20/05/2018

27. Stress


— O que você tem que está tão calada? — Kristen perguntou impaciente. Eram sete e meia da manhã e elas estavam no carro em direção ao estúdio aonde Kristen trabalhava. Elas haviam acabado de deixar Alana na escola e agora Demi iria deixar a amiga no trabalho para depois seguir para a empresa. Uma música do Ed Sheeran tocava baixinho na rádio e Demi estava extremamente quieta e focada nas ruas de Los Angeles. — Demetria, eu estou falando com você. — Disse dando um tapa na coxa da amiga. Demi franziu o cenho e encarou Kristen brevemente. Quando elas estavam juntas, sempre tinham assunto para conversar e raramente ficavam caladas.

— O que foi? — Perguntou confusa. O trânsito aquele horário da manhã era um caos, os carros estavam parados e algumas pessoas impacientes esqueciam a mão na buzina fazendo Demi ficar ainda mais estressada com aquela barulhada toda.

— Você está muito quieta para quem transou com Wilmer Valderrama no final de semana. — Kristen sorriu maliciosa, mas logo desfez o sorriso porque Demi não parecia animada. Demi arrumou o cinto de segurança no corpo e ajeitou o óculos de sol, apesar de ser sete horas da manhã alguns raios de sol já tomava conta do céu e isso a incomodava quando estava dirigindo.

— Nós não transamos. — O encontro com Wilmer havia sido um verdadeiro desastre e a culpa era exclusivamente de Joseph Adam Jonas. — Eu não sei com que cara vou olhá-lo hoje. — Murmurou dando partida no carro quando o trânsito começou a andar. Passear de mãos dadas na praia com Wilmer havia sido incrível até as coisas começarem a esquentar e ela ver o rosto de Joseph. Aquilo não era certo e ela estava se sentindo uma pessoa horrível.

— O que aconteceu? — Perguntou curiosa. O sinal fechou e Demi parou o carro novamente, aquela lentidão já estava lhe deixando ainda mais irritada e para piorar toda a sua situação ela estava de TPM, então qualquer coisa lhe deixava extremamente irritada.

— Eu não consegui me concentrar no encontro. Joseph estava na minha mente em cada beijo e em cada toque, a situação já estava ficando insuportável e eu pedi para ele me trazer de volta pra casa, eu estraguei tudo.

— Você deve estar assim porque se beijaram na cozinha, você não sente nada pelo Joseph, certo?

— Claro que não, foi só um beijo insignificante. Só porque nos beijamos não quer dizer que eu vou perdoá-lo por tudo o que ele fez e me jogar nos braços dele pedindo para sermos uma família feliz, isso é loucura. Eu sou muito melhor sozinha, não sei porque diabos ainda tento ter um relacionamento, não funciona.

— Meu Deus como você está dramática hoje. — Revirou os olhos e Demi a fuzilou com o olhar antes de seguir com o carro. Kristen riu baixinho e pegou seu celular assim que vibrou avisando que ela tinha uma nova mensagem pendente. — Você está assim porque está menstruada, você fica mais irritada, chata e dramática do que o normal.

— Eu não sou dramática e muito menos chata, é só a realidade. Se você não aguenta o meu humor quando eu estou assim, porque veio me pedir carona?

— Porque você era a minha única opção. Céus, hoje não tem condições nenhuma de conversar com você. — Kris falou mais focada em trocar mensagens com Stella do que conversar com Demi. Demi a xingou e só não acertou um tapa na amiga porque ela precisava focar nas ruas de Los Angeles. — Hoje eu vou almoçar com Stella, tudo bem?

— Quando as pessoas começam a namorar elas esquecem dos amigos. — Murmurou estacionando o carro em frente ao estúdio. Kristen gargalhou alto do drama da amiga e se inclinou para beijá-la na bochecha quando se desfez do cinto de segurança. — Tchau, manda um beijo para Stella. — Elas implicavam uma com a outra, mas Demi estava feliz que a amiga havia encontrado uma pessoa, ela merecia ser feliz com uma pessoa que a amasse de verdade.

— Mando sim, até mais tarde. — Acenou e saiu do carro. Demi acenou de volta e seguiu em direção a empresa. Mais uma semana que ela precisava vencer. O caminho até a empresa foi estressante, dirigir no trânsito era um saco e Demi só fazia porque era preciso, os motoristas não tinham respeito nenhum e dirigiam com pressa, se não tivesse cuidado facilmente um acidente poderia acontecer.

Assim que estacionou o carro no estacionamento da empresa, Demi se desfez do cinto e retirou o óculos de sol, pegou seu celular e sua bolsa e saiu do carro. Cumprimentou os seguranças com um breve bom dia e caminhou em direção ao elevador. Enquanto o elevador não chegava em seu andar, ela verificou suas redes sociais, curtiu algumas fotos no Instagram e respondeu algumas mensagens pendentes.

— Bom dia, Demi. — Bella disse assim que avistou a amiga. Demi sorriu e beijou carinhosamente a bochecha da garota. As olheiras em baixo dos olhos eram perceptíveis, trabalhar e estudar não era fácil, mas era preciso. — Adam já chegou e pediu para avisar que quer conversar com você na sala dele. — Demi franziu o cenho e sentiu o coração bater um pouco mais forte no peito. O que ele queria com ela? Só de pensar na possibilidade de Adam descobrir que ela beijou Joseph enquanto estava com Wilmer, sua cabeça dava voltas e voltas.

— Conversar comigo sobre o que? — Perguntou curiosa. Bella riu e deu os ombros enquanto separava algumas papeladas em pastas de diferentes cores.

 — Isso eu já não sei, você acha que o diretor da empresa iria me dizer o que quer conversar com uma funcionária? Foi a secretária dele que ligou avisando. — Demi mordeu o lábio inferior e assentiu pensativa, porque diabos ela tinha que ser tão curiosa? — É melhor você ir. — Bella disse de cenho franzido mais focada em seu trabalho do que em qualquer outra coisa. Demi assentiu e sentiu o coração acelerar ainda mais quando as portas do elevador se abriram e Joseph e Wilmer saíram de lá juntos e sorrindo, como velhos amigos.

— Bom dia, meninas. — O que era aquilo? Até juntos eles estavam falando. Desde quando eles eram amigos? Demi sorriu tensa para eles e pegou sua bolsa, Joseph esbanjou aquele sorriso de lado que ela tanto odiava e a encarou de cima a baixo. Demi colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e respirou fundo.

— Eu preciso ir. — Disse e saiu rapidamente em direção ao elevador afim de se livrar daquela tensão toda que estava sentindo. Joseph era apenas o pai da sua filha e nada além disso, ela não podia continuar imaginando como seria se eles fossem uma família ou como seria bom se pudesse beijá-lo a hora que quisesse. Ela estava com Wilmer e precisava focar nisso, quem sabe as coisas não ficariam sérias?

O andar da presidência sem dúvida era o mais elegante de todo o prédio. Até as pessoas que trabalhavam naquele andar pareciam ser mais sofisticados. Ela cumprimentou a secretária de Adam e umedeceu os lábios quando a moça indicou a porta, dizendo que Adam já esperava por ela. — Bom dia, Demi. — Adam disse assim que a porta se abriu. Ele sorriu e indicou a cadeira para Demi sentar.

— Bom dia, Adam. — Falou ajeitando a bolsa no colo. — Bella disse que você queria conversar comigo, algum problema? — Apesar de Adam esbanjar riqueza e sofisticação, ele era um cara simples e gentil, tanto que os funcionários o tinha como um amigo e o tratava de forma informal.

— Nenhum problema, Demi. — Ele sorriu porque percebeu que Demi estava nervosa. Ele guardou algumas cópias recém assinadas dentro de uma gaveta e entrelaçou seus dedos, colocando suas mãos sobre a mesa. — Eu senti sua falta no almoço de ontem. — Disse se referindo ao almoço que fizeram para apresentar Alana para toda a família.

— Joseph me convidou, mas eu já tinha um compromisso, fica para uma próxima vez... mas Alana gostou muito de conhecer a família do pai, ela ficou bem feliz e isso é muito importante para mim. — Sorriu sincera, a felicidade da filha era sua prioridade.

— Alana é encantadora, todos amaram conhecê-la. Ela é uma criança incrível e você fez um ótimo trabalho cuidando dela. — Demi agradeceu orgulhosa de si mesma porque todo esforço estava valendo a pena. — Joseph é como um filho para mim e agora nós somos uma família, você sabe disso, não sabe? — Demi assentiu porque de alguma forma eles eram uma família por conta de Alana que ligava os dois, mas ela sentia como se não se encaixasse naquela família. — Sua filha é minha sobrinha e eu quero que você saiba que pode contar comigo para qualquer coisa.

— Obrigada, Adam. Isso significa muito para mim. — Sorriu e deixou que Adam tocasse sua mão de uma forma carinhosa e paternal.

— Somos uma família agora e eu acho muito importante que você saiba que pode contar comigo para qualquer coisa, tanto você quanto Alana. Eu quero que ela saiba que a família do pai dela se importa com ela e quero que ela se sinta como parte da família, não só ela, mas você também. Ela é uma Jonas. — Disse de forma brincalhona e piscou. Demi riu baixinho e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha, as bochechas estavam coradas, ela estava sem jeito e não sabia muito bem o que falar.

— Alana gostou muito de todos vocês, ontem ela não parou de falar por um minutos como gostou de você e de conhecer a família do pai, no começo eu tive receio e fiquei com medo que ela pudesse ser rejeitada, mas agora eu sei que vocês são pessoas incríveis e que vão cuidar muito bem dela. — Era verdade. Ela já confiava sua filha em Joseph porque ele estava se mostrando um ótimo pai e alguns integrantes da família Jonas pareciam ser boas pessoas.

— Eu sei que Jospeh te machucou muito e acredite eu já fiz ele ouvir muito por isso. Ele é como um filho para mim e nós conversamos sobre tudo, ontem ele comentou comigo sobre o que aconteceu entre vocês na cozinha. — Céus, como ela queria um buraco para enfiar sua cabeça dentro. As bochechas ficaram terrivelmente vermelhas e ela pensou em várias formas diferentes de matar Joseph. — Não quero te constranger e nem nada do tipo, vocês são adultos e sabem o que fazem. Só quero que pensem na filha de vocês em primeiro lugar antes de tomar qualquer decisão, vocês estão cruzando uma linha perigosa, isso pode afetar a filha de vocês e pode afetar o relacionamento de vocês como pais. Eu só quero que tomem cuidado, o.k?

— O que aconteceu foi um erro que não vai voltar acontecer, nós vamos focar na nossa filha que é o mais importante no momento, eu e Joseph temos apenas uma relação amigável e nada mais do que isso. — Disse tentando convencer a si mesma. Ela não pensaria mais em como seria acordar todos os dias ao lado dele.

— Vocês jovens complicam tudo. — Adam disse brincalhão. Estava tão óbvio que Demi ainda sentia algo por Joseph e Joseph sentia algo por ela. Adam e Demi ficaram algum tempo conversando sobre novos projetos e arquitetura. Quinze minutos depois, ele foi chamado para uma reunião e Demi voltou para a sua sala. Quando o elevador abriu as portas no andar em que ela trabalhava, Demi franziu o cenho ao ver Joseph e Blake caminhando juntos até a mesa de Bella, ambos tinha um sorriso nos lábios e Blake abraçava Joseph pelos ombros.

— Céus, Joseph, você é terrível. — Ela disse toda sorridente. Joseph esbanjou aquele sorriso galanteador dele e piscou para ela. Demi revirou os olhos e caminhou diretamente para sua sala, passando por eles como um furacão. Ela fechou a porta da sala, jogou a bolsa em cima do sofá e sentou-se ao redor da sua mesa para começar as tarefas do dia. Não entendia porque se sentia tão irritada.

Tinha tanta coisa para resolver, e-mails para responder, reunião com uma cliente, prova para estudar e mais um monte de tarefas que precisava cumprir até as quatro da tarde. Demi ligou o computador e abriu o seu e-mail da empresa, respondeu o e-mail da Sra. Campbell confirmando sua reunião no horário de almoço e mais alguns e-mails pendentes. A porta do escritório foi aberta e Demi franziu o cenho ao ver Blake adentrar em sua sala. — Bom dia, Demi. — Disse séria caminhando em sua direção com uma pasta preta em mãos. — Preciso que você vá atrás da assinatura de todos os engenheiros desse departamento. — Disse colocando a pasta em cima da mesa. — É um projeto de urgência e preciso dessas assinaturas na minha mesa em trinta minutos. — Falou e saiu da sala sem dar chance de Demi responder. Demi era estagiária, mas não era estagiária de Blake, aquele não era o papel dela, aquela mulher nunca havia lhe dado um simples bom dia desde que chegou na empresa e agora queria manda-la fazer trabalhos que não eram de sua responsabilidade? Diabos.

Demi leu brevemente aquele monte de papel e deixou o computador em descanso enquanto saia da sala para buscar as assinaturas. A maior parte dos funcionários que trabalhavam naquele andar eram gentis e educados, mas como toda empresa tinha alguns que eram arrogantes, que nem a olhava e muito menos lhe desejava um bom dia. Demi revirou os olhos discretamente quando um desses engenheiros arrogantes lhe entregou os papeis assinados e praticamente a expulsou da sala. Ela verificou as assinaturas que já tinha e as que faltavam, o próximo da lista era Wilmer. Demi respirou fundo e caminhou lentamente para a sala dele verificando a hora no relógio de pulso, ela bateu na porta e entrou na sala assim que teve permissão.

— Bom dia, a Blake me pediu para buscar as assinaturas de todos os engenheiros desse departamento. — Demi falou se aproximando tentando ser profissional enquanto se aproximava. Wilmer arqueou a sobrancelha e leu brevemente os papeis quando Demi lhe entregou.

— Eu já conversei com Adam e disse que não iria participar desse projeto, fala para ela vir conversar comigo e você não deveria estar fazendo isso, você é minha estagiária, não dela. — Demi deu os ombros e sentou-se no sofá ao lado dele. — Como você está? Eu não recebi nem um bom dia hoje. — Demi sorriu envergonhada e se inclinou sobre ele, acariciando o rosto barbado, seu coração ficava aliviado em saber que nada havia mudado entre eles. — Você está linda hoje. — Wilmer beijou a bochecha dela e Demi agradeceu baixinho, ela estava vestindo jeans e um blazer, não tinha nada de diferente.

— Eu estou bem e você? — Perguntou baixinho fitando os olhos escuros. Wilmer  sorriu assentiu e selou seus lábios em um beijo calmo e gentil, ela retribuiu o beijo na mesma intensidade e separou alguns segundos depois porque estavam no local de trabalho.

— Almoça comigo hoje? — Ele perguntou alisando a bochecha dela carinhosamente.

— Desculpa, mas não vai dar. — Sorriu sem graça. — Eu tenho uma reunião com a Sra. Campbell durante o almoço, nós vamos fazer os últimos ajustes do projeto antes de irmos as lojas procurar pelos móveis. — Sorriu feliz porque seus projetos estavam caminhando bem e os clientes pareciam estar satisfeitos.

— Tudo bem, podemos almoçar amanhã. — Demi assentiu e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha, ela beijou a bochecha dele e sorriu porque ele era compreensivo e a entendia acima de tudo, era de uma pessoa assim que ela precisava em sua vida. 

— Eu preciso ir se não vou acabar me atrasando, nos falamos depois, tudo bem? — Wilmer assentiu, lhe deu um breve selinho e deixou que ela saísse da sua sala. Demi buscou a assinatura de uma engenheira simpática que aparecia apenas duas vezes na semana na empresa porque ela trabalhava em casa, elas conversaram brevemente sobre o projeto e depois Demi foi buscar a assinatura de Joseph. Ela só não esperava que Blake estivesse na sala dele e que os dois conversavam animadamente como se fossem amigos de infância. Ela estava tão irritada porque os dois estavam muito próximos. — Aqui estão todas as assinaturas, Wilmer disse que não irá participar do projeto, falta apenas a assinatura de Joseph, mas isso eu tenho certeza que você pode conseguir, com licença. — Joe franziu o cenho e encarou Demi. Por que ela estava tão irritada?

— Eu já volto. — Joseph disse para Blake assim que Demi saiu da sala. Ele caminhou até a sala dela e adentrou mesmo sem permissão. Demi estava sentada em volta da sua mesa e retirava os seus saltos para ficar mais sossegada enquanto trabalhava. — Ei. — Joe sorriu e se aproximou dela, sentando na cadeira disponível. Demi o olhou e arqueou a sobrancelha, será que ela não poderia trabalhar em paz?

— O que você quer? — Perguntou sem paciência nenhuma. — Vai ficar com sua amiguinha e me deixa em paz. — O que era aquilo? Demi franziu o cenho quando notou o que tinha acabado de dizer. Quando Joseph sorriu, ela teve vontade de voar no pescoço dele, estava na cara que ele estava adorando aquele pequeno ataque de ciúmes dela. O que Joseph fazia com sua vida não era problema dela, ele podia ter quantas amiguinhas quisesse, ela não estava nem aí.

— Eu estava pensando em irmos buscar Alana juntos na escola, o que acha? Ela vai ficar feliz. — Joseph sorriu, ele estava adorando aquele pequeno ataque de ciúme de Demi, mostrava que ela ainda sentia algo por ele e se continuasse insistindo talvez ela cedesse uma segunda chance.

— Não vai dar, eu vou almoçar com uma cliente. Eu ia te perguntar se não dar para você ir buscá-la na escola e ir almoçar com ela no meu apartamento, eu deixei o almoço pronto, é só esquentar e depois Kristen vai deixá-la no balé, eu vou falar com ela. — Demi digitou a senha do celular e abriu o aplicativo de mensagem para mandar uma mensagem para a amiga.

— Tudo bem, eu vou buscá-la. — Disse brincando com uma caneta qualquer. Demi revirou os olhos e se acomodou melhor na cadeira, ela bloqueou o celular assim que terminou de digitar, colocou o celular sobre a mesa e o encarou. — O que foi? — Joe perguntou ao ver o modo como Demi o olhava, parecia que ela imaginava várias formas diferente para matá-lo.

— Você é um idiota que não sabe manter essa sua boca fechada. Por que diabos você tinha que ir comentar com o seu tio sobre o que aconteceu na cozinha? O que aconteceu foi um erro que nunca mais vai voltar a acontecer, se você cruzar a linha novamente eu vou me certificar de que você nunca mais veja Alana na sua vida e eu não estou brincando. — Ela estava irritada porque enquanto falava Joseph mantinha aquele sorriso idiota nos lábios.

— Linda, você quis aquele beijo tanto quanto eu. Você está com ciúme de Blake sem nenhum motivo aparente, ela é apenas a minha amiga, eu só tenho olhos para você e o meu tio é como o meu pai, você não precisa ficar tão estressada, tenho certeza que comentou sobre o nosso beijo com a sua amiga.

— É diferente. — Não era diferente, Joseph havia desabafado com alguém de confiança da mesma forma que ela havia feito com Kristen. — E eu não estou com ciúmes de ninguém, o que você faz da sua vida é problema seu, contando que não afete a minha filha, eu não me importo.

— Eu jamais faria algo para afetar a nossa filha e eu não quero outra pessoa, eu quero ficar apenas com você e eu não vou desistir enquanto você não olhar nos meus olhos e dizer que não quer nada comigo  — Joe colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha e Demi tocou o braço dele, o afastando.

— Sai daqui, Joseph. Você já esgotou toda a minha paciência por hoje. — Falou digitando no computador, sem olhar para os olhos de Joseph. Joe sorriu, pegou um bloquinho de notas que havia em cima da mesa, desenhou alguma coisa e saiu da sala, deixando o bloquinho em cima da mesa. Quando a curiosidade falou mais alto, Demi pegou o bloquinho e sentiu o coração bater mais forte no peito. Havia um pequeno desenho, eram três bonequinhos de mãos dadas, dois bonequinhos de mãos dadas e um bonequinho menor, provavelmente ela, ele e Alana, e ao lado dos bonequinhos estava escrito "família". Por que Joseph tinha que ser assim? Ele conseguia mexer com a sua mente de uma maneira que ninguém mais conseguia. Demi mordeu o lábio inferior e guardou a folha desenhada dentro da bolsa.


Alana estava sentada em volta de uma mesa redonda com algumas coleguinhas, esperando pelos pais irem buscá-las. Era o dia do brinquedo e por isso ela estava com uma boneca nos braços, o dia do brinquedo era o seu dia favorito porque ela podia levar brinquedos de casa e passar uma boa parte do dia brincando com os coleguinhas ao invés de fazer lição. — O Justin é o pai da minha filha. — Catarina disse penteando o cabelo da boneca com uma escova de plástico.

— O pai da minha filha é o Gabriel. — Júlia disse sorridente fitando a boneca de cabelos pretos. Alana franziu o cenho quando as duas coleguinhas olhou para ela. A pequena encarou sua boneca sentada em cima da mesa e olhou para as amiguinhas.

— A minha filha não tem pai, a minha mãe disse que eu não posso namorar porque ainda sou criança e crianças não namoram. — Disse pensando no que Demi e Joe haviam dito para ela. Catarina olhou Alana com o cenho franzido e deu os ombros.

— Então a sua filha não vai ter um pai igual você. — Catarina falou sem maldade nenhuma. Alana olhou para a menina brava e cruzou os braços.

— Eu tenho um pai sim, o nome dele é Joseph e ele é o melhor pai do mundo, muito melhor do que o seu pai. — Alana falou irritada. Ela soltou sua boneca e encarou a coleguinha, ela tinha um pai e não achava justo as outras crianças falarem que ela não tinha pai só porque não havia convivido com ele. Agora ela tinha um pai e ele era o melhor pai de todos.

— Não fala do meu pai, sua feia. — Catarina falou puxando a trança do cabelo de Alana. Alana franziu o cenho e levou a mão ao couro cabeludo alisando o local, estava doendo e para se defender deu um tapa forte na barriga da garota. — Professora! — A menina gritou chorosa sentindo a barriga doer. Quando viu as lágrimas descerem pela bochecha da menina, Alana se arrependeu porque sabia que ia levar uma bronca da mãe.

— O que está acontecendo aqui? — A professora se aproximou das duas e afastou as garotas. As duas começaram a falar ao mesmo tempo com medo de levar uma bronca, a mulher de cabelos pretos na altura dos ombros pediu para que elas se calassem e pegou a agenda das duas para escrever um recado e já que estava no horário de ir para casa deixou as duas de castigo afastadas dos demais coleguinhas que brincavam pela sala.

Alana estava cabisbaixa sentada perto da porta segurando sua boneca. Joseph parou na porta da sala e franziu o cenho quando viu sua garotinha cabisbaixa, a professora a chamou e explicou toda a situação para Joe. Joseph colocou a mochila rosa da filha nos ombros e segurou a mão da menina enquanto eles caminhavam em silêncio até o carro, ele ajudou a pequena a sentar no banco de trás e colocar o cinto de segurança em volta dela.

— Pai não foi minha culpa, ela começou dizendo que eu não tinha um pai e puxou o meu cabelo. Eu juro que só estava me defendendo. A tia Kris disse uma vez que não era para mim deixar ninguém me bater e foi o que eu fiz. Eu juro que não fiz por mal e amanhã eu vou pedir desculpa. — Disse desesperada com medo da bronca que poderia levar do pai. Ela sabia o quanto Demi era rígida quando o assunto era escola e já havia conversado várias vezes com a menina sobre bullying e violência que acontecia nas escolas.

— Eu não vou brigar com você, querida. — Joseph olhou para a filha pelo retrovisor do carro e deu partida no carro com cuidado por conta das crianças que circulavam naquela região. — O que você fez foi errado, mas eu entendo que você só estava se defendendo.

— A mamãe vai brigar comigo e me colocar de castigo. — Falou tristonha, ela conhecia a mãe e sabia que estava encrencada.

— Eu vou conversar com ela, o.k? — Alana assentiu esperançosa, Joseph era o melhor pai mundo. — Hoje ela não vai poder almoçar com a gente porque teve uma reunião no trabalho, mas quando eu me encontrar com ela lá na empresa explico tudo o que aconteceu.

— Fala para ela que eu sinto muito e que nunca mais vou fazer isso. — Ela disse com esperanças de que o pai conseguisse livrá-la de um castigo. Joseph assentiu com um sorriso e ligou o rádio para a filha ficar mais calma e sossegada, eles chegaram ao apartamento e Joseph abriu a porta com a chave reserva que Demi havia lhe dado antes de ir almoçar. Batman correu até Alana e abanou o rabinho feliz por ter a dona em casa.

Alana jogou a mochila no chão e pegou o cachorrinho no colo para fazer carinho e mimá-lo. — Oi Batman, eu senti sua falta. — Disse toda carinhosa com o cachorrinho e Joseph sorriu orgulhoso por ver que a filha cuidava tão bem do cachorrinho que ele havia dado. Ele colocou suas chaves em cima da mesa de jantar e caminhou até a cozinha para lavar as mãos e ver o que Demi havia preparado para o almoço. Alana correu até a cozinha atrás do pai com Batman em sua cola para ajudá-lo a preparar o almoço.

Verduras e legumes. Nada muito apetitoso. Joseph e Alana fizeram caretas juntos porque eles queriam comer algo melhor como uma pizza ou hambúrguer. Joe olhou para a garotinha que segurava o pote de ração de Batman nas mãos e sorriu de lado. — Se almoçarmos algo diferente você promete que não irá contar para sua mãe?

— Eu prometo, papai. — Alana disse risonha adorando ter um segredo com o pai.

— Certo, vá colocar ração para o Batman que eu vou ligar para pedir nosso almoço. — Alana assentiu animada e foi colocar a ração para o cachorrinho. O almoço de Joseph e Alana se resultou em hambúrgueres, batatas-fritas e refrigerante, se Demi visse aquilo iria surtar, mas um dia ou dois não faria mal a ninguém. Depois que eles terminaram de comer, se livraram da prova do crime e sentaram no sofá para assistir um capítulo de Bob Esponja.

A porta se abriu e Kristen adentrou no apartamento da melhor amiga com várias sacolas nas mãos. Joseph e Alana olharam para ela de forma curiosa, Kris deixou as sacolas em cima da mesa de jantar e caminhou até o sofá aonde Joe estava com Lana, Batman estava deitado ao lado deles e observava tudo atentamente. — Por que vocês estão com essa cara de que estavam aprontando? — Perguntou desconfiada colocando uma das mãos na cintura, Kristen conseguia farejar encrenca de longe.

— Não estamos aprontando nada. — Os dois falaram juntos e Kristen riu achando aquilo engraçado.

— Eu vou fingir que acredito. — Ela encarou Joseph e depois olhou para a sobrinha que estava perfeitamente acomodada nos braços do pai prestando atenção em seu desenho favorito. Era uma cena fofa de se ver. — Mocinha está na hora de ir se arrumar para o balé, vista sua roupa e depois desça para prender o cabelo. — Alana assentiu, beijou a bochecha do pai e subiu as escadas correndo. — Se precisar de ajuda me grita. — Gritou enquanto Alana subia as escadas. Kris sentou-se no braço do sofá e observou a televisão para depois encarar o homem sentado ao seu lado. — Se você machucar a minha amiga eu vou acabar com a sua raça. — Kristen disse sem rodeio dando um tapa no braço de Joseph que a olhou assustado.

— O que eu fiz? — Perguntou confuso alisando o local agredido, estava ardendo.

— Eu sei de tudo o que aconteceu entre vocês, desde o dia em que os seus olhares se cruzaram naquela festa no sítio dos seus pais até o beijo que aconteceu ontem na cozinha e eu estou falando sério, se você estiver só brincando com ela é melhor parar porque eu não vou deixar ninguém machucá-la.

— Eu quero ela de volta. — Disse sério a olhando nos olhos. — Durante todos esses anos eu nunca deixei de amá-la, eu sempre estava pensando nela e pedindo aos céus que nós nos reencontrasse para que eu pudesse concertar as coisas, eu tenho uma filha com ela, esse foi o melhor presente que ela poderia me dar e eu quero construir uma família com ela.

— Vai ser divertido ver você correndo atrás dela como um cachorrinho, mas saiba que se você der mancada eu vou atrás de você no inferno, eu juro que acabo com você, está me entendendo? Demi é como uma irmã para mim e eu não vou deixar ninguém machucá-la, ainda mais você que é um babaca.

— Eu errei com a Demi e eu quero concertar as coisas.

— Você não errou com ela, você foi simplesmente o maior filho da puta que existe no mundo, o mais trouxa, idiota, babaca, egoísta, ridículo, sem noção, infantil e otário que existe no planeta. — Joseph fez uma careta com todos aqueles xingamentos que recebeu, ele achava engraçado o jeito de Kristen e ficava feliz por saber que Demi tinha pessoas que gostavam dela e a protegiam. — Eu vou estar te observando de perto, Joseph. Qualquer vacilo e eu acabo com a sua vida. E eu não estou brincando, você não me conhece e não sabe dos meus antecedentes criminais. — Joseph a encarou procurando algum vestígio de zoeira nos olhos de Kristen mas ela estava séria e o encarava sem desviar o olhar, ele franziu o cenho pensando se realmente ela tinha algum antecedente criminal.

— Tia, eu preciso de ajuda. — Alana gritou do topo da escadas, a meia calça do balé estava no meio das pernas e ela não conseguia fazer subir. Kristen fez uma carinha fofa para Joseph adorando ver a cara assustada dele, ela subiu as escadas para ajudar a sobrinha se arrumar para o balé.


***


Quando Bella mandou uma mensagem avisando que Joseph havia acabado de chegar do almoço, Demi não pensou duas vezes em largar suas tarefas e caminhar até a sala dele. Ela adentrou assim que teve permissão e sentou no sofá da sala dele. — Como foi o almoço? — Perguntou curiosa. Joe desviou o olhar do notebook para olhá-la e sorriu. 

— Foi bom, nós almoçamos, assistimos desenho e depois fui levá-la para o balé junto com a sua amiga. — Deu os ombros e Demi franziu o cenho enciumada, mas assentiu. — Nós precisamos conversar. — Disse sério. Ele não queria que Demi brigasse com Alana, ele havia conversado com a garotinha no carro e ela havia prometido que não faria novamente.

— Sobre o que? — Ela já estava em estado de alerta, até a postura havia mudado.

— Alana.

— Aconteceu alguma coisa? — Joe silenciou o celular assim que começou a tocar e o nome de Blake vibrou na tela. Demi acomodou-se melhor no sofá esperando pela resposta dele.

— Ela se envolveu em uma briguinha hoje na escola. — Demi fechou os olhos e massageou as têmporas. Duas brigas em um mês. Ela conversava tanto com a filha sobre aquilo, Alana não era uma criança que brigava com os coleguinhas, o que diabos estava acontecendo? — Foi uma briguinha besta, parece que uma coleguinha disse que ela não tinha pai e puxou o cabelo dela, Alana apenas se defendeu dando um tapa na barriga da menina.

— Já é a segunda vez que isso acontece em um mês. — Demi disse respirando fundo, Alana estava encrencada.

— Demi, ela só estava se defendendo. Eu já conversei com ela e ela prometeu que não vai voltar a acontecer, não precisa se estressar com algo bobo, ela vai pedir desculpa para a menina amanhã.

— Joseph, é a segunda vez que isso acontece dentro de um mês, Alana precisa aprender que toda ação tem uma consequência. Eu sempre conversei com ela sobre isso, ela sabe que não devemos resolver os nossos problemas com violência, mas parece que entra por um ouvido e sai pelo outro. Ela me prometeu da outra vez que não faria mais e acabou acontecendo novamente.

— Eu entendo você, mas eu já conversei com ela e está tudo bem. Eu prometi que conversaria com você e que você não a colocaria de castigo. Ela só estava se defendendo.

— Você não deveria ter prometido isso, ela sabe que vai ficar de castigo pelo resto da vida dela. Sabe o que mais me irrita? É o fato de você estar sempre querendo o ser o melhor pai do mundo, o super-herói enquanto eu estou saindo como a vilã, a mãe chata que coloca de castigo, e você passa por cima de todas as minhas ordens, você está me rebaixando na frente da minha própria filha. — Demi se levantou e passou uma das mãos pelo cabelo. Ela estava irritada porque Joseph não deveria ter prometido nada.

— Isso não é verdade, eu só não acho necessário você fazer uma tempestade em copo d'água por uma situação que da para ser resolvida apenas com uma conversa.

— Você não sabe de nada, Joseph. Sua opinião é insignificante na maneira como eu educo a minha filha, você não estava lá para ela quando ela chorou com medo do bicho que tinha dentro do guarda-roupa, você não estava lá para pegá-la no colo quando ela chorou de madrugada pedindo mamadeira, você não estava lá para ela quando ela chorou no primeiro dia de aula porque estava com medo de ir para escola. Você também não estava lá para segurar a minha mão durante o parto, você não está lá quando eu contei para os meus pais que estava grávida, você não estava lá por mim quando eu fui expulsa de casa, você não estava lá quando eu mais precisei de você, então a sua opinião é insignificante para mim. — Disse extremamente irritada e com lágrimas nos olhos. Demi odiava ficar naqueles dias porque sempre ficava mais emotiva, estressada e irritada que o normal.

— Eu não estava lá porque você não me contou que estava grávida, se você tivesse me dito desde o momento em que começou a desconfiar, nada disso teria acontecido. Eu não teria perdido cinco anos de vida da minha filha e você não teria passado por tudo isso sozinha, eu não vou aceitar que você jogue a culpa disso em cima de mim.

— É por isso que eu não te dou uma segunda chance, você é um idiota e eu tenho certeza que na primeira oportunidade vai quebrar o meu coração, nós dois não funcionamos mais juntos. — Disse magoada e com os olhos cheios de lágrimas. — E eu não escondi a gravidez de você, eu não tive oportunidade de contar. — Demi limpou as lágrimas que escorriam pelas bochechas e se afastou dele. — Eu queria contar, queria estragar o seu maldito casamento, mas meu pai não deixou. Eu não sou culpada de nada.

— Eu não disse que a culpa era sua, eu disse que você deveria ter me contado desde o momento em que começou a desconfiar. — Joe se levantou e se aproximou dela. — Você não é a culpada de nada, Demi. As coisas aconteceram da forma que deveriam ter acontecido e nem eu e nem você poderia impedir isso. — Cuidadosamente, ele segurou a mão dela e beijou carinhosamente, Demi suspirou e deixou que ele entrelaçasse suas mãos. — Eu não vou quebrar o seu coração. — Disse acariciando a bochecha dela com o dedão e a olhando nos olhos. — Eu não seria idiota de cometer o mesmo erro duas vezes. — Ele estava próximo demais. Se afaste, o cérebro dela dizia, mas o coração dizia para ela se aproximar.

— Não me faça criar falsas esperanças. — Pediu de olhos fechados. Joseph tocou a cintura dela gentilmente e beijou a bochecha dela.

— Não é falsas esperanças. Eu estou te prometendo, se você me der uma segunda chance, eu vou te fazer a mulher mais feliz do mundo, eu vou te tratar como a rainha que você merece ser tratada. Não é só mais uma promessa, eu quero construir a minha família com você, a mãe da minha filha. — Ele disse calmamente. Por que ela tinha que ser tão vulnerável a ele? Demi conseguia sentir a respiração dele e ela não podia fazer nada porque já estava entregue ao momento.

Quando sentiu os lábios dele sobre os seus, Demi entreabriu mais os lábios e permitiu que a língua dele se entrelaçasse com a sua. Ela passou uma das mãos pelo braço musculoso gostando de sentir como ele era forte e passou um braço pelo pescoço dele o puxando para mais perto. Joseph a abraçou pela cintura e caminhou com ela até encostá-la sobre a mesa de madeira. A mão de Joseph alisou a coxa torneada, subiu para a cintura dela e agilmente adentrou o blazer. Aonde está a sua sanidade? A mente de Demi gritava, mas ela ignorava porque gostava de sentir as mãos grandes e firmes passeando pelo seu corpo, quando Joseph tocou sua coxa com vontade, ela sentiu o intimo se contrair, o desejando de uma forma mais intima.

— Você é tão linda. — Disse no ouvido dela, a voz estava rouca e a respiração ofegante. Os olhos dela estavam fechados e ela não estava nem aí se estavam no ambiente de trabalho. Joseph deu um beijinho atrás da orelha dela, aonde havia sua tatuagem e desceu os beijos para o pescoço enquanto suas mãos repousavam no traseiro dela. Demi suspirou profundamente e puxou levemente o cabelo da nuca dele o afastando para fitar os olhos esverdeados que ela tanto gostava, ela umedeceu os lábios e o beijou novamente. Joseph a segurou firmemente pela cintura e a sentou na mesa deixando que um porta-canetas e algumas folhas caíssem no chão, Demi abriu as pernas para que ele ficasse sobre elas e passou uma das mãos pelo peitoral dele por cima da camisa social, quando ela desabotoou o primeiro botão da camisa, bateram na porta.

Demi o empurrou pelo peito com as duas mãos e se afastou, o que diabos ela estava fazendo? — Quem é? — Joseph perguntou frustrado. Por que as pessoas tinham que ser tão inconvenientes e chegar nos melhores momentos? Demi arrumou o cabelo e desceu da mesa tentando não pensar em como ele estava bonito com os lábios inchados e a camisa social amassada.

— Sou eu, Blake. — O que diabos aquela mulher queria? Demi revirou os olhos com vontade, sentindo o ciúmes ferver em suas veias. Por que aquela mulher vivia de baixo das asas de Joseph? Ela abriu a porta extremamente irritada e encarou a mulher. Blake colocou uma mecha do cabelo loiro atrás da orelha e encarou Demi com o cenho franzido. — Eu não sabia que ele estava ocupado. — Para um bom observador não era muito difícil entender o que havia acontecido dentro daquela sala.

— Ele não está ocupado e eu já estava de saída. — Disse e saiu da sala deixando os dois sozinhos. Demi arrumou o cabelo enquanto caminhava para a sua sala, mas parou assim que ouviu alguém chamar o seu nome, quando olhou para trás, sentiu o coração bater mais forte, Wilmer tinha um sorriso no rosto e segurava uma caixa de bombom nas mãos. Ela era uma verdadeira vadia.

— Você está ficando com a estagiária? — Blake perguntou com o cenho franzido. Ela encarou a mesa do amigo bagunçada e mordeu o lábio inferior ao vê-lo abotoar o botão da camisa. Joseph se abaixou para recolher os papeis e as canetas que haviam caído no chão.

— É complicado, eu estou tentando uma segunda chance, mas ela ainda está com receio e com medo. — Blake colocou os papeis em cima da mesa dele e se abaixou para ajudá-lo. — Vocês mulheres são difíceis. — Disse de uma maneira brincalhona e Blake o acertou com um tapa.

— Não somos complicadas, são vocês que complicam tudo. — Eles se levantaram após juntarem tudo e arrumaram a mesa. — Ela não deveria ficar com você, ela está com Wilmer. — Blake colocou uma mecha do cabelo loiro atrás da orelha e arrumou o blazer preto no corpo. — Isso é errado.

— Ela não o ama e eu duvido que ele não fique com outras mulheres por aí. Eu não vou desistir dela enquanto ela não olhar nos meus olhos e me pedir para desistir, eu quero que sejamos uma família, eu, ela e a nossa filha. Nós não nos reencontramos por acaso. — Blake não disse nada, apenas suspirou e direcionou o assunto para o trabalho que eles precisavam fazer.


***

Durante todo o caminho da escola de balé até o apartamento em que moravam, Demi não disse uma palavra. Ela estava séria e Alana estava com receio porque sabia que ficaria de castigo, era sempre assim quando fazia algo que a mãe não gostava. Demi abriu a porta do apartamento e Batman rapidamente correu até Alana com o rabinho abanando, a garotinha deixou a bolsa do balé de lado e pegou o cachorrinho nos braços. — Você está de castigo. — Demi disse após fechar a porta do apartamento. Ela colocou a bolsa em cima do sofá e retirou as sandálias.

— Mas meu pai disse que ia conversar com você. Eu juro que não fiz por mal. — Ela disse tentando convencer a mãe, ficar de castigo era tão ruim, ela não podia fazer nada.

— Ele conversou, mas ainda sim você está de castigo. Eu conversei com você sobre há alguns dias e você me prometeu que não faria novamente e você fez. Eu estou decepcionada com você, você sabe muito bem que violência não é uma maneira de resolvermos os nossos problemas, você não tem exemplo disso dentro de casa.

— Mas ela puxou o meu cabelo, eu só estava me defendendo.

— Eu vou conversar com a mãe dela amanhã, mas ainda sim você está de castigo, uma semana sem brincar com Mark no parquinho e você não vai poder sair para passear com o seu pai no final de semana. — Alana assentiu tristonha e sentou no sofá para tirar as sapatilhas do balé. Demi caminhou até a cozinha para lavar as mãos e começar a preparar um lanche da tarde para ela e a filha. — Alana o que você e Joseph almoçaram hoje? — Perguntou estranhando o fato do almoço estar da mesma forma que ela havia deixado. Alana comprimiu os lábios em uma linha reta e fez uma careta, estava ainda mais encrencada.

— Eu não me lembro. — Demi franziu o cenho e quando ela abriu a lata de lixo para jogar a casca da banana que estava comendo fora, sentiu a raiva crescer em seu interior. A prova do crime estava na lata de lixo, ela não queria acreditar que Alana e Joseph haviam comido Mc Donald's no almoço.

— Você e seu pai passaram do limite. — Demi caminhou até a sala e pegou o celular dentro da bolsa. — Qualquer dia desses vocês vão me deixar louca. — Disse e caminhou novamente para a cozinha com o celular no ouvido, ela estava ligando para Joseph, iria xingá-lo de todos os xingamentos possíveis.

— Alô? — A voz feminina do outro lado da linha fez Demi franzir o cenho. Ela até tirou o celular do ouvido para verificar se havia ligado para a pessoa certa.

— Quem está falando? — Ser curiosa era uma porcaria. Ela mordeu o lábio inferior e se apoiar na bancada da cozinha.

— É a Blake, Joseph acabou de entrar no banho, gostaria de deixar recado? — Joseph realmente era um idiota. Demi desligou o celular extremamente furiosa e o jogou em cima da bancada. Ela cobriu o rosto com as duas mãos e mordeu o lábio para não chorar. Ele havia lhe beijado, mas na primeira oportunidade levava outra mulher para o seu apartamento. Filho da puta.

— Aonde está sua mãe? — Kristen perguntou para a sobrinha assim que adentrou no apartamento e encontrou a menina sentada no sofá tristonha. Alana colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e apontou para a cozinha. 

— Hoje ela está estressada. — Alana avisou para a tia que não conseguiu conter a gargalhada alta enquanto caminhava até a cozinha

— É porque ela está naqueles dias, meu amor. — Kristen disse para a sobrinha e riu quando a menina franziu o cenho sem entender. — Até a sua filha sabe que você fica mais estressada que o normal quando está naqueles dias. — Kristen disse adentrando na cozinha, ela franziu o cenho ao encontrar a amiga parada encarando o nada.

— O que é estar naqueles dias? — Alana perguntou curiosa, adentrando na cozinha atrás da tia. Kristen beijou a bochecha da menina e a pegou no colo, colocando-a sentada em cima do balcão.

— É quando uma mulher fica mais estressada que o normal. — Demi revirou os olhos e abriu a geladeira para começar a preparar um lanche.

— Eu não sou estressada, são vocês que tiram a minha paciência. — Falou e colocou uma uva na boca. — Joseph e Alana se juntaram e formaram uma quadrilha contra mim. — Alana riu do drama da mãe e esticou o braço para alcançar uma banana. Agilmente, Demi preparou sanduíches, um suco de abacaxi e lavou algumas uvas, colocando-as em um potinho para a filha comer. — Eu vou tomar banho, quando você terminar de comer suba para fazer a lição de casa. — Disse para a filha que estava sentada no sofá com o prato de sanduíche entre as pernas e uma vasilha com as uvas ao seu lado. — Cuidado para o Batman não comer o seu lanche. — Avisou enquanto subia as escadas, mas Alana estava mais focada no filme da Disney que passava na televisão.

— Como foi seu dia hoje? — Kristen perguntou subindo as escadas atrás da amiga. Elas adentraram no quarto e Demi caminhou diretamente para o closet enquanto Kristen estava jogada em sua cama.

— Um inferno. — Resmungou enquanto separava uma calça jeans e uma blusa para que pudesse ir para a faculdade, ela gostava de ir mais confortável. — Eu e Joseph nos... beijamos hoje na sala dele. — Demi franziu o cenho quando viu a amiga na porta do closet, quando ouviu o que Demi havia dito, Kristen correu até lá com os olhos arregalados.

— Vocês o que?

— Nós estávamos discutindo e quando me dei conta já estávamos nos beijando, dessa vez foi mais intenso e se não tivessem batido na porta, eu teria continuado até o fim. Eu não sei o que está acontecendo comigo. E para piorar toda a minha situação, Wilmer me convidou para jantar sábado.

— Amiga que sorte a sua, você tem dois homens lindos atrás de você.

— Sorte? Eu estou me sentindo a pior vadia da face da terra! Eu beijei Joseph no ambiente de trabalho e quando eu sai da sala dele me deparei com Wilmer segurando uma caixa de bombom, com um sorriso lindo nos lábios. Eu não posso continuar com isso.

— Sinceramente? Eu acho que você de ficar com Joseph e quer ficar com ele, se você não quisesse já teria o dispensado da mesma forma que fez com Ryan. Você sente algo por ele e sente algo por Wilmer também, por isso está tão confusa e sem saber o que fazer.

— Eu não quero ficar com Joseph, mas parece que tem um ima que me atraí à ele. — Suspirou e sentou em um puf que havia ali. — Quando eu me dou conta já estou nos braços dele, retribuindo o beijo na mesma intensidade. Ele não me merece, eu acabei de ligar para ele e uma mulher lá do nosso trabalho atendeu e disse que ele estava tomando banho. Ele fala que me quer de volta, mas não perde a oportunidade de levar uma mulher para a cama.

— Ei, você nem sabe o que eles fizeram.

— Kristen, o que mais eles fariam? Ela estava no apartamento dele e ele estava tomando banho, você não viu os dois na empresa, vivem esbanjando sorrisos um para o outro, sem contar que ela vive de baixo da asa dele, passa o dia na sala dele e atrapalhou o nosso momento.

— Ah, você está com raiva porque ela estragou o momento de vocês. — Sorriu maliciosa.

— Claro que não. — Demi disse rapidamente negando com a cabeça. — Eu estou com raiva porque eu não deveria ter deixado isso acontecer, eu não sou o tipo de mulher que fica com dois ao mesmo tempo e foi a última vez que aconteceu. Eu nunca mais vou deixar Joseph se aproximar de mim dessa forma.

— Você vai dizer a mesma coisa da próxima vez que beijá-lo.

— Não vai ter próxima vez, eu já tomei a minha decisão. — Demi pegou a muda de roupa e saiu do closet caminhando diretamente para o banheiro. — E dessa vez eu estou falando sério. — Kristen riu e deitou-se novamente na cama da amiga, se espreguiçando e abraçando o travesseiro dela.

— Se você está dizendo quem sou eu para contrariar? — Disse irônica e ela apostava que a amiga estava revirando os olhos dentro do banheiro. — Sábado a noite vamos comemorar o aniversário do Ryan, Stella vai estar lá e se você não for eu nunca mais vou falar com você. Se quiser pode levar Wilmer também, vai ser divertido.

— Eu vou ver se ele quer ir. — Demi se despiu e adentrou no chuveiro. Ela iria focar em seu relacionamento com Wilmer, ele era um bom homem, lhe entendia e se preocupava com ela, ele tinha tudo o que ela procurava em um homem e ela não poderia encontrar alguém melhor para estar com ela.

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olá meninas, tudo bem com vocês? posso ouvir um amém? hahaha sinto muito pela demora, mas final de semestre é uma correria, provas, trabalhos para estudar, só jesus na causa porque não está fácil.. o que acharam do capítulo? eu gostei, mas queria ter finalizado ele de uma maneira melhor. 
as coisas entre o joe e a demi vão esquentar ainda mais e os pais dela estão chegando, se preparem para ver o circo pegando fogo. 
enfim, resposta dos comentários aqui | espero que gostem do capítulo. 

até o próximo meus amores. 


10 comentários:

  1. Posta logo quero maiiiiiiiis , to amando demaiiis. Tenta posta uma vez por semana.

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    1. vou postar ainda hoje se deus quiser. fico feliz em saber que está gostando, eu queria muuuuito postar mais de uma vez por semana, mas eu não consigo escrever o capítulo inteiro em um dia, sem contar os afazeres do dia a dia

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  2. Menina cadê vc??? posta logo.

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    1. acho que você é a primeira pessoa que diz isso desde que comecei a postar a fanfic haha

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  4. Gente eu não sei nem o que dizer
    Eu sofri um impacto aqui
    Já quero mais
    Não demora pra postar pleaseeeee
    Beijos

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    1. só digo uma coisa: não digo nada, e digo mais: só digo isso hahahaha
      o impacto foi sentido com sucesso, vou postar hoje mesmo se ninguém me tombar porque não está fácil, nada contribui
      beijossss

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