da vida dele, todas as mulheres daquela empresa sabe que você é casada com ele, ele sempre deixou claro isso. Eu não sei o que vai acontecer com o casamento de vocês, mas se acabar, a culpa vai ser sua. — Jack disse a olhando nos olhos e depois levantou saindo do estabelecimento. 

Demi respirou fundo várias e várias vezes, de repente ela estava se sentindo sufocada, parecia que todo o ar havia sumido de seus pulmões. As palavras de Jack soavam em sua mente. A culpa é sua. Será que ela estava tão errada assim? Por que as coisas não podiam ser tão simples para ela? Tudo o que queria era crescer profissionalmente, ser feliz com a sua profissão e com a sua família. Não era pedir muito. Demi levantou-se pegando sua bolsa, foi até o caixa pagar pelo pedido que havia deixado pela metade e saiu da padaria caminhando até a praça que havia ali em frente, sentou-se num banco e suspirou tampando o rosto com as mãos. 

— Demi, que bom te encontrar aqui. — Nicholas disse tocando o ombro de dela. Demi levantou a cabeça limpando as lágrimas e sorriu, estar grávida era complicado porque tudo era motivo para chorar. — Aconteceu alguma coisa? — Nick perguntou sentando ao lado dela. — Eu não sei o que está acontecendo, mas se precisar desabafar, eu estou aqui para você. — Demi suspirou e ele a puxou gentilmente para um abraço. 

— Minha vida está de cabeça para baixo, meu casamento está enfrentando muitos problemas ultimamente e a culpa é minha. Eu não sei o que fazer, Joseph não quer que eu vá trabalhar na empresa de vocês, mas eu acabei de pedir minha demissão. Eu acho que acabei de foder com o meu casamento para sempre. — Ele suspirou e se afastou brevemente para limpar as lágrimas de Demi. 

— Ei, você é uma mulher incrível, você é independente e forte, tudo o que você já tem, você conquistou por mérito seu. Seu marido deveria estar orgulhoso de você, orgulhoso por você ter conseguido conquistar um cargo tão importante e tão grande com tão pouco tempo de carreira, você é uma mulher maravilhosa e o homem que te deixar ir com certeza vai ser um idiota. 

— Obrigada por isso. — Demi disse sorrindo. Ela sabia que a questão não era só a troca de empresa, que havia muitas coisas e que ela também estava errada na história, mas agora que havia pedido demissão, ela pensava que a chance de conseguir concertar seu casamento havia caído muito. Nicholas se aproximou mais dela no banco e colocou uma mão inocentemente no joelho de Demi, ele sorriu para ela e colocou uma mecha do cabelo que caia sobre o rosto dela atrás da orelha. Ele passou o braço livro sobre o banco por trás das costas de Demi e a olhou nos olhos. 

— Você é inteligente, nunca deixe um homem te privar de seguir os seus sonhos. — Tudo bem, Nicholas era um homem atrativo, era bonito e charmoso, mas seu coração ainda pertencia à Joseph e ela jamais faria algo para magoa-lo de propósito, foi pensando nisso que Demi virou o rosto e se afastou. 

— Você é um cara ótimo, Nicholas. Mas eu acho melhor a gente manter nossa relação profissional, eu sou casada e por mais que eu não esteja num dos meus melhores momentos, eu ainda amo o meu marido. — Era nítido a cara de decepção de Nicholas, mas ele assentiu concordando com ela. 

— Tudo bem, eu entendo o seu lado. Se você precisar de qualquer coisa, eu estou aqui para você. Os seus papeis de admissão já estão prontos e você pode passar na empresa quando quiser para assina-los, qualquer dúvida é só ligar. — Demi assentiu e agradeceu levantando-se para se despedir com um breve abraço. O que diabos ela estava fazendo? 

Jack caminhava tranquilamente pelos corredores do andar em que trabalhava. Como era sábado, haviam poucas pessoas trabalhando ali naquele horário, ele cumprimentou os poucos colegas de trabalho e caminhou diretamente até a sala do melhor amigo. A porta estava encostada por isso ele simplesmente abriu, Joseph e Madison estavam sentados lado a lado no sofá no canto da sala, eles estavam próximos demais rindo de algo que Joe mostrava para a garota no celular. — Estou atrapalhando? — Jack perguntou adentrando na sala. Joe negou com a cabeça e cumprimentou o amigo com um toque de mão.

— Joe estava me mostrando uma página de memes de engenharia no Instagram. — Madison disse dando um beijo na bochecha de Jack.

— Eu não sabia que você estava aqui. — Ele disse olhando de Madison para Joseph com a sobrancelha arqueada. 

— Foi de última hora, eu aproveitei para tirar algumas dúvidas com Joe. — A garota falou mostrando o caderno. — Eu preciso ir, nos vemos outro dia. — Disse levantando-se após receber uma mensagem no celular, ela se despediu dos rapazes com um beijo na bochecha e saiu da sala fechando a porta. 

— Eu acabei de sair de uma conversa com Demi. — Jack falou sentando no lugar que antes era ocupado por Madison. — Ela veio me perguntar sobre o colar e eu acabei dizendo algumas verdades para ela, acho que ela ficou chateada comigo. Eu consegui ver pelo olhar de Demi que eu consegui atingi-la, eu defendi você com unhas e dentes, mas sobre uma coisa Demi tem razão, Madison dá em cima de você na cara dura e você não faz nada. 

— Madison sabe que eu sou casado, e eu nunca teria nada com ela, é errado de todas as maneiras. 

— Talvez isso esteja claro para você, não para ela. Madison estava aqui quase esfregando a porra dos peitos na sua cara e você não estava nem aí, você não fez nada, pelo contrário, estava aqui rindo e fingindo que nada estava acontecendo. 

— Você está com ciúmes dela? — Joe perguntou com a sobrancelha arqueada fazendo o amigo bufar. 

— Eu não estou com ciúmes, eu não me importaria de dividir Madison com você, eu estou com ela, mas eu sei que ela é uma trapaceira que está dando em cima do meu melhor amigo casado mesmo transando comigo quase todas as noite. Agora eu entendi porque Demi tem tanta birra com ela, porque Madison dá em cima de você na cara de pau e você age como se isso não fosse nada. 

— O problema aqui não é Madison dar em cima de mim e sim Demetria não confiar no marido dela o suficiente para saber que eu sairia dessa situação caso Madison tentasse algo, eu sou um homem de trinta anos, eu sei me impor e tenho o total controle do meu corpo. 

— Você é grandinho o suficiente para saber o que está fazendo. — Jack disse dando os ombros. — Ah, e quando eu cheguei, Demetria estava conversando com um cara que eu nunca vi na vida, ela disse que era um velho amigo e que você o conhecia... ela disse o nome dele, mas eu esqueci... é alguma coisa como Renato... Ruan ou Ricardo... — Fez uma careta tentando lembrar e Joe olhou para o amigo com a sobrancelha arqueada. 

— Ryan?

— Isso. Ryan. 

— Como se não bastasse tudo o que está acontecendo, esse idiota tinha que voltar. — Joe bufou revirando os olhos.

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Kristen estava na cozinha de seu apartamento, uma música da rapper Cardi B tocava no celular e ela cantarolava todas as rimas enquanto preparava o almoço. A esposa chegaria em casa em alguns minutos e ela estava animada para almoçar com a esposa, tinha muitos planos para aquela tarde. Kris verificou o macarrão e deu um gole na taça de vinho tinto. O som da campainha ecoou pela casa e ela riu, Stella havia esquecido a chave novamente. Kristen secou as mãos num pano de prato e abaixou o fogo do fogão antes de caminhar até a sala para abrir a porta. 

Quando abriu a porta, Kristen se assustou com o estado da amiga, não deu nem tempo de perguntar o que havia acontecido, Demi se jogou nos braços da melhor amiga chorando como um bebê. — Independente do que está acontecendo, eu tenho certeza que você vai conseguir superar. — Kris disse abraçando Demi fortemente enquanto sentia as lágrimas dela molhar sua camiseta. — Eu amo você e sempre vou estar aqui para te apoiar. — Falou acariciando o cabelo de Demi, seu coração estava encolhido no peito de ver sua amiga naquele estado. Elas ficaram ali abraçadas em frente a porta por um bom tempo, Kristen deixou Demi chorar tudo o que tinha para chorar e depois entraram na sala. — Senta aqui, eu vou pegar um copo de água para você. — Disse indicando o sofá e depois se retirou em direção a cozinha para pegar um copo d'água. 

— Me desculpa aparecer assim, eu deveria ter ligado antes. — Demi falou depois de beber todo o copo de água. Ela respirou fundo e encarou suas mãos trêmulas. — Eu só precisava de alguém para conversar, eu não estou mais aguentando essa situação, estou me sentido sufocada e eu não sei o que fazer. 

— É sobre sua situação com Joseph? — Perguntou entrelaçando suas mãos. A mão de Demi estava gelada como uma pedra de gelo.

— Eu consegui fazer com que Joseph me odeie, ele mal olha na minha cara, eu destruí meu casamento porque sou uma egoísta que só queria ver o meu lado das coisas, Joe cansou de mim e eu não posso julga-lo. Jack me disse que foi ele quem comprou o colar para Madison no cartão de Joseph, eu o acusei de tantas coisas horríveis, eu estava cega de tanta raiva, mas agora acho que é tarde demais. 

— Ei, vocês se amam, com certeza vão se resolver e sair por cima dessa situação. É normal brigas em um casamento, você reconheceu que está errada e se estiver arrependida e disposta à se desculpar, eu não vejo motivos para Joe não aceitar suas desculpas. 

— Eu estou grávida. — Demi disse e observou as feições da amiga mudar, os olhos arregalados mostravam como Kristen estava surpresa. Demi sempre dizia que não queria outro filho porque queria focar na vida profissional, era um choque saber daquela novidade. — E eu disse para ele que iria abortar, eu acabei de pedir minha demissão da Mayer, eu vou começar em uma empresa nova, meu casamento provavelmente acabou... não é o melhor momento para ter um filho, eu sempre deixei claro para Joseph que não queria outra criança agora, ele sempre soube e mesmo assim não se protegeu.

— Nenhuma mulher tem a obrigação de manter um feto indesejado, mas você não pode culpar Joseph como se ele tivesse feito todo o trabalho sozinho. Todas as mulheres que tem uma vida sexual ativa corre o risco de engravidar, por mínimo que seja e você sabe disso, você não estava se cuidando como deveria, você não estava tomando seu anticoncepcional há meses e eu tenho certeza que eram poucas as vezes que vocês usavam camisinha. Vocês dois fizeram isso e deveriam arcar com a consequência. 

— Você sabe como o mercado de trabalho é machista, no momento em que eu contar para Nicholas que eu estou grávida, eu vou praticamente estar assinando a minha demissão. Como eu vou entrar em uma empresa grávida? Vou trabalhar três meses e depois tirar seis de licença maternidade? Quando eu voltar é certo que eu serei demitida, eu sei que sim e você também sabe porque é assim que o mundo do trabalho funciona. Eu passei anos me dedicando a minha família e quando eu tiro meu momento para me dedicar à minha carreira, essa bomba estoura nas minhas mãos. 

— Demi, você já fez o seu nome no mercado, se você for demitida, emprego não vai faltar para você. E se eles realmente te demitirem, vão estar perdendo uma profissional incrível, sem contar que eu tenho certeza que você pode voltar para empresa de Adam, ele nunca diria não para você. 

— Essa situação toda é tão fodida e de brinde eu ainda tenho que lidar com Nicholas, eu encontrei com ele hoje no parque e cometi o erro de comentar sobre meu casamento, ele me deu alguns conselhos e tentou me beijar. 

— Você precisa ficar de olho nesse cara, eu já te falei que caras são trapaceiros quando querem uma mulher para si, e eles não medem esforços para conseguir o que querem, e principalmente agora que vocês vão trabalhar juntos. 

— Eu falei para ele que era melhor mantermos a nossa relação profissional, eu sei com o que eu estou lidando, não sou tão ingênua como aparento ser. — Demi disse séria. Ela já havia passado por tantas coisas e aprendeu uma lição com todas elas, não era mais inocente como quando tinha dezessete anos. 

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essa semana a inspiração veio com tudo para mim e eu escrevi esse capítulo em três dias, que continue assim, amém irmãos? hahhaha
como vocês estão, pessoal? eu estou bem e muito feliz com os comentários de vocês.
respostas aqui e aqui

volto assim que o próximo estiver pronto - espero que não demore muito
espero que gostem, me digam a opinião de vocês nos comentários
beijosss