31/03/2020

5. Red Lipstick


— Cadê o meu pai? — Alana perguntou enquanto a mãe estava focada no trânsito. Era sete e quinze da manhã, Alana estava sentada no banco de trás com o cinto de segurança. Geralmente os pais iam trabalhar juntos e a deixavam juntos na escola, por isso a garotinha estava estranhando o fato de não ter visto o pai pela manhã. — Mãe, cadê meu pai? — Perguntou novamente porque a mãe não havia lhe ouvido. 

— Foi trabalhar mais cedo — Demi respondeu encostando a cabeça no banco e fechando os olhos brevemente quando parou no sinal vermelho. Ela não havia dormido durante toda a noite e a cabeça parecia que ia explodir, a cama parecia gelada sem ele, Joseph não havia entrado no quarto nenhuma vez e quando ela levantou, ele não estava mais na casa. 

— Vocês brigaram? — Alana era tão curiosa quanto a mãe. Demi negou com a cabeça e deu partida no carro quando o trânsito começou a andar, o trânsito daquela manhã parecia muito mais intenso, tudo estava parado e Demi estava começando a perder a paciência. — Eu ouvi vocês gritando ontem quando eu estava tomando banho. 

— Nós não estávamos gritando. — Demi disse porque ela não queria de jeito nenhum que suas brigas com Joseph chegassem até a filha, quando era mais nova, odiava ver os seus pais brigando e ela não queria que Alana passasse pelo mesmo. 

— Vocês estavam gritando sim, eu ouvi. — Alana não era mais uma garotinha de cinco anos fácil de enganar, ela já tinha oito anos e entendia um pouco melhor como as coisas funcionavam e o que estava acontecendo ao seu redor, então enganar a menina estava fora de cogitação. 

— Nós estávamos conversando e acabamos nos exaltando um pouco, uma conversa de adulto, não precisa se preocupar. — Disse olhando brevemente para a filha pelo retrovisor, Alana assentiu e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. Não demorou muito para que Demi estacionasse o carro em frente a escola. — Tchau, meu anjo. Boa aula. — Alana deu um beijo na bochecha da mãe e saiu do carro, ela cumprimentou a tia que ficava na porta da escola e correu ao avistar as amigas adentrando na escola. 

Demi estacionou o carro na sua vaga de sempre e cumprimentou o segurança caminhando diretamente para o elevador, ela cumprimentou algumas pessoas que estavam ali e suspirou esperando pacientemente até o seu andar. Quando finalmente chegou, Demi cumprimentou algumas pessoas, conversou brevemente com alguns arquitetos que também trabalhavam ali e adentrou na sua sala. 

— Bom dia, Demi. — Tiago disse adentrando na sala após ter a permissão de Demi. — Misturaram seus contratos com os contratos de Joseph novamente, eu vim deixar os seus e vou subir para entregar os dele. 

— Pode deixar que eu entrego. — Demi disse pegando os contratos de Joe, guardando-os na gaveta ao lado da sua mesa. — Eu só peço que preste mais atenção na hora de separar os contratos, isso é um documento importante e já é a segunda vez que acontece. — Infelizmente tinha momentos que ela tinha que ser chata, e naquele momento seu humor não estava um dos melhores. 

— Eu... eu sinto muito, Demi. Mas ontem eu vim fazer hora extra porque hoje eu vou ter que sair mais cedo, tenho uma prova na faculdade. — Explicou. — Madison também estava aqui e foi ela quem me entregou, ela disse que já estavam separados, mas quando eu fui conferir, estavam misturados. 

— Está tudo bem, eu vou conversar com Joseph sobre isso, obrigada por avisar. — Demi suspirou e olhou para o seu estagiário com um sorriso, Tiago era fofo. — Depois do almoço nós vamos visitar uma reforma. — Demi disse com um sorriso, ela queria que ele saísse daquela empresa rico em conhecimento, assim como ela quando subiu de cargo. 

— Obrigada, Demi. — Pelo sorriso deu para perceber que ele gostava de ver a parte prática acontecendo. — Eu vou adiantar algumas coisas. — Demi assentiu com a cabeça e ele saiu fechando a porta. O sofá no canto da sala parecia lhe chamar, Demi bocejou e pegou o notebook, ela sentou-se no sofá e fechou os olhos brevemente. 

Era até vergonhoso o que tinha acontecido, porém Demi dormiu por pelo menos duas horas seguidas, ela havia apagado no sofá e nem mesmo havia percebido. Ela nunca mais iria ficar a noite toda acordada, a cabeça até doía. Demi deixou o notebook de lado e levantou buscando pela bolsa aonde havia um comprimido para dor, ela pegou um e saiu da sala caminhando até o bebedouro para pegar um copo descartável e água.

— Bom dia, general. — Jack disse para pirraçar Demi quando encontrou com ela no bebedouro. Demi revirou os olhos e o xingou mentalmente. 

— Estou brava com você, idiota. — Demi falou tomando o remédio para depois encara-lo. Ela conhecia muito bem a fama que Jack tinha naquela empresa, pelo menos metade das mulheres solteiras daquela empresa já haviam ficado com ele, e todas elas diziam a mesma coisa: ele nem mesmo lembrava o nome delas no dia seguinte. 

— O que eu fiz? — Perguntou com um sorriso cínico no rosto, ele sabia exatamente o que havia acontecido porque Joseph já havia lhe contado. Demi revirou os olhos para ele novamente porque era com aquele jeito inocente que ele dava o bote. 

— Não se faça de santo, seu idiota. Você levou o meu marido para um bar ontem a noite, e ainda estava com aquela... aquela garota que você e todo mundo sabe que está louca para dá para ele. — A última parte ela sussurrou porque não seria nada legal alguém escutar ela falando isso sobre uma funcionária da empresa. Jack riu quando Demi amassou o copo descartável com vontade. 

— Eu não tenho nada a ver com isso, minha querida general. Eu estava no bar, meu amigo me ligou perguntando aonde eu estava e me encontrou lá, coincidentemente ela estava lá também e nós tiramos uma foto para guardar o momento, mas fica tranquila, seu marido é quase um santo. 

Ela confiava em Joseph, ele nunca havia lhe dado motivos para desconfiança, mas ela não confiava nas mulheres que o cercava, principalmente em algumas mulheres da empresa. Ela sabia como funcionava e Joseph era um homem bonito que atraía atenção das garotas, e se não fosse a aliança de ouro brilhando na mão esquerda, a maioria daquelas mulheres já teriam dado em cima dele na cara dura até porque mesmo com a aliança, algumas ainda arriscavam. 

— Não precisa me matar com o olhar, já estou saindo. — Jack disse pirraçando Demi porque ela o olhava como se quisesse mata-lo. Demi caminhou novamente para a sua sala e pegou os contratos que havia guardado na gaveta para entrega-los para o marido. 

Diferente do departamento de arquitetura que estava uma bagunça e uma correria, o de engenharia estava calmo e só era possível ouvir o barulho das conversas calmas que acontecia pelo corredor. Demi cumprimentou a secretária que ficava no andar e franziu o cenho porque ela conseguia ouvir a risada de Joseph mesmo de longe, e quando ela o viu, sentiu o sangue ferver em suas veias. Ele estava apoiado na mesa de Madison, eles conversavam com sorrisos no rosto e riam, e havia mais duas mulheres ao lado dele. 

Sua vontade era de puxa-lo de lá e voar em cima de todas aquelas mulheres como uma leoa faminta, mas ao invés disso, Demi caminhou calmamente até lá e pigarreou chamando a atenção deles. — Precisamos conversar. — Demi disse séria encarando o marido para depois encarar Madison que colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e desviou o olhar porque pelo olhar de Demi estava claro que ela estava a ponto de bater em sua cara. 

Demi caminhou até a sala de Joseph e esperou ele entrar na sala e fechar a porta. — Já que você é tão intimo assim da sua estagiária, faz o favor de pedir para ela parar de misturar os nossos contratos, já é a segunda vez que isso acontece, ela deveria focar no trabalho dela e não ficar dando em cima de homem casado. — Demi falou séria jogando os contratos em cima da mesa de Joe. 

— Como você sabe que foi ela? Seu estagiário também não é muito focado no trabalho dele já que toda vez que eu vou lá ele está olhando para a sua bunda. — Disse irônico. 

— Obrigada por me avisar, da próxima vez vou me alertar em tirar a calça para que ele possa olhar ao vivo. Ou quem sabe eu não mande uma foto da minha bunda para que ele olhe sempre que tiver vontade. — Demi falou com a sobrancelha arqueada, ela não havia gostado nada do comentário de Joseph. 

— Faça como quiser, querida. O corpo é seu, você faz o que quiser com ele. — Joseph disse sério e sentou na mesa para focar no trabalho. — Se for só isso, pode sair, diferente de você, eu tenho muito trabalho para fazer e por favor, diga à Madison que eu estou chamando. 

— Fala você, eu não sou sua secretária. — Demi falou e saiu da sala batendo a porta, chamando atenção de algumas pessoas que trabalhavam ali. Ela caminhou até o elevador e esperou até que ele chegasse no andar. Quando a vontade de chorar veio, Demi engoliu em seco e respirou fundo. Ela não tinha motivo para chorar, tudo bem que aquela situação era meio desgastante, porém ela nunca dava o braço a torcer. 

No horário de almoço, Demi almoçou com duas arquitetas que eram suas colegas de trabalho. Foi divertido, elas conversaram sobre tantos assuntos relacionados ao trabalho que Demi estava até um pouco mais leve, depois do almoço, elas passaram em uma lojinha de doce que havia ao lado da empresa, Demi pegou uma barra de chocolate ao leite e um energético. Ela sabia que tinha que ficar longe de bebidas como aquela por conta da pressão, mas ela não conseguiria ficar até as cinco da tarde sem tomar um energético, as chances dela dormir eram altas. 

— Quer chocolate? — Demi perguntou para Tiago que estava sentado no banco ao seu lado. Ela estava em seu carro se arrumando para sair, eles iriam visitar uma reforma na casa de uma cliente. Tiago negou com a cabeça e Demi riu porque ele estava todo duro no banco e já estava com o cinto enquanto ela aproveitava para devorar a barra de chocolate junto com o energético. — Pegou todos os papéis necessários? 

— Sim, estão todos aqui. — Demi apenas assentiu com a cabeça se recompondo, ela havia comido metade da barra de chocolate sozinha. Demi deu um último gole no energético que estava pela metade, ela colocou no suporte do carro e guardou o chocolate no porta-luvas do carro. Ela limpou a camisa que estava suja e colocou o cinto de segurança, dando partida logo em seguida. 

O caminho até a casa da cliente foi silencioso porque Tiago era tímido e por isso era difícil manter uma conversa com ele, foram poucas palavras que os dois trocaram e Demi preferiu focar na música da rádio que vez ou outra ela cantarolava enquanto parava no sinal. Quando chegaram no local, Demi explicou brevemente as coisas para o estagiário e checou algumas coisas no tablet que ela tinha em mãos, Demi também conversou com alguns pedreiros e pintores para saber se tudo estava saindo de acordo com os planos dela. 

***

Demi estacionou o carro na garagem de casa e observou a moto de Joseph estacionada. Ela saiu do carro, ativou o alarme e adentrou em casa, as luzes estavam todas apagadas e por isso ela estranhou, Demi ascendeu as luzes e caminhou até a cozinha para lavar as mãos e soltar os cachorros que estavam no quintal. — Oi meninos. — Ela disse alisando o pelo de Lucky enquanto Batman corria para todos os lados. Demi adentrou em casa novamente e abriu a geladeira, ela precisava ir no mercado porque os armários e a geladeira estava começando a esvaziar.

Demi buscou por uma panela no armário colocou água e óleo para começar a preparar um macarrão para jantar, enquanto o macarrão cozinhava, ela subiu as escadas para tirar as sandálias e vestir uma roupa mais confortável. Não demorou muito para que ela ouvisse a voz de Alana no andar de baixo conversando com os cachorros. Demi vestiu um short de moletom e uma camiseta larga e desceu as escadas. — Oi meu amor. — Demi beijou a testa da filha e foi na cozinha olhar o macarrão. 

— Mãe, sábado a Júlia pode dormir aqui? — Alana perguntou seguindo a mãe em direção a cozinha. — Por favor, mãe. Nós vamos nos comportar. — Pediu novamente abraçando Demi pela cintura. — Nós vamos dormir cedo, prometo. 

— Eu vou pensar, mocinha. — Demi falou se curvando para beijar a bochecha da filha. — Como foi a escola hoje? — Perguntou enquanto cortava a cebola para temperar o molho, Alana deu os ombros e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. 

— Ah mamãe, escola é chata. — Demi riu e Alana saiu da cozinha atrás de Batman. Demi focou em terminar de preparar o jantar porque ela estava doida para tomar um banho e deitar. Ela refogou o molho e juntou no macarrão, aproveitou para cozinhar alguns legumes também para acompanhar. 

O jantar só não foi mais silencioso porque Alana conversava sobre as coisas que havia feito na escola, caso contrário apenas o barulho dos talheres batendo no prato seria possível de se ouvir. Depois de jantar, Demi ajudou Alana a fazer a lição de casa. Era uns problemas de matemática que a garotinha precisava resolver e Demi explicava tudo pacientemente enquanto Joseph lavava a louça que eles haviam sujado. 

— Eu odeio matemática. — Alana resmungou fechando o caderno e Demi nem mesmo ouviu o que a filha falou, ela ajudou a menina a arrumar a mochila para o dia seguinte e depois a ajudou com o banho e a escovar os dentes. Ela deu um beijo de boa noite quando a filha já estava na cama e saiu fechando a porta do quarto. 

Quando adentrou em seu quarto, Joe havia acabado de sair do banheiro e estava apenas com uma toalha em volta da cintura. Não tinha como não olha-lo, os pingos de água escorrendo pelo peitoral bonito dele era uma tentação, ela suspirou quando Joe passou por ela indo em direção ao closet, só de olha-lo daquele jeito, ela havia ficado excitada. Demi entrou no banheiro e tirou a roupa colocando no cesto de roupa suja, a melhor parte do dia com certeza era tomar banho. 

O banho não foi demorado já que ela não havia lavado o cabelo, em dez minutos Demi já estava no closet vestindo a camisola de seda, ela penteou o cabelo prendendo-o em um coque alto e depois voltou ao banheiro para escovar os dentes. O coração doeu quando ela deitou na cama e não sentiu os braços de Joseph lhe abraçando. Ele nem mesmo estava na cama que parecia fria sem ele ali. 

Foram segundos, que viraram minutos e depois horas. Demi virava-se de um lado para outro, agarrava o travesseiro de várias formas possíveis porém nenhuma posição era confortável o suficiente para ela dormir. Demi xingou-se mentalmente por ter tomado aquele energético depois do almoço, só poderia ser isso. Insônia. 

As lágrimas escorrendo pelas bochechas não era por conta do energético, não mesmo. Demi limpou as lágrimas rapidamente e suspirou, a verdade era que ela odiava ficar brigada com Joseph. Ela sentia falta dos beijos dele, de ouvir ele lhe chamando de linda, das mãos bobas no seu bumbum, sentia falta de fazer amor com ele. Dormir sem os braços dele em volta da sua cintura por mais uma noite estava fora de cogitação, por isso ela levantou-se e desceu as escadas. 

Joseph não estava muito diferente de Demi, ele também estava acordado e dormir no sofá não era tão confortável assim, a televisão estava ligada e passava um programa de culinária que ele nem mesmo prestava atenção. Será que ele estava pegando muito pesado com ela? Se perguntou encarando o lustre da sala. 

— Joseph? — Demi o chamou o olhando atentamente, ela abaixou-se perto dele no sofá e suspirou. — Vem deitar na cama comigo, eu não consigo dormir sem você lá, eu sinto sua falta. — Disse engolindo todo o seu orgulho para poder dormir ao lado dele. — Me desculpa por tudo o que eu falei, eu só disse porque estava com raiva. — Demi colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e entrelaçou suas mãos. — Por favor, amor. — Não tinha como dizer não para uma mulher que lhe olhava com os olhos marejados. 

Joe assentiu levantando-se e o sorriso nos lábios dela foi tão lindo que o coração dele acelerou. Demi o olhou com a cabeça erguida e ficou na ponta dos pés para alcançar os lábios dele. Um dia sem beija-lo era como estar no deserto, como podia alguém fazer tanta falta em tão pouco tempo? Demi levou a mão para a nuca dele, apertando o cabelo daquela região, ela sorriu nos lábios dele quando sentiu a mão lhe apertar na cintura. 

Eles subiram as escadas entre beijos, mordidas e risadas. Demi fechou a porta do seu quarto com o pé, ela o tocou na barriga arranhando levemente com as unhas para depois levar a mão até o cós do short de moletom que ele estava vestindo. — Céus, eu não quero ficar longe de você nem por um segundo. — Demi disse com a boca ainda colada na dele. Ela desceu o short de moletom dele e mordeu o lábio inferior ao ver o tamanho da ereção marcada na cueca box branca. Bem, ela não podia jugar ninguém por olha-lo admirado, aquele homem era uma perdição. 

— Vem, amor. — Joseph a chamou, ele a segurou pela cintura e a deitou na cama carinhosamente. Demi sorriu o olhando com os olhos brilhando, eles já estavam juntos há mais de quatro anos, mas ela ainda era completamente apaixonada por ele. Demi fechou os olhos e se entregou ao momento enquanto sentia a língua dele brincar com a sua. 

Enquanto se beijavam, a mão de Joseph se perdia nas coxas bem definidas da esposa, ele apertava com vontade para depois apertar o bumbum no qual havia passado o dia admirando. A camisola dela estava embolada na cintura, deixando as coxas e a calcinha preta a mostra, ele a acariciou por cima da calcinha e sorriu ao vê-la fechar os olhos e mexer o quadril, como se estivesse pedido por mais. 

Joe a ergueu pela cintura para tirar a camisola e sorriu ao ver os seios totalmente a mostra. Ele não esperou nenhum minutos, chupou os seios com vontade fazendo com que Demi gemesse enquanto puxava o cabelo dele entre os dedos. Joseph mordeu levemente o bico do seio dela, enquanto a mão adentrava a calcinha para acaricia-la. — Devagar, amor. — Demi pediu quando sentiu o dedo dele. Céus, aquilo era bom demais. 

Foram longos os beijos e as carícias trocadas, os lábios de Joseph lhe beijava em todos os lugares possíveis, fazendo Demi suspirar e gemer chamando pelo seu nome. — Tira isso, Joe. — Demi disse se referindo a cueca dele, ela puxou para baixo e Joseph cuidou de tirar o resto. Ela o tocou e mordeu o lábio inferior o sentindo duro na palma de sua mão. 

— Deita direito. — Joe pediu arrumando Demi na cama para que ela ficasse confortável. Ele a beijou na boca e a penetrou lentamente. Demi fechou os olhos suspirando satisfeita e entrelaçando suas mãos enquanto Joseph se movimentava em cima dela. 

— Eu amo tanto você. — Demi falou se agarrando mais à ele. Era bom senti-lo daquela forma, ela ficava até mais calma. Demi tocou o rosto dele com as duas mãos e sorriu para ele demonstrando como estava feliz por estar ali com ele. Ela o beijou brevemente e se tentou se movimentar mesmo estando em baixo dele. Demi estava tão focada no momento, em senti-lo que nem notou que Joseph estava quieto e calado. 

Ele estava totalmente focado em dar prazer para ela. Joseph se movimentava com precisão e apoiava o peso em suas mãos para que não ficasse tudo em cima dela. Demi fechou os olhos e deixou o gemido sair mais alto do que deveria, ele estava lhe matando de tanto tesão, Joe aumentou o ritmo dos movimentos enquanto a beijava no pescoço. 

— Amor, eu... eu estou quase lá. — Demi falou umedecendo os lábios porque a garganta estava seca. Ela o arranhou nas costas e entrelaçou as pernas na cintura dele, o sentindo cada vez mais fundo. Ela mordeu o lábio inferior com força e quando ele a penetrou fortemente pela última vez, ela suspirou soltando um gemido rouco, caindo na cama logo em seguida. Os dois haviam chegado ao ápice do prazer juntos. — Eu te amo. — Demi disse baixinho de olhos fechados o abraçando pela cintura quando ele deitou ao lado dela. 

— Você deve estar cansada, vamos dormir. — Joseph disse baixinho beijando-a carinhosamente na testa. Demi sorriu assentindo e fechou os olhos quando Joe os cobriu e a abraçou pela cintura, ela passou a perna no meio das pernas dele e deixou o cansaço tomar conta do corpo. 


Dia seguinte... 

Demi resmungou baixinho quando ouviu o barulho do despertador, porém ao lembrar da noite passada, o sorriso tomou conta dos seus lábios e ela mexeu-se na cama procurando pelo marido, mas o cenho foi franzido ao não senti-lo ao seu lado, por um minuto Demi achou que tudo não havia passado de um sonho, mas o cheiro dele estava forte e presente ali. Ela levantou-se e foi diretamente ao banheiro tomar uma ducha rápida e fazer sua higiene matinal. 

Demi demorou alguns minutos para encontrar uma roupa, nada parecia estar bom o suficiente, mas acabou se resolvendo vestir uma calça social preta e um cropped também preto, mas que não mostrava nada. Ela desceu as escadas prendendo o cabelo em um coque e sorriu ao ver Joseph preparando o café da manhã. — Bom dia, bebê. — Demi falou para a filha que já estava vestindo o uniforme da escola e comia uvas numa pequena tigela. Ela beijou o topo da cabeça de Alana e depois abraçou Joseph por trás, beijando-o nas costas largas. — Bom dia, amor. — O sorriso estava de orelha a orelha por conta da noite anterior, ela estava tão leve e calma. Porém Joseph nem a olhou, ele se afastou para desligar o fogo e perguntou se a filha queria torrada e ovos. 

— Papai, a mamãe está te dando bom dia. — Alana disse ao perceber que a mãe ainda estava esperando a resposta do pai. 

— Bom dia. — Joseph respondeu rapidamente e voltou a colocar as torradas num prato para a filha. 

— Eu achei que depois de ontem nós estávamos bem. — Demi falou séria o olhando com os braços cruzados. Eles tiveram uma noite tão boa, ela não queria acreditar que Joseph a ignoraria daquela forma depois do que haviam feito na noite passada. — Eu pedi desculpas. 

— Não é tão fácil assim, não muda o que aconteceu. — Joe disse simplesmente sentando na mesma ao lado da filha para tomar seu café. Era como se para ele nada tivesse acontecido. Como alguém poderia ser tão frio daquela maneira? 

— Alana vai buscar sua mochila. — Demi pediu e Alana assentiu com a cabeça, saindo da cozinha rapidamente. — Por que você está agindo dessa forma? Eu engoli todo o meu orgulho para te pedir desculpas, eu achei que você tinha aceitado. 

— Demetria, você estava mentindo para mim e me escondendo as coisas. Em nenhum momento eu disse que eu te perdoava, o que aconteceu ontem não muda o que você fez. — As palavras dele foram como uma facada no seu peito e ele não parecia nenhum pouco arrependido. 

— Eu quero que você vá para o inferno, Joseph. — Demi disse limpando as lágrimas quando as mesmas começaram a escorrer pelas bochechas. — O que você fez foi muito baixo, você me usou num momento que eu estava vulnerável. Eu odeio você, odeio com todas as minhas forças e espero que você vá se ferrar. — Demi saiu da cozinha rapidamente passando pela filha no corredor que a olhou confusa. 

Inventar uma desculpa para Alana foi complicado. A garota perguntava de cinco em cinco minutos para Joseph porque a mãe estava chorando, ele tentou dizer para a menina não se preocupar, mas não foi suficiente, durante todo o caminho até a escola, a menina o encheu de perguntas e Joe disse para a filha que Demi não estava se sentindo muito bem. 

Após deixar a filha na escola, ele seguiu para empresa, cumprimentou os seguranças e entrou no elevador esperando ansiosamente para chegar em seu andar e ficar na sua sala. Joseph cumprimentou alguns colegas de trabalho assim que chegou ao departamento e depois seguiu para entrar na sua sala e pediu para secretária só permitir a entrada das pessoas caso fosse urgente. A verdade era que a consciência estava pesando, o que ele fez foi horrível e ele não estava nem um pouco orgulhoso das suas atitudes.

Joe respirou fundo e focou no trabalho, ele iria pedir desculpas para ela antes do almoço. Aquela necessidade que ele tinha de machuca-la porque estava machucado não era saudável para ele e nem para o seu relacionamento, Demi era a mulher que ele amava, era sua esposa, mãe da sua filha, a mulher que ele era apaixonado desde os vinte e dois anos. Ele havia errado, reconhecia seu erro e pediria desculpas. 

Quando deu onze horas, ele decidiu descer para conversar com Demi. Mandou uma mensagem, mas ela não visualizou, ele pegou a carteira e saiu da sala caminhando em direção ao elevador. — Joe, será que você poderia me ajudar? — Madison disse se aproximando dele. 

— Agora não dá, Madison, preciso resolver um assunto importante. — Falou e entrou no elevador, ele cumprimentou as duas pessoas que estavam lá dentro e esperou pacientemente até chegar no andar de arquitetura. Joe parou para conversar brevemente com alguns colegas de trabalho daquele andar, apesar da Mayer ser uma empresa enorme, com vários setores, o pessoal se dava muito bem, era um bom ambiente de trabalho. 

Ele caminhou até a sala de Demi e estranhou ao ver a porta trancada. Será que ela havia ido fazer algum trabalho externo? Joseph olhou para os lados e caminhou até Tiago que estava focado no que fazia em frente ao notebook. — Ei, você sabe aonde Demi está? — Joe perguntou olhando para o garoto atentamente. 

— Ela não veio hoje, senhor Jonas. — Tiago falou tentando não gaguejar porque o jeito que Joseph o olhava era intimidador e ele sabia o porquê que ele lhe olhava daquela maneira. — Ela man... mandou uma mensagem avisando que não estava se sentindo bem e que... que ia trabalhar em casa. — Disse e respirou fundo sentindo as bochechas corarem.

— Tudo bem, obrigada. — Joseph falou pegando o celular do bolso para tentar ligar para Demi. 

Demi olhou para o celular tocando e o deixou de lado na cama. Ela não queria falar e nem olhar para a cara dele, ela estava tão magoada que não seria qualquer pedido de desculpas que iria fazer com que ela o perdoasse. Demi limpou as lágrimas que desciam pelas bochechas e suspirou tentando focar no trabalho. A cabeça estava doendo tanto e ela estava com muito sono a ponto dos olho fecharem sozinhos. 

— Eu vim assim que pude. — Kristen disse adentrando na casa da amiga quando ela abriu a porta. Demi forçou um sorriso e abraçou a amiga fortemente. — O que aconteceu, Demi? — Perguntou preocupada, os olhos da amiga estavam tão tristes.

— Joseph descobriu sobre a Bryant e que eu menti para ele na noite do nosso aniversário de casamento. — Demi disse sentando-se no sofá. Kristen umedeceu os lábios e olhou para a amiga como se dissesse "eu te avisei". — A gente discutiu, eu tentei explicar para ele que eu não contei porque não tinha uma resposta ainda, não era algo que já estava confirmado, sabe? 

— Eu entendo o seu lado, Demi. Mas eu também entendo o lado dele, ele ficou chateado porque você escondeu dele, aposto que ele está pensando que você não confia nele o suficiente para contar tudo o que acontece com você. 

— Eu também entendo o lado dele, eu pedi desculpa para ele ontem mesmo depois dele sair com aquela vadia para me provocar. — Demi disse e Kristen arregalou os olhos. — Sim, ele foi para um bar com Madison e o Jack depois que a gente brigou. — As lágrimas já começavam a descer pelas bochechas de Demi. — E se fosse eu que tivesse ido para um bar com um cara que está afim de mim depois da nossa briga? 

— Vocês dois são tão cabeça dura. Ambos estão errados nessa história e se Joseph começar agir como um babaca idiota igual aquele amigo dele eu vou cortar o pau dele. — Kristen também não era fã de Jack pelo fato dele ter dado em cima dela na cara dura e depois deu em cima da sua esposa. 

— Eu ignorei tudo para pedir desculpa, nós fizemos amor e hoje de manhã eu achei que estava tudo bem, mas ele disse que o que tinha acontecido entre a gente não mudava o fato de eu ter mentido para ele. Eu estou com tanta raiva dele, ele me usou para satisfazer as necessidades dele, foi tão baixo. — Demi limpou a lágrima que escorreu pela bochecha e quando a melhor amiga lhe abraçou, ela se permitiu chorar. 

— Vocês dois são tão complicados e cabeça dura. — Kristen resmungou. — O que Joseph fez realmente foi baixo, se você pediu desculpas de coração, ele não deveria ter agido dessa maneira, nada vai justificar o que ele fez. 

— Eu não vou perdoa-lo tão cedo. — Demi falou sentindo o coração quebrado, ela estava chateada e com muita raiva. Se Joseph queria que as coisas entre eles fossem por aquele caminho, ela aceitaria o desafio e não iria dar o braço a torcer em nenhum momento. — Vamos deitar na cama? Eu estou morrendo de sono. — Murmurou bocejando. Kristen assentiu e elas subiram as escadas, Demi guardou o notebook em cima do criado-mudo e foi fechar as cortinas para escurecer o quarto. 

— Você e Joseph transaram nessa cama ontem. — Kristen disse fazendo uma careta. Demi riu e assentiu com a cabeça com um sorriso, apesar de tudo a noite havia sido maravilhosa. 

— Foi quente. — Demi falou para pirraçar a amiga que mostrou a língua como se estivesse com nojo. — Mas não muda o fato dele ter agido como um babaca. — Resmungou e deitou ao lado da amiga. Elas continuaram conversando por alguns minutos até que o sono tomou conta de ambas e elas adormeceram. 

Joseph esticou os braços quando o relógio marcou uma hora da tarde. Ele bateu o ponto de almoço e levantou-se pegando a carteira e as chaves do carro e saiu da sua sala apressado, ele iria para casa conversar com Demi, ele ainda estava chateado, mas o que havia feito não era certo e sua consciência estava pesada. — Joe, você está saindo? — Madison perguntou segurando sua bolsa, Joe assentiu e eles caminharam juntos até o elevador. — Você poderia me dar uma carona? Se não for te incomodar, é claro.

— Você vai para onde? — Joe perguntou olhando para o celular em suas mãos, ele mandou uma mensagem para Demi, porém a mensagem nem mesmo chegou. 

— Vou para faculdade, preciso resolver um problema. — Ele assentiu porque era caminho. Eles saíram do elevador quando o mesmo os deixou no estacionamento, Joe cumprimentou o segurança com aceno de cabeça e desativou o alarme do carro. 

— Não tem um dia nessa cidade que não está esse trânsito. — Madison disse quando eles já estavam na estrada. O trânsito aquele horário era um pouco mais intenso naquela região que eles estavam porque as pessoas estavam saindo para almoçar e ali, naquela região, havia muitas empresas e restaurantes. — Você vai almoçar em casa? — Perguntou curiosa e Joe assentiu com a cabeça enquanto procurava uma música na rádio. 

— Demi não está se sentindo muito bem, nem sei se eu vou voltar hoje. — Ela não precisava saber que eles estavam brigados. Joseph suspirou e encarou as ruas em sua frente enquanto esperava o sinal abrir, dependendo de como as coisas andariam para ele e Demi, ele ficaria o restante do dia em casa aproveitando sua esposa. 

— Espero que ela fique bem logo, Joe. — Madison disse sorrindo para ele, ela umedeceu os lábios e suspirou. — Sexta-feira tem o jantar na casa do seu tio, meus pais estão ansiosos para saber meu desempenho no estágio. — Fez uma careta e procurou pelo batom vermelho dentro da bolsa. 

— Seu desempenho está bom, você só precisa prestar atenção em algumas coisas. — Joe disse dando partida no carro quando o sinal abriu, ele nem estava lembrando que na sexta-feira era o jantar de confraternização da empresa e depois disso eles ficariam uma semana em casa para curtir as datas comemorativas de fim de ano. 

— Eu sei, é que tem tanta coisa na minha cabeça que às vezes acabo me desconcentrando. — Madison falou concentrada em passar o batom vermelho nos lábios, usando a câmera do celular para não borrar. — Eu vou entrar na semana de prova da faculdade, as coisas parecem que a cada semestre fica mais difícil e estar apaixonada também é um problema, estou naquela fase de pensar na pessoa toda hora, entende? — Perguntou o olhando com a sobrancelha arqueada, Joe apenas concordou com a cabeça sem olha-la. 

— Você tem que focar no que você quer para o seu futuro, faculdade é complicada e nos traz muita dor de cabeça, mas quando acabar você vai ver que valeu a pena todo o esforço e vai sentir falta. 

— Eu vou me organizar para não enlouquecer. — Brincou e comprimiu os lábios quando avistou que estavam chegando à faculdade aonde ela estudava. — Obrigada pela carona, Joe. — Agradeceu sorrindo segurando a bolsa. — Nos vemos mais tarde. — Madison se desfez do cinto de segurança e se inclinou para abraça-lo e dar um beijo na bochecha dele. Ela sorriu de lado e saiu do carro, o agradecendo. 

Kristen estava na cozinha com Batman e Luke preparando uma salada para elas almoçarem. Demi não estava se sentindo muito bem, por isso Kristen estava preparando algo mais leve. O barulho da porta se abrindo chamou a atenção dos cachorros que não perderam tempo em correr para a sala latindo, e minutos depois Joseph adentrou na cozinha brincando com os cachorros. — Ei. — Kristen sorriu ao ver o amigo e deixou a faca de lado para cumprimenta-lo. 

— Ei, tudo bem? — Joe perguntou a abraçando e dando um breve beijo na bochecha dela, os olhos de Kristen focaram na bochecha de Joseph e na mancha de batom vermelho. 

— Tem uma mancha de batom na sua bochecha, Joseph. — Disse séria. — Com quem e onde você estava? — Perguntou apontando a faca para ele. Ela estava séria e não estava para brincadeira. 

— Acho que foi Madison, eu dei uma carona para ela e ela se despediu com um beijo. 

— Acho melhor você limpar essa mancha antes que Demi veja, ela está muito chateada e eu não queria estar na sua pele agora. — Disse voltando a cortar o alface para a salada. — Sério, o que você fez ontem foi muito baixo. 

— E o que ela fez também não foi baixo? — Nenhum dos dois eram santos naquela história. Ambos estavam errados, mas eram cabeças duras para entender seus erros e se desculpar. 

— Vocês dois erraram. Eu disse para Demi que esconder a proposta de emprego de você não era inteligente, mas ela tomou a decisão dela e sabe que errou, mas usa-la para satisfazer suas necessidades também não foi nada legal. 

— Eu vou me desculpar. — Disse porque ele realmente estava arrependido. No mesmo instante, Demi adentrou na cozinha, ela estava vestindo uma calça de moletom preta e uma blusa de alcinha branca, ela adentrou as mãos no cabelo para prender num rabo de cavalo, mas parou assim que avistou a mancha de batom vermelha na bochecha dele. — Será que a gente pode conversar? 

— Não. — Demi falou séria o olhando. — Uau, precisou apenas de umas horas para você encontrar uma mulher para satisfazer o seu ego. — Kristen arregalou os olhos e encarou os amigos. Demi parecia estar serena, mas a mandíbula estava travada de raiva e se olhar matasse, Joe já estaria morto.

 — Demetria... 

— Eu não quero conversar com você, Joseph. — No mesmo instante o celular de Demi começou a tocar, era o seu estagiário. — Oi? Sim... como? Eu não acredito! Como uma merda dessa foi acontecer? Inferno, eu já estou indo aí, não se preocupa, estou indo. — Disse e saiu da cozinha deixando Joseph a olhando de forma confusa.

***

mais um capítulo para vocês. 
me digam o que acharam nos comentários, essa treta entre eles ainda vai se estender muito e eu estou muito animada para continuar, essa quarentena está me deixando lotada de ideias. 
espero que todos vocês estejam em casa e seguros, volto assim que o próximo estiver pronto. 
até mais, bjs. 

12/03/2020

4. Games Begin


— Obrigada, Madison. — Joseph agradeceu sua estagiária que lhe entregou os papéis. Era final de semana e a empresa estava vazia, havia um ou outro que estava ali para adiantar o trabalho da semana. Joseph havia ido buscar uns papeis importantes que havia esquecido na sexta-feira, ele precisava revisar a papelada e entregar para os novos clientes assinar na segunda-feira. Ele estava em sua sala analisando se a papelada estava correta junto com Madison, Alana também estava com ele. 

Madison desviou brevemente o olhar da papelada para encarar o seu chefe. Joseph era tão bonito que ela até suspirou. O cabelo dele estava grande assim como a barba que o deixava com um ar de mais velho e que chamava atenção das garotas daquela empresa. Os músculos eram tão atrativos, ele estava vestindo uma camiseta azul escura e havia tirado a jaqueta de couro minutos antes, era impossível não pensar em como seria sentir aqueles braços em volta sua cintura enquanto... Madison balançou a cabeça afastando aquele tipo de pensamento da sua cabeça, ele era casado, casado! 

Desviando o olhar de Joseph, ela encarou a garotinha que estava sentada no sofá no canto da sala com um tablet nas mãos concentrada num joguinho, a menina apesar de estar um pouco mais crescida ainda era encantadora, era tão educada e conversava como uma pequena adulta. Sem contar que cada dia que passava, a menina ficava ainda mais parecida com Demi. — Acho que é isso. — Joseph disse suspirando e esticando os braços para cima, o que fez Madison fitar os braços dele sem descrição nenhuma. — Eu preciso ir. — Falou olhando para a filha. 

— Se precisar de mim é só ligar. — A morena dos olhos verdes disse o olhando com um sorriso simpático, Joe agradeceu e chamou pela filha para que eles pudessem ir embora. Eles se despediram com um breve aceno e então Joseph trancou o escritório caminhando em direção ao elevador logo em seguida. 

— Nós vamos passar na padaria? — Alana perguntou quando eles adentraram no elevador, porém Joseph encarava um lugar qualquer pensando na noite passada. Ele não queria acreditar que Demi estava mentindo para ele. — Papai? — Alana o chamou novamente chacoalhando o braço dele. — Estou perguntando se vamos passar na padaria. — Falou e Joe assentiu. — Posso comprar muffins? — Joseph riu e assentiu, nem parecia que no dia anterior ela estava doente. 

Eles não demoraram muito na padaria, Joseph fez um pedido reforçado e logo depois guiou o carro em direção ao apartamento de mãe. Alana cumprimentou o porteiro sorridente e correu em direção ao elevador, apertando o botão do andar do apartamento da avó. — Que surpresa boa. — Kelly disse ao abrir a porta do apartamento e encontrar o filho e a neta com uma caixa de rosquinhas nas mãos e um saco de pães. Ela os cumprimentou com um beijo estalado na bochecha e deu espaço para eles adentrarem. 

— Vovó, cadê o Yoda? — Alana perguntou assim que adentrou no apartamento. O gatinho de pelos pretos era o xodó de Alana sempre que ela ia na casa da avó e o mais engraçado era que o bichano não era muito fã de pessoas, mas deixava Alana pintar e bordar com ele. — Vem, pssss... — Alana chamou olhando em baixo do sofá. 

— Olha em cima da estante, querida. Ele adora se esconder por lá. — Alana assentiu e saiu correndo para procurar o gato. Joseph caminhou para a cozinha com a mãe para colocar as coisas que havia comprado em cima da mesa. — Eu não queria comentar nada, mas você está com uma cara péssima, você dormiu direito essa noite? — Perguntou preocupada abrindo a geladeira para pegar o requeijão.

— Não muito, fiquei acordado para ver se Alana não ia passar mal novamente. Ontem a senhora foi uma grande ajuda, muito obrigada e me desculpe pela Demi, às vezes ela ultrapassa os limites. — Disse segurando a mão da sua mãe, ela era a sua mãe e ele sempre a amaria incondicionalmente apesar de qualquer motivo.

— Está tudo bem, filho. Eu já estou acostumada com o gênio forte de Demetria, só acho que ela deveria aprender a ouvir mais a opinião das pessoas, às vezes as pessoas estão apenas querendo ajudar. — Joe assentiu pensando nas palavras da mãe. Demi realmente tinha a cabeça dura e quando colocava algo dentro da cabeça, era difícil de tirar. Ele chamou a filha para comer e sorriu quando a menina adentrou na cozinha com o gato nas mãos. 

— Olha quem eu achei embaixo da cama. — Alana disse tentando arruma-lo em seu colo, o gato era grande e ela segurava ele de forma desajeitada e o gato nem parecia se importar. — Ele está ficando pesado. — Alana falou colocando o gato no chão que miou de forma preguiçosa. — Acho que ele está comendo demais. — Fez careta e com a ajuda da avó, lavou as mãos para poder sentar a mesa para tomar café da manhã. 

— É porque ele só come e dorme, querida. — Joseph disse observando o gato que estava embaixo da mesa, perto dos pés de Alana. Ele miou para Joe com uma carinha nada contente, Joe riu e mordeu um pedaço do pão com requeijão, a barriga até roncou de tanta fome. 

— Nós fomos no prédio aonde a mamãe e o papai trabalha, é um prédio grande e da sala do papai, as coisas ficam tão pequenas, os carros parecem de brinquedo. — Alana comentou com a avó. Ela adorava ir para o trabalho dos pais, além de ser muito mimada pelas pessoas por lá, era divertido ter um dia de gente grande. 

— Uau, que legal, querida. As pessoas ficam parecendo pequenas formiguinhas, não é mesmo? — Alana assentiu e pegou uma rosquinha dando uma grande mordida. — O que você foi fazer lá? — Perguntou curiosa porque o filho não trabalhava final de semana. 

— Fui buscar uns papeis importantes. — Falou dando os ombros e bebericou um pouco do seu café. 

— Demi não quis vir com vocês? — Perguntou curiosa porque na maioria das vezes que o filho ia lhe visitar, a nora estava com ele. Os dois estavam quase sempre juntos e por isso era estranho quando eles não estavam juntos. 

— Ela ficou em casa dormindo. — Foi tudo o que Joseph disse porque não queria pensar muito nela naquele momento. Queria respirar um pouco e pensar bem no que faria com as informações que havia recebido mais cedo, ele só queria entender o porquê Demi estava mentindo e escondendo as coisas dele. 

***

Qual era a dificuldade de atender um celular? Demi revirou os olhos com vontade e bebericou seu chá, ela havia acordado alguns minutos atrás e estranhou quando não encontrou o marido e a filha em casa. Não era a primeira vez que aquilo acontecia, Joe tinha a mania de sair para comprar pão com Alana. Demi deixou a xícara em cima da pia e subiu as escadas em direção ao banheiro. O dia estava fechado, ventava frio e a melhor opção naquele momento era um banho quente. Demi adentrou no banheiro, se despiu e ligou o chuveiro. A sensação da água quente em contato com o corpo era incrível, ela até aproveitou para lavar o cabelo. 

Vinte minutos depois, Demi saiu do banheiro enrolada numa toalha e sentiu a pele se arrepiar quando passou pela janela aberta do quarto, ela correu para o closet e procurou uma roupa para vestir. O cenho foi franzido quando teve dificuldade para fechar a calça jeans de cintura alta. Tudo bem, às vezes ela tinha que se esforçar para passar certas calças jeans pelo quadril por conta do bumbum avantajado, mas a calça não fechar na cintura era um pouco demais. Depois de ficar intrigada com a calça, Demi vestiu uma blusa de frio de manga cumprida e gola alta e buscou por um casaco de lã no cabide. 

Depois de se vestir, Demi buscou pelo secador para secar o cabelo e xingou mentalmente por conta da demora, levou mais de vinte minutos e ela já estava perdendo a paciência, talvez cortar o cabelo fosse uma boa opção.  Ela jogou os cabelos para o lado e decidiu que não passaria nenhuma maquiagem, deixaria o rosto respirar, passou apenas um protetor labial nos lábios com cor e buscou pelo celular em cima do criado-mudo. 

"Estou indo para casa de Kristen, qualquer coisa me encontra lá." Mandou mensagem para o marido e pegou chave do seu carro. O condomínio que Kristen morava não era muito longe da sua casa, Demi estacionou o carro do outro lado da rua e saiu do carro com o celular e as chaves do carro em mãos, ela ativou o alarme e atravessou a rua, conversou com o porteiro brevemente e teve a entrada liberada. — Meu amor. — Kristen disse assim que abriu a porta, ela abraçou Demi fortemente e a puxou para dentro, fechando a porta. — Estava morrendo de saudade de você. — Demi sorriu e abraçou a amiga pela cintura. 

— Eu também estava, meu amor. — Demi falou gostando de sentir os braços da amiga lhe abraçando, era tão boa aquela sensação. — Ontem as coisas foram corridas para mim, eu te falei que Alana ficou doente? — Kristen assentiu com a cabeça e sentou no sofá ao lado de Demi. Elas estavam sempre conversando por mensagens.

— Ela está melhor? Eu ia passar lá ontem, mas as coisas estão corridas por aqui também. — Sorriu de forma animada, por um momento Demi franziu o cenho estranhando aquele sorriso da amiga, mas deixou passar. — Amiga, eu não ia comentar nada, mas é impossível, seus peitos estão enormes. — Kristen disse simplesmente olhando para os seios de Demi.

— Estão? Para mim eles estão normal. — Disse olhando em direção ao seios, ela os tocou e fez careta porque estavam levemente doloridos. — Minha menstruação está para descer, deve ser por isso. — Deu os ombros sem se importar e Kristen assentiu com a cabeça concordando com a amiga porque geralmente as mulheres ficavam mais inchadas naquela época. 

— Por que você não trouxe minha sobrinha? Eu estou com saudades dela.

— Ela saiu com o pai, aliás, ele nem disse para onde ia e não atende as minhas ligações, já estou ficando preocupada. — Demi resmungou olhando para o celular novamente para ver se pelo menos uma mensagem de Joseph chegava. 

— Vocês brigaram? — Perguntou estranhando, ela conhecia os amigos e sabia que Joe não era de fazer aquele tipo de coisa. Ele sempre avisava aonde estava e que horas voltaria para casa. Demi negou com a cabeça, ela bloqueou o celular e voltou a olhar a amiga. 

— Não brigamos, aliás, tivemos um breve desentendimento por conta da mãe dele, mas estávamos conversando normalmente. — Deu os ombros e revirou os olhos quando Kristen a repreendeu com o olhar, ela já havia falado várias vezes para a amiga evitar fazer comentários ou brigar com a sogra. — Eu não consigo evitar, ela me irrita com aquela mania chata de ficar dando palpites sobre a forma que eu cuido da minha casa e da minha família. 

— Ela é mãe, Demi. É normal que ela fique dando palpites, sem contar que Joseph é filho único, ela sempre vai querer o melhor para o filho dele, por isso ela pega tanto no seu pé. 

— Isso não justifica, eu também sou filha única e meus pais não ligam para Joseph vinte e quatro horas do dia para opinar sobre a forma que ele cuida de mim ou da minha filha. Isso é tão estressante e às vezes eu acabo perdendo a paciência, ele também sabe que às vezes a mãe dele passa dos limites. 

— O melhor que você faz é ignora-la, se você for levar em conta tudo o que ela diz, vai acabar ficando louca. — Demi assentiu suspirando, ela olhou novamente o celular e xingou alto. — Calma, Demi. Ele deve estar na casa da mãe dele, manda uma mensagem para ela perguntando. Você já contou para ele sobre a proposta de emprego que você recebeu? — Perguntou curiosa e Demi negou com a cabeça. 

— Ainda não, eu só vou contar quando eu tiver uma resposta. Nicholas me mandou uma mensagem e nós marcamos uma reunião para sexta-feira. Eu ainda não sei o que fazer, é uma proposta muito tentadora, entende? 

— Entendo, e acho que você deveria pensar muito. Por mais que o salário seja maravilhoso e a ideia de ser chefe tentadora, você não pode esquecer que vai ter alguém acima de você, dando ordens. Já na Mayer por mais que você não esteja numa posição de chefia, você tem muita liberdade, sem contar que você querendo ou não, é a empresa da sua família. 

— Esse é o ponto, por ser a empresa da família, eu sei que o Joe vai ser contra eu sair de lá. Eu sinto que a qualquer momento eu vou enlouquecer de tanto pensar sobre isso. — Por mais que ela quisesse ouvir as opiniões, ela sabia que no fundo a decisão estava apenas em suas mãos e o medo de tomar a decisão errada às vezes lhe apavorava. 

— Bom, segue a sua intenção, essa é uma decisão que só você pode tomar. — Demi assentiu com a cabeça e sorriu quando a porta foi aberta e Stella adentrou segurando uma sacola. 

— Amiga, com todo respeito, eu acho que eu tenho um crush enorme na sua esposa. — Brincou quando Stella lhe cumprimentou com um abraço apertado e um beijo na bochecha, a esposa da amiga estava sempre bonita e elegante. Ela com certeza chamava atenção de muitos homens e mulheres. 

— Tira os olhos da minha mulher, Demetria. Você tem um homem muito bonito te esperando em casa. — Kristen disse dando um selinho na esposa. Demi riu concordando com a cabeça e sorriu ao ver os olhos das duas brilhando, o amor que elas sentiam uma pela outra era tão bonito e perceptível.  

— Trouxe croissant, está quentinho. — Disse caminhando para a cozinha e não demorou nada para Demi e Kristen segui-la. . — Você já contou para Demi a novidade? — Stella perguntou enquanto preparava a mesa. Demi olhou para as duas de forma curiosa e Stella sorriu animada quando Kristen negou com a cabeça. 

— Eu estava esperando você. — Kristen disse com um sorriso de orelha à orelha e elas trocaram um selinho demorado. 

— Parem de se beijar e me digam logo essa novidade, eu estou curiosa. — Demi resmungou, ela odiava o fato de ser tão curiosa, ela estava sempre querendo saber de tudo e estar por dentro de todas as novidades se não a curiosidade lhe corroía. 

— Nós decidimos adotar uma criança. — Falou e Demi abriu a boca sem acreditar. 

— Nós vamos visitar um advogado amanhã para saber como funciona todo o processo e depois vamos começar a frequentar os orfanatos, estamos ansiosas. — O sorriso de Demi foi tão lindo que Kristen se emocionou. Demi abraçou a amiga fortemente com os olhos cheios de lágrimas, era uma atitude tão incrível. 

— Eu estou tão feliz por vocês, eu sei que essa criança vai ser muito amada e bem cuidada. Vocês podem contar comigo para qualquer coisa que precisarem. — Demi suspirou encantada e sorriu quando Kristen limpou suas lágrimas que ela nem mesmo tinha percebido que rolavam. Demi abraçou Stella fortemente e a parabenizou várias vezes. — Eu estou animada para ser tia. 

— Nós também, estamos ansiosas para começar a conhecer as crianças e confesso que tenho medo de querer adotar todas. — Demi riu. — Ainda não sabemos se vamos adotar bebê ou mais grandinha, acho que quando a gente encontrar a criança certo, nós saberemos. 

— Com certeza, vocês vão ter um encontro de almas. — Demi disse e elas assentiram. Demi pegou um pedaço do croissant de presunto e queijo e deu uma mordida, aquilo estava magnífico, estava tão quentinho, ela até fechou os olhos saboreando aquela delícia. O assunto entre elas se estendeu enquanto conversavam sobre maternidade, elas perguntavam tantas coisas de forma curiosa e Demi respondia todas prontamente contado sobre sua experiência. 

Quando a tarde chegou, Demi decidiu ir embora, mesmo com as meninas pedindo para que ela ficasse para o almoço. Quando Demi adentrou no carro, o celular vibrou avisando que ela tinha uma nova mensagem, era mensagem de Kelly avisando que Joe havia acabado de sair de lá. 

Demi dirigiu rapidamente até a sua casa, ela sorriu ao estacionar seu carro na garagem e ver o carro do marido estacionado ao lado do seu. Demi desceu do carro, ativando o alarme e adentrou em casa, rapidamente foi recebida pelos cachorros com lambidas e latidos, ela sorriu e se abaixou para dar um pouco de carinho para eles. — Amor? — Demi chamou e caminhou em direção a cozinha. Havia um buquê de flores em cima do balcão da cozinha e ela sorriu. — Eu senti sua falta essa manhã. — Demi disse observando Joseph de costas enquanto cozinhava. Tinha homem mais bonito do que aquele? Os braços musculosos se mexiam rapidamente enquanto ele cortava a batata e os ombros largos chamava muito sua atenção. Ela mordeu o lábio inferior e o abraçou fortemente, depositando um beijo nas costas dele. — Essas flores são lindas, obrigada amor. — Fazia tempo que Joseph não lhe presenteava com flores. Demi o soltou para apreciar as flores mais de perto e um cartãozinho que estava no meio delas caiu. 

— Não foi eu que te dei essas flores. — Joe disse tão sério que Demi até estranhou o tom de voz dele. Demi abriu o bilhete e franziu o cenho ao ler o nome de Nicholas como remetente. — Quem é Nicholas? — Perguntou virando-se para encara-la. Demi colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e desviou o olhar do cartão para encarar o marido. 

— É um colega, ele trabalha na Bryant e nós conversamos sobre negócios uma vez. — Demi deu os ombros e desviou o olhar para guardar o bilhete no meio das flores novamente. — Nós encontramos ele na sexta-feira no restaurante japonês. — Demi disse normalmente.  

— Com quem você jantou na noite do nosso aniversário de casamento? — Joseph perguntou a olhando atentamente. 

— Amor, eu já te falei... eu estava com uma cliente. — Como ela conseguia mentir assim na cara de pau? Ela achava que iria lhe fazer de idiota? Joseph xingou irritado e acabou jogando um prato dentro da pia com raiva, ele só queria que ela lhe contasse a verdade. 

— Por que você está mentindo para mim? — Perguntou a olhando friamente. 

— Joseph, eu não... 

— Não diga que não está mentindo, eu não sou idiota, Demetria. Você pensou o que? Que conseguiria me enganar e me fazer de idiota? Eu já sei de tudo, sei que você não estava com cliente nenhum no dia do nosso aniversário de casamento e sei também que você recebeu uma proposta de emprego. — Demi arregalou os olhos.

— Quem te contou? — Demi perguntou massageando as têmporas sem acreditar que ele já sabia de tudo, ela iria contar, mas não queria que ele descobrisse daquela forma porque sabia que eles iam acabar brigando. Joseph riu incrédulo e balançou a cabeça.

— Não importa quem me contou, o que importa é que sei. 

— Eu ia te contar quando eu tivesse uma resposta. Eu recebi a proposta há um tempo atrás e ela é muito boa, um cargo maior, salário maior, eu amo trabalhar na Mayer e você sabe disso, mas é uma nova oportunidade de crescimento. E eu só não te contei porque sabia que você iria ser contra. 

— Ser contra? Pelo amor de Deus, Demetria. Eu sempre te apoiei, sempre te incentivei a correr atrás do que você queria e sempre apoiei as suas conquistas, tudo o que eu queria da sua parte era sinceridade, eu pensei que nós éramos parceiro, eu sempre te contei tudo o que acontecia comigo, quando eu recebi a proposta para trabalhar em Nova York você foi a primeira a saber. 

— Joseph, você está fazendo uma tempestade em copo d'água. Eu ia te contar, eu só não queria fazer um alarme para nada. Será que você não consegue entender o meu lado? Eu só queria tomar uma decisão primeiro antes de te contar. 

— Tempestade em copo d'água? Eu estava aqui que nem um idiota me preocupando em ter uma noite agradável com você, preparando um jantar romântico e você jantando com dois caras falando sobre mudar de empresa e ainda mentiu para o pateta aqui, quanto consideração da sua parte. 

— Eu sei que errei na noite do nosso aniversário de casamento, mas não precisa jogar na minha cara, você mesmo já tinha me perdoado por isso. 

— Eu te desculpei porque eu não sabia que você estava mentindo para mim, falando que estava jantando com uma cliente que nem existe. E se fosse eu que estivesse mentindo? Falando que eu estava jantando com um cliente quando na verdade estava jantando com duas mulheres falando sobre mudar de empresa? E ainda ter essas mulheres mandando flores para casa, como você ia se sentir? 

— Você está insinuando o quê? Que eu estava transando com eles? Céus, agora eu estiu vendo como você confia em mim. Esse é o exato motivo pelo qual eu não te contei, porque eu sabia que você não aceitaria o fato de eu querer sair da empresa do seu tio querido, ainda mais ir para uma empresa rival ganhar mais do que você e está numa posição maior. 

— Você está se ouvindo? Eu estou pouco me fodendo se você vai sair da Mayer, se vai ganhar mais ou estar num cargo maior do que o meu, você não é obrigada a trabalhar numa empresa aonde não está satisfeita, tudo o que eu queria de você era sinceridade e confiança, eu acabei de perceber que essas duas coisas não existem no nosso casamento. — Joseph saiu da cozinha e subiu as escadas irritado. Demi xingou alto e desligou o fogo que ele havia deixado ligado, ela havia até perdido o apetite e caminhou para a sala se perguntando como ele havia descoberto. 

Demi mandou uma mensagem para Kristen perguntando se ela havia dito alguma coisa para Joseph e logo a amiga respondeu dizendo que não falava com ele há semanas. Demi resmungou e adentrou a mão no cabelo jogando-o para o lado. Como ele havia descoberto? Ela pegou o notebook que estava repousado na mesinha de centro da sala para começar a trabalhar, era o melhor que ela fazia ao invés de ficar pensando besteiras. Não demorou muito para que Joseph descesse as escadas com a carteira em mãos e uma muda de roupa para Alana. 

— Para onde você vai? — Perguntou estranhando, Joseph buscou pela chave do seu carro em cima do balcão e conferiu se não estava esquecendo nada. — Sério que você vai agir como uma criança mimada? — Disse sem paciência nenhuma. 

— Eu vou sair com a minha filha, coisa que você não faz já que só trabalha o dia inteiro. — Falou ríspido. 

— Você é um egoísta que só olha para o seu próprio umbigo. — Joe não disse nada, apenas saiu batendo a porta com força, Demi o xingou alto de propósito para que ele ouvisse e não demorou muito para ela ouvir o barulho do carro saindo. O coração de Demi se apertou no peito, ela não queria que ele soubesse das coisas daquela maneira, o que ela mais queria evitar era uma briga que acabou sendo inevitável. 

As horas pareciam passar lentamente para Demi, quanto mais olhava para o relógio, mais devagar os ponteiros do relógio pareciam girar. Quando sentiu a barriga roncar de fome, Demi recorreu aos aplicativos de delivery e em menos de trinta minutos ela estava comendo um enorme hambúrguer e batatas fritas recheadas com cheddar, não era um opção saudável, mas era tudo o que ela tinha vontade de comer naquele momento.

Enquanto a hora não passava para Demi, para Joseph estava voando. Ele havia almoçado com a filha e a mãe num restaurante no centro de Los Angeles e depois eles foram num parque para Alana brincar com as outras crianças. Quando deu sete horas da noite, ele deixou Alana com a mãe e foi encontrar com Jack num bar que havia perto do apartamento da sua mãe. 

— Com certeza hoje vai cair uma chuva daquelas, Joseph Jonas num bar no domingo à noite? Isso é um milagre. — Jack disse assim que avistou o amigo adentrando no bar que também parecia um pequeno restaurante. Joe cumprimentou o amigo com um toque de mão e puxou o banquinho para sentar. — Que milagre é esse que a general deixou você sair? — Brincou ao se referir à Demi como general, mas na visão dele, o amigo sempre fazia todas as vontades da esposa.

— Nós discutimos. — Fez uma careta e fitou o garçom servindo mais um copo de cerveja para o cara que estava sentado próximo à eles. — Ela mentiu para mim. — Suspirou. 

— Mulher é problema na certa, mas o que aconteceu? 

— Ela recebeu uma proposta de emprego para trabalhar na Bryant. — Disse e observou as feições do amigo mudar, ele sabia que era a empresa rival e o fato de Demi querer mudar de emprego era um choque. Joe sentiu o celular vibrar no bolso e quando checou, era uma chamada de Demi, ele apenas ignorou e deixou o celular em cima da mesa. — E mentiu sobre uma cliente que nem existe. Lembra que no dia do nosso aniversário de casamento ela ficou até tarde jantando com uma cliente? — Jack assentiu com a cabeça. — Era mentira, ela estava jantando com dois responsáveis do setor de arquitetura da Bryant.

— Por que ela fez isso, cara? — Jack perguntou confuso e Joe deu os ombros, ele também não conseguia entender o porquê dela ter mentido, dizer a verdade seria tão mais simples. — Uma cerveja para o meu amigo aqui, por favor. — Pediu para o garçom e Joseph fez uma careta, ele não estava ali parar beber e sim para conversar com o amigo. 

— Acho melhor não, eu ainda vou voltar para buscar minha filha e eu estou dirigindo. — Disse por mais que estivesse irritado ele não iria colocar a vida da sua filha em risco. 

— Uma cerveja só não vai fazer diferença. — Jack falou colocando a cerveja no copo e entregou para o amigo. — Cara é o que eu digo: por mais que eu ache a sua família linda, você faz tudo o que Demetria quer, eu sempre vejo você cedendo todas as vontades dela, mas ela não cede as suas. Você perdeu a oportunidade da sua vida por causa dela. Hoje era para você ser diretor da filial da Mayer em Nova York. 

— Pensando melhor agora, eu sou um completo idiota. — Joe riu sem graça pensando em tudo o que havia cedido por Demi. — Eu só estava me esforçando para ter um casamento saudável, entende? Mas olhando agora, parece que só eu estava me esforçando. — Disse dando um gole na cerveja gelada. 

— Eu não sou a melhor pessoa para falar sobre casamento porque eu sou um cafajeste, mas na minha visão, num casamento os dois tem que ceder, entende? É um esforço diário, um não tem que fazer mais pelo outro, a entrega tem que acontecer dos dois lados, ambos tem que se doar igual. — Joe assentiu com a cabeça e deu mais um gole na cerveja. — É como uma balança, quando um lado se doa mais, a balança fica desigual. — Joseph não deveria estar ouvindo as palavras do seu melhor amigo cafajeste bêbado, mas ele tinha razão. 

Eles ficaram conversando por longos minutos, apesar de ser um mulherengo, Jack sabia dar bons conselhos e como ele costumava dizer: ele muito bom de lábia. Joseph tomou duas cervejas e recusou o restante porque ele não queria ficar alto enquanto o amigo tomava todas sem se importar que no dia seguinte acordaria cedo para trabalhar. — Cara, ou eu estou muito bêbado ou eu estou vendo a Madison ali. — Jack disse fazendo uma careta e quando Joe olhou em direção aonde o amigo olhava, seu olhar cruzou com o de Madison. 

A garota sorriu para ele e acenou brevemente, ela falou algo para as duas garotas que estava acompanhada e todas elas olharam para Joseph com sorrisinhos nos lábios. Joe tirou a carteira do bolso e tirou uma nota e entregou para o amigo. — Eu já estou indo. — Disse levantando-se. 

— Joseph. — Madison sorriu tocando-o no braço. Joseph virou-se e sorriu para a menina. — Tudo bem? — Perguntou o abraçando. — Que coincidência boa nós três aqui. — Falou animada e pediu para o garçom uma dose de tequila, Joe franziu o cenho porque ela não tinha idade legal para beber, mas não disse nada porque na idade dela, ele fazia coisa pior. 

— Uma ótima coincidência, eu diria. — Jack disse sorrindo malicioso, ele não evitou olhar para o bumbum da garota que mesmo com o frio lá fora vestia um vestido curto. Joe o repreendeu pelo olhar e negou com a cabeça desaprovando a atitude do amigo. 

— Vamos tirar uma foto para registrar esse momento. — Madison falou animada, ela tirou o celular do bolso e quando Joseph ia fugir, ela o puxou pelo braço mirando a câmera para eles. Ela tirou três fotos e sorriu animada vendo como as fotos haviam ficado. — Vou te mandar, Jack. 

— Eu preciso ir embora, nos vemos amanhã na empresa. — Ele se despediu do amigo com um tapinha no braço e de Madison com um abraço gentil e um breve beijo na bochecha. 


***

Demi suspirou e fechou o notebook, sua tarde havia se resumido em trabalhar e trabalhar, ela havia adiantado tantas coisas que estava até aliviada. Demi buscou pelo celular ao seu lado para verificar a hora e franziu o cenho porque era quase oito e meia e Joseph não havia dado nenhum sinal, ela mandou uma mensagem para ele e a mensagem nem mesmo chegou. Demi aproveitou para atualizar seu Instagram e quando abriu os stories de Jack, sentiu o sangue ferver. 

Joseph e Madison num bar? Se ele estava fazendo isso para irritá-la, ele estava conseguindo com sucesso. Demi o xingou e jogou o celular num canto qualquer do sofá. Joseph sabia que Demi não gostava de Madison, sabia que aquela garota gostava dele e ao invés de manter de distância, eles saiam juntos para lhe provocar. No mesmo momento a porta da sala foi aberta e Joseph adentrou com Alana. — Oi meu amor. — Demi disse dando um beijo estalado na bochecha da filha, Alana abraçou a mãe e sorriu. — Tudo bem? — Perguntou tentando parecer o mais gentil possível porque no momento que estivesse sozinha com Joseph, ela iria explodir. 

— Por que você não foi para o parque com a gente? — Alana perguntou abraçando a mãe pela cintura. Demi encarou Joseph e beijou o topo da cabeça da filha carinhosamente. 

— Mamãe estava trabalhando, anjo. Vejo que a senhorita se divertiu muito no parque, não é mesmo? — Alana sentiu com a cabeça e fez uma careta porque sua camiseta branca estava toda suja. — Eu acho melhor a mocinha subir para tomar banho. — Falou e Alana assentiu subindo as escadas. 

— Eu não sabia que você conseguia descer tão baixo apenas para me provocar. — Demi disse encarando Joseph seriamente. Ele estava sentado no sofá brincando com Batman que tentava morder seu dedo ferozmente. 

— Eu não estava te provocando, encontrei com Madison no bar, diferente de você eu não tenho nada para esconder e nem motivo para mentir. — Provocou sem olha-la. 

— Se você quer agir como um adolescente, o problema é seu. Eu não vou entrar nesse seu joguinho, mas saiba que eu vou tomar a decisão sobre o que é melhor para mim e se eu achar que o melhor para mim é sair da Mayer, eu vou, independente da sua opinião.

— Demetria, eu estou pouco me fodendo se você vai sair da Mayer, se vai trabalhar na Bryant ou em qualquer outra merda, você é bem grandinha para tomar as próprias decisões, se você acha que eu vou chorar e implorar para você ficar, você está muito enganada. Só não venha chorar depois me pedindo colo. — Ele a olhou e sentiu o coração doer no peito ao ver os olhos dela marejados, mas o que poderia fazer? Estava chateado com ela e não iria voltar atrás. 

— Você é um idiota. — Demi disse com a voz embargada e subiu as escadas batendo a porta com força, ela estava com tanta raiva que não queria vê-lo mais. 


***

Esse capítulo não saiu exatamente da forma que eu queria, mas foi o melhor que eu consegui fazer, por favor me digam o que acharam nos comentários...
como vocês estão? eu estou bem na medida do possível. 
Agora as tretas finalmente começaram e já digo que será uma mais explosiva que a outra porque nenhum dos dois vão querer ceder. 

Enfim, é isso. 
respostas dos comentários aqui, até o próximo.