12/03/2020

4. Games Begin


— Obrigada, Madison. — Joseph agradeceu sua estagiária que lhe entregou os papéis. Era final de semana e a empresa estava vazia, havia um ou outro que estava ali para adiantar o trabalho da semana. Joseph havia ido buscar uns papeis importantes que havia esquecido na sexta-feira, ele precisava revisar a papelada e entregar para os novos clientes assinar na segunda-feira. Ele estava em sua sala analisando se a papelada estava correta junto com Madison, Alana também estava com ele. 

Madison desviou brevemente o olhar da papelada para encarar o seu chefe. Joseph era tão bonito que ela até suspirou. O cabelo dele estava grande assim como a barba que o deixava com um ar de mais velho e que chamava atenção das garotas daquela empresa. Os músculos eram tão atrativos, ele estava vestindo uma camiseta azul escura e havia tirado a jaqueta de couro minutos antes, era impossível não pensar em como seria sentir aqueles braços em volta sua cintura enquanto... Madison balançou a cabeça afastando aquele tipo de pensamento da sua cabeça, ele era casado, casado! 

Desviando o olhar de Joseph, ela encarou a garotinha que estava sentada no sofá no canto da sala com um tablet nas mãos concentrada num joguinho, a menina apesar de estar um pouco mais crescida ainda era encantadora, era tão educada e conversava como uma pequena adulta. Sem contar que cada dia que passava, a menina ficava ainda mais parecida com Demi. — Acho que é isso. — Joseph disse suspirando e esticando os braços para cima, o que fez Madison fitar os braços dele sem descrição nenhuma. — Eu preciso ir. — Falou olhando para a filha. 

— Se precisar de mim é só ligar. — A morena dos olhos verdes disse o olhando com um sorriso simpático, Joe agradeceu e chamou pela filha para que eles pudessem ir embora. Eles se despediram com um breve aceno e então Joseph trancou o escritório caminhando em direção ao elevador logo em seguida. 

— Nós vamos passar na padaria? — Alana perguntou quando eles adentraram no elevador, porém Joseph encarava um lugar qualquer pensando na noite passada. Ele não queria acreditar que Demi estava mentindo para ele. — Papai? — Alana o chamou novamente chacoalhando o braço dele. — Estou perguntando se vamos passar na padaria. — Falou e Joe assentiu. — Posso comprar muffins? — Joseph riu e assentiu, nem parecia que no dia anterior ela estava doente. 

Eles não demoraram muito na padaria, Joseph fez um pedido reforçado e logo depois guiou o carro em direção ao apartamento de mãe. Alana cumprimentou o porteiro sorridente e correu em direção ao elevador, apertando o botão do andar do apartamento da avó. — Que surpresa boa. — Kelly disse ao abrir a porta do apartamento e encontrar o filho e a neta com uma caixa de rosquinhas nas mãos e um saco de pães. Ela os cumprimentou com um beijo estalado na bochecha e deu espaço para eles adentrarem. 

— Vovó, cadê o Yoda? — Alana perguntou assim que adentrou no apartamento. O gatinho de pelos pretos era o xodó de Alana sempre que ela ia na casa da avó e o mais engraçado era que o bichano não era muito fã de pessoas, mas deixava Alana pintar e bordar com ele. — Vem, pssss... — Alana chamou olhando em baixo do sofá. 

— Olha em cima da estante, querida. Ele adora se esconder por lá. — Alana assentiu e saiu correndo para procurar o gato. Joseph caminhou para a cozinha com a mãe para colocar as coisas que havia comprado em cima da mesa. — Eu não queria comentar nada, mas você está com uma cara péssima, você dormiu direito essa noite? — Perguntou preocupada abrindo a geladeira para pegar o requeijão.

— Não muito, fiquei acordado para ver se Alana não ia passar mal novamente. Ontem a senhora foi uma grande ajuda, muito obrigada e me desculpe pela Demi, às vezes ela ultrapassa os limites. — Disse segurando a mão da sua mãe, ela era a sua mãe e ele sempre a amaria incondicionalmente apesar de qualquer motivo.

— Está tudo bem, filho. Eu já estou acostumada com o gênio forte de Demetria, só acho que ela deveria aprender a ouvir mais a opinião das pessoas, às vezes as pessoas estão apenas querendo ajudar. — Joe assentiu pensando nas palavras da mãe. Demi realmente tinha a cabeça dura e quando colocava algo dentro da cabeça, era difícil de tirar. Ele chamou a filha para comer e sorriu quando a menina adentrou na cozinha com o gato nas mãos. 

— Olha quem eu achei embaixo da cama. — Alana disse tentando arruma-lo em seu colo, o gato era grande e ela segurava ele de forma desajeitada e o gato nem parecia se importar. — Ele está ficando pesado. — Alana falou colocando o gato no chão que miou de forma preguiçosa. — Acho que ele está comendo demais. — Fez careta e com a ajuda da avó, lavou as mãos para poder sentar a mesa para tomar café da manhã. 

— É porque ele só come e dorme, querida. — Joseph disse observando o gato que estava embaixo da mesa, perto dos pés de Alana. Ele miou para Joe com uma carinha nada contente, Joe riu e mordeu um pedaço do pão com requeijão, a barriga até roncou de tanta fome. 

— Nós fomos no prédio aonde a mamãe e o papai trabalha, é um prédio grande e da sala do papai, as coisas ficam tão pequenas, os carros parecem de brinquedo. — Alana comentou com a avó. Ela adorava ir para o trabalho dos pais, além de ser muito mimada pelas pessoas por lá, era divertido ter um dia de gente grande. 

— Uau, que legal, querida. As pessoas ficam parecendo pequenas formiguinhas, não é mesmo? — Alana assentiu e pegou uma rosquinha dando uma grande mordida. — O que você foi fazer lá? — Perguntou curiosa porque o filho não trabalhava final de semana. 

— Fui buscar uns papeis importantes. — Falou dando os ombros e bebericou um pouco do seu café. 

— Demi não quis vir com vocês? — Perguntou curiosa porque na maioria das vezes que o filho ia lhe visitar, a nora estava com ele. Os dois estavam quase sempre juntos e por isso era estranho quando eles não estavam juntos. 

— Ela ficou em casa dormindo. — Foi tudo o que Joseph disse porque não queria pensar muito nela naquele momento. Queria respirar um pouco e pensar bem no que faria com as informações que havia recebido mais cedo, ele só queria entender o porquê Demi estava mentindo e escondendo as coisas dele. 

***

Qual era a dificuldade de atender um celular? Demi revirou os olhos com vontade e bebericou seu chá, ela havia acordado alguns minutos atrás e estranhou quando não encontrou o marido e a filha em casa. Não era a primeira vez que aquilo acontecia, Joe tinha a mania de sair para comprar pão com Alana. Demi deixou a xícara em cima da pia e subiu as escadas em direção ao banheiro. O dia estava fechado, ventava frio e a melhor opção naquele momento era um banho quente. Demi adentrou no banheiro, se despiu e ligou o chuveiro. A sensação da água quente em contato com o corpo era incrível, ela até aproveitou para lavar o cabelo. 

Vinte minutos depois, Demi saiu do banheiro enrolada numa toalha e sentiu a pele se arrepiar quando passou pela janela aberta do quarto, ela correu para o closet e procurou uma roupa para vestir. O cenho foi franzido quando teve dificuldade para fechar a calça jeans de cintura alta. Tudo bem, às vezes ela tinha que se esforçar para passar certas calças jeans pelo quadril por conta do bumbum avantajado, mas a calça não fechar na cintura era um pouco demais. Depois de ficar intrigada com a calça, Demi vestiu uma blusa de frio de manga cumprida e gola alta e buscou por um casaco de lã no cabide. 

Depois de se vestir, Demi buscou pelo secador para secar o cabelo e xingou mentalmente por conta da demora, levou mais de vinte minutos e ela já estava perdendo a paciência, talvez cortar o cabelo fosse uma boa opção.  Ela jogou os cabelos para o lado e decidiu que não passaria nenhuma maquiagem, deixaria o rosto respirar, passou apenas um protetor labial nos lábios com cor e buscou pelo celular em cima do criado-mudo. 

"Estou indo para casa de Kristen, qualquer coisa me encontra lá." Mandou mensagem para o marido e pegou chave do seu carro. O condomínio que Kristen morava não era muito longe da sua casa, Demi estacionou o carro do outro lado da rua e saiu do carro com o celular e as chaves do carro em mãos, ela ativou o alarme e atravessou a rua, conversou com o porteiro brevemente e teve a entrada liberada. — Meu amor. — Kristen disse assim que abriu a porta, ela abraçou Demi fortemente e a puxou para dentro, fechando a porta. — Estava morrendo de saudade de você. — Demi sorriu e abraçou a amiga pela cintura. 

— Eu também estava, meu amor. — Demi falou gostando de sentir os braços da amiga lhe abraçando, era tão boa aquela sensação. — Ontem as coisas foram corridas para mim, eu te falei que Alana ficou doente? — Kristen assentiu com a cabeça e sentou no sofá ao lado de Demi. Elas estavam sempre conversando por mensagens.

— Ela está melhor? Eu ia passar lá ontem, mas as coisas estão corridas por aqui também. — Sorriu de forma animada, por um momento Demi franziu o cenho estranhando aquele sorriso da amiga, mas deixou passar. — Amiga, eu não ia comentar nada, mas é impossível, seus peitos estão enormes. — Kristen disse simplesmente olhando para os seios de Demi.

— Estão? Para mim eles estão normal. — Disse olhando em direção ao seios, ela os tocou e fez careta porque estavam levemente doloridos. — Minha menstruação está para descer, deve ser por isso. — Deu os ombros sem se importar e Kristen assentiu com a cabeça concordando com a amiga porque geralmente as mulheres ficavam mais inchadas naquela época. 

— Por que você não trouxe minha sobrinha? Eu estou com saudades dela.

— Ela saiu com o pai, aliás, ele nem disse para onde ia e não atende as minhas ligações, já estou ficando preocupada. — Demi resmungou olhando para o celular novamente para ver se pelo menos uma mensagem de Joseph chegava. 

— Vocês brigaram? — Perguntou estranhando, ela conhecia os amigos e sabia que Joe não era de fazer aquele tipo de coisa. Ele sempre avisava aonde estava e que horas voltaria para casa. Demi negou com a cabeça, ela bloqueou o celular e voltou a olhar a amiga. 

— Não brigamos, aliás, tivemos um breve desentendimento por conta da mãe dele, mas estávamos conversando normalmente. — Deu os ombros e revirou os olhos quando Kristen a repreendeu com o olhar, ela já havia falado várias vezes para a amiga evitar fazer comentários ou brigar com a sogra. — Eu não consigo evitar, ela me irrita com aquela mania chata de ficar dando palpites sobre a forma que eu cuido da minha casa e da minha família. 

— Ela é mãe, Demi. É normal que ela fique dando palpites, sem contar que Joseph é filho único, ela sempre vai querer o melhor para o filho dele, por isso ela pega tanto no seu pé. 

— Isso não justifica, eu também sou filha única e meus pais não ligam para Joseph vinte e quatro horas do dia para opinar sobre a forma que ele cuida de mim ou da minha filha. Isso é tão estressante e às vezes eu acabo perdendo a paciência, ele também sabe que às vezes a mãe dele passa dos limites. 

— O melhor que você faz é ignora-la, se você for levar em conta tudo o que ela diz, vai acabar ficando louca. — Demi assentiu suspirando, ela olhou novamente o celular e xingou alto. — Calma, Demi. Ele deve estar na casa da mãe dele, manda uma mensagem para ela perguntando. Você já contou para ele sobre a proposta de emprego que você recebeu? — Perguntou curiosa e Demi negou com a cabeça. 

— Ainda não, eu só vou contar quando eu tiver uma resposta. Nicholas me mandou uma mensagem e nós marcamos uma reunião para sexta-feira. Eu ainda não sei o que fazer, é uma proposta muito tentadora, entende? 

— Entendo, e acho que você deveria pensar muito. Por mais que o salário seja maravilhoso e a ideia de ser chefe tentadora, você não pode esquecer que vai ter alguém acima de você, dando ordens. Já na Mayer por mais que você não esteja numa posição de chefia, você tem muita liberdade, sem contar que você querendo ou não, é a empresa da sua família. 

— Esse é o ponto, por ser a empresa da família, eu sei que o Joe vai ser contra eu sair de lá. Eu sinto que a qualquer momento eu vou enlouquecer de tanto pensar sobre isso. — Por mais que ela quisesse ouvir as opiniões, ela sabia que no fundo a decisão estava apenas em suas mãos e o medo de tomar a decisão errada às vezes lhe apavorava. 

— Bom, segue a sua intenção, essa é uma decisão que só você pode tomar. — Demi assentiu com a cabeça e sorriu quando a porta foi aberta e Stella adentrou segurando uma sacola. 

— Amiga, com todo respeito, eu acho que eu tenho um crush enorme na sua esposa. — Brincou quando Stella lhe cumprimentou com um abraço apertado e um beijo na bochecha, a esposa da amiga estava sempre bonita e elegante. Ela com certeza chamava atenção de muitos homens e mulheres. 

— Tira os olhos da minha mulher, Demetria. Você tem um homem muito bonito te esperando em casa. — Kristen disse dando um selinho na esposa. Demi riu concordando com a cabeça e sorriu ao ver os olhos das duas brilhando, o amor que elas sentiam uma pela outra era tão bonito e perceptível.  

— Trouxe croissant, está quentinho. — Disse caminhando para a cozinha e não demorou nada para Demi e Kristen segui-la. . — Você já contou para Demi a novidade? — Stella perguntou enquanto preparava a mesa. Demi olhou para as duas de forma curiosa e Stella sorriu animada quando Kristen negou com a cabeça. 

— Eu estava esperando você. — Kristen disse com um sorriso de orelha à orelha e elas trocaram um selinho demorado. 

— Parem de se beijar e me digam logo essa novidade, eu estou curiosa. — Demi resmungou, ela odiava o fato de ser tão curiosa, ela estava sempre querendo saber de tudo e estar por dentro de todas as novidades se não a curiosidade lhe corroía. 

— Nós decidimos adotar uma criança. — Falou e Demi abriu a boca sem acreditar. 

— Nós vamos visitar um advogado amanhã para saber como funciona todo o processo e depois vamos começar a frequentar os orfanatos, estamos ansiosas. — O sorriso de Demi foi tão lindo que Kristen se emocionou. Demi abraçou a amiga fortemente com os olhos cheios de lágrimas, era uma atitude tão incrível. 

— Eu estou tão feliz por vocês, eu sei que essa criança vai ser muito amada e bem cuidada. Vocês podem contar comigo para qualquer coisa que precisarem. — Demi suspirou encantada e sorriu quando Kristen limpou suas lágrimas que ela nem mesmo tinha percebido que rolavam. Demi abraçou Stella fortemente e a parabenizou várias vezes. — Eu estou animada para ser tia. 

— Nós também, estamos ansiosas para começar a conhecer as crianças e confesso que tenho medo de querer adotar todas. — Demi riu. — Ainda não sabemos se vamos adotar bebê ou mais grandinha, acho que quando a gente encontrar a criança certo, nós saberemos. 

— Com certeza, vocês vão ter um encontro de almas. — Demi disse e elas assentiram. Demi pegou um pedaço do croissant de presunto e queijo e deu uma mordida, aquilo estava magnífico, estava tão quentinho, ela até fechou os olhos saboreando aquela delícia. O assunto entre elas se estendeu enquanto conversavam sobre maternidade, elas perguntavam tantas coisas de forma curiosa e Demi respondia todas prontamente contado sobre sua experiência. 

Quando a tarde chegou, Demi decidiu ir embora, mesmo com as meninas pedindo para que ela ficasse para o almoço. Quando Demi adentrou no carro, o celular vibrou avisando que ela tinha uma nova mensagem, era mensagem de Kelly avisando que Joe havia acabado de sair de lá. 

Demi dirigiu rapidamente até a sua casa, ela sorriu ao estacionar seu carro na garagem e ver o carro do marido estacionado ao lado do seu. Demi desceu do carro, ativando o alarme e adentrou em casa, rapidamente foi recebida pelos cachorros com lambidas e latidos, ela sorriu e se abaixou para dar um pouco de carinho para eles. — Amor? — Demi chamou e caminhou em direção a cozinha. Havia um buquê de flores em cima do balcão da cozinha e ela sorriu. — Eu senti sua falta essa manhã. — Demi disse observando Joseph de costas enquanto cozinhava. Tinha homem mais bonito do que aquele? Os braços musculosos se mexiam rapidamente enquanto ele cortava a batata e os ombros largos chamava muito sua atenção. Ela mordeu o lábio inferior e o abraçou fortemente, depositando um beijo nas costas dele. — Essas flores são lindas, obrigada amor. — Fazia tempo que Joseph não lhe presenteava com flores. Demi o soltou para apreciar as flores mais de perto e um cartãozinho que estava no meio delas caiu. 

— Não foi eu que te dei essas flores. — Joe disse tão sério que Demi até estranhou o tom de voz dele. Demi abriu o bilhete e franziu o cenho ao ler o nome de Nicholas como remetente. — Quem é Nicholas? — Perguntou virando-se para encara-la. Demi colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e desviou o olhar do cartão para encarar o marido. 

— É um colega, ele trabalha na Bryant e nós conversamos sobre negócios uma vez. — Demi deu os ombros e desviou o olhar para guardar o bilhete no meio das flores novamente. — Nós encontramos ele na sexta-feira no restaurante japonês. — Demi disse normalmente.  

— Com quem você jantou na noite do nosso aniversário de casamento? — Joseph perguntou a olhando atentamente. 

— Amor, eu já te falei... eu estava com uma cliente. — Como ela conseguia mentir assim na cara de pau? Ela achava que iria lhe fazer de idiota? Joseph xingou irritado e acabou jogando um prato dentro da pia com raiva, ele só queria que ela lhe contasse a verdade. 

— Por que você está mentindo para mim? — Perguntou a olhando friamente. 

— Joseph, eu não... 

— Não diga que não está mentindo, eu não sou idiota, Demetria. Você pensou o que? Que conseguiria me enganar e me fazer de idiota? Eu já sei de tudo, sei que você não estava com cliente nenhum no dia do nosso aniversário de casamento e sei também que você recebeu uma proposta de emprego. — Demi arregalou os olhos.

— Quem te contou? — Demi perguntou massageando as têmporas sem acreditar que ele já sabia de tudo, ela iria contar, mas não queria que ele descobrisse daquela forma porque sabia que eles iam acabar brigando. Joseph riu incrédulo e balançou a cabeça.

— Não importa quem me contou, o que importa é que sei. 

— Eu ia te contar quando eu tivesse uma resposta. Eu recebi a proposta há um tempo atrás e ela é muito boa, um cargo maior, salário maior, eu amo trabalhar na Mayer e você sabe disso, mas é uma nova oportunidade de crescimento. E eu só não te contei porque sabia que você iria ser contra. 

— Ser contra? Pelo amor de Deus, Demetria. Eu sempre te apoiei, sempre te incentivei a correr atrás do que você queria e sempre apoiei as suas conquistas, tudo o que eu queria da sua parte era sinceridade, eu pensei que nós éramos parceiro, eu sempre te contei tudo o que acontecia comigo, quando eu recebi a proposta para trabalhar em Nova York você foi a primeira a saber. 

— Joseph, você está fazendo uma tempestade em copo d'água. Eu ia te contar, eu só não queria fazer um alarme para nada. Será que você não consegue entender o meu lado? Eu só queria tomar uma decisão primeiro antes de te contar. 

— Tempestade em copo d'água? Eu estava aqui que nem um idiota me preocupando em ter uma noite agradável com você, preparando um jantar romântico e você jantando com dois caras falando sobre mudar de empresa e ainda mentiu para o pateta aqui, quanto consideração da sua parte. 

— Eu sei que errei na noite do nosso aniversário de casamento, mas não precisa jogar na minha cara, você mesmo já tinha me perdoado por isso. 

— Eu te desculpei porque eu não sabia que você estava mentindo para mim, falando que estava jantando com uma cliente que nem existe. E se fosse eu que estivesse mentindo? Falando que eu estava jantando com um cliente quando na verdade estava jantando com duas mulheres falando sobre mudar de empresa? E ainda ter essas mulheres mandando flores para casa, como você ia se sentir? 

— Você está insinuando o quê? Que eu estava transando com eles? Céus, agora eu estiu vendo como você confia em mim. Esse é o exato motivo pelo qual eu não te contei, porque eu sabia que você não aceitaria o fato de eu querer sair da empresa do seu tio querido, ainda mais ir para uma empresa rival ganhar mais do que você e está numa posição maior. 

— Você está se ouvindo? Eu estou pouco me fodendo se você vai sair da Mayer, se vai ganhar mais ou estar num cargo maior do que o meu, você não é obrigada a trabalhar numa empresa aonde não está satisfeita, tudo o que eu queria de você era sinceridade e confiança, eu acabei de perceber que essas duas coisas não existem no nosso casamento. — Joseph saiu da cozinha e subiu as escadas irritado. Demi xingou alto e desligou o fogo que ele havia deixado ligado, ela havia até perdido o apetite e caminhou para a sala se perguntando como ele havia descoberto. 

Demi mandou uma mensagem para Kristen perguntando se ela havia dito alguma coisa para Joseph e logo a amiga respondeu dizendo que não falava com ele há semanas. Demi resmungou e adentrou a mão no cabelo jogando-o para o lado. Como ele havia descoberto? Ela pegou o notebook que estava repousado na mesinha de centro da sala para começar a trabalhar, era o melhor que ela fazia ao invés de ficar pensando besteiras. Não demorou muito para que Joseph descesse as escadas com a carteira em mãos e uma muda de roupa para Alana. 

— Para onde você vai? — Perguntou estranhando, Joseph buscou pela chave do seu carro em cima do balcão e conferiu se não estava esquecendo nada. — Sério que você vai agir como uma criança mimada? — Disse sem paciência nenhuma. 

— Eu vou sair com a minha filha, coisa que você não faz já que só trabalha o dia inteiro. — Falou ríspido. 

— Você é um egoísta que só olha para o seu próprio umbigo. — Joe não disse nada, apenas saiu batendo a porta com força, Demi o xingou alto de propósito para que ele ouvisse e não demorou muito para ela ouvir o barulho do carro saindo. O coração de Demi se apertou no peito, ela não queria que ele soubesse das coisas daquela maneira, o que ela mais queria evitar era uma briga que acabou sendo inevitável. 

As horas pareciam passar lentamente para Demi, quanto mais olhava para o relógio, mais devagar os ponteiros do relógio pareciam girar. Quando sentiu a barriga roncar de fome, Demi recorreu aos aplicativos de delivery e em menos de trinta minutos ela estava comendo um enorme hambúrguer e batatas fritas recheadas com cheddar, não era um opção saudável, mas era tudo o que ela tinha vontade de comer naquele momento.

Enquanto a hora não passava para Demi, para Joseph estava voando. Ele havia almoçado com a filha e a mãe num restaurante no centro de Los Angeles e depois eles foram num parque para Alana brincar com as outras crianças. Quando deu sete horas da noite, ele deixou Alana com a mãe e foi encontrar com Jack num bar que havia perto do apartamento da sua mãe. 

— Com certeza hoje vai cair uma chuva daquelas, Joseph Jonas num bar no domingo à noite? Isso é um milagre. — Jack disse assim que avistou o amigo adentrando no bar que também parecia um pequeno restaurante. Joe cumprimentou o amigo com um toque de mão e puxou o banquinho para sentar. — Que milagre é esse que a general deixou você sair? — Brincou ao se referir à Demi como general, mas na visão dele, o amigo sempre fazia todas as vontades da esposa.

— Nós discutimos. — Fez uma careta e fitou o garçom servindo mais um copo de cerveja para o cara que estava sentado próximo à eles. — Ela mentiu para mim. — Suspirou. 

— Mulher é problema na certa, mas o que aconteceu? 

— Ela recebeu uma proposta de emprego para trabalhar na Bryant. — Disse e observou as feições do amigo mudar, ele sabia que era a empresa rival e o fato de Demi querer mudar de emprego era um choque. Joe sentiu o celular vibrar no bolso e quando checou, era uma chamada de Demi, ele apenas ignorou e deixou o celular em cima da mesa. — E mentiu sobre uma cliente que nem existe. Lembra que no dia do nosso aniversário de casamento ela ficou até tarde jantando com uma cliente? — Jack assentiu com a cabeça. — Era mentira, ela estava jantando com dois responsáveis do setor de arquitetura da Bryant.

— Por que ela fez isso, cara? — Jack perguntou confuso e Joe deu os ombros, ele também não conseguia entender o porquê dela ter mentido, dizer a verdade seria tão mais simples. — Uma cerveja para o meu amigo aqui, por favor. — Pediu para o garçom e Joseph fez uma careta, ele não estava ali parar beber e sim para conversar com o amigo. 

— Acho melhor não, eu ainda vou voltar para buscar minha filha e eu estou dirigindo. — Disse por mais que estivesse irritado ele não iria colocar a vida da sua filha em risco. 

— Uma cerveja só não vai fazer diferença. — Jack falou colocando a cerveja no copo e entregou para o amigo. — Cara é o que eu digo: por mais que eu ache a sua família linda, você faz tudo o que Demetria quer, eu sempre vejo você cedendo todas as vontades dela, mas ela não cede as suas. Você perdeu a oportunidade da sua vida por causa dela. Hoje era para você ser diretor da filial da Mayer em Nova York. 

— Pensando melhor agora, eu sou um completo idiota. — Joe riu sem graça pensando em tudo o que havia cedido por Demi. — Eu só estava me esforçando para ter um casamento saudável, entende? Mas olhando agora, parece que só eu estava me esforçando. — Disse dando um gole na cerveja gelada. 

— Eu não sou a melhor pessoa para falar sobre casamento porque eu sou um cafajeste, mas na minha visão, num casamento os dois tem que ceder, entende? É um esforço diário, um não tem que fazer mais pelo outro, a entrega tem que acontecer dos dois lados, ambos tem que se doar igual. — Joe assentiu com a cabeça e deu mais um gole na cerveja. — É como uma balança, quando um lado se doa mais, a balança fica desigual. — Joseph não deveria estar ouvindo as palavras do seu melhor amigo cafajeste bêbado, mas ele tinha razão. 

Eles ficaram conversando por longos minutos, apesar de ser um mulherengo, Jack sabia dar bons conselhos e como ele costumava dizer: ele muito bom de lábia. Joseph tomou duas cervejas e recusou o restante porque ele não queria ficar alto enquanto o amigo tomava todas sem se importar que no dia seguinte acordaria cedo para trabalhar. — Cara, ou eu estou muito bêbado ou eu estou vendo a Madison ali. — Jack disse fazendo uma careta e quando Joe olhou em direção aonde o amigo olhava, seu olhar cruzou com o de Madison. 

A garota sorriu para ele e acenou brevemente, ela falou algo para as duas garotas que estava acompanhada e todas elas olharam para Joseph com sorrisinhos nos lábios. Joe tirou a carteira do bolso e tirou uma nota e entregou para o amigo. — Eu já estou indo. — Disse levantando-se. 

— Joseph. — Madison sorriu tocando-o no braço. Joseph virou-se e sorriu para a menina. — Tudo bem? — Perguntou o abraçando. — Que coincidência boa nós três aqui. — Falou animada e pediu para o garçom uma dose de tequila, Joe franziu o cenho porque ela não tinha idade legal para beber, mas não disse nada porque na idade dela, ele fazia coisa pior. 

— Uma ótima coincidência, eu diria. — Jack disse sorrindo malicioso, ele não evitou olhar para o bumbum da garota que mesmo com o frio lá fora vestia um vestido curto. Joe o repreendeu pelo olhar e negou com a cabeça desaprovando a atitude do amigo. 

— Vamos tirar uma foto para registrar esse momento. — Madison falou animada, ela tirou o celular do bolso e quando Joseph ia fugir, ela o puxou pelo braço mirando a câmera para eles. Ela tirou três fotos e sorriu animada vendo como as fotos haviam ficado. — Vou te mandar, Jack. 

— Eu preciso ir embora, nos vemos amanhã na empresa. — Ele se despediu do amigo com um tapinha no braço e de Madison com um abraço gentil e um breve beijo na bochecha. 


***

Demi suspirou e fechou o notebook, sua tarde havia se resumido em trabalhar e trabalhar, ela havia adiantado tantas coisas que estava até aliviada. Demi buscou pelo celular ao seu lado para verificar a hora e franziu o cenho porque era quase oito e meia e Joseph não havia dado nenhum sinal, ela mandou uma mensagem para ele e a mensagem nem mesmo chegou. Demi aproveitou para atualizar seu Instagram e quando abriu os stories de Jack, sentiu o sangue ferver. 

Joseph e Madison num bar? Se ele estava fazendo isso para irritá-la, ele estava conseguindo com sucesso. Demi o xingou e jogou o celular num canto qualquer do sofá. Joseph sabia que Demi não gostava de Madison, sabia que aquela garota gostava dele e ao invés de manter de distância, eles saiam juntos para lhe provocar. No mesmo momento a porta da sala foi aberta e Joseph adentrou com Alana. — Oi meu amor. — Demi disse dando um beijo estalado na bochecha da filha, Alana abraçou a mãe e sorriu. — Tudo bem? — Perguntou tentando parecer o mais gentil possível porque no momento que estivesse sozinha com Joseph, ela iria explodir. 

— Por que você não foi para o parque com a gente? — Alana perguntou abraçando a mãe pela cintura. Demi encarou Joseph e beijou o topo da cabeça da filha carinhosamente. 

— Mamãe estava trabalhando, anjo. Vejo que a senhorita se divertiu muito no parque, não é mesmo? — Alana sentiu com a cabeça e fez uma careta porque sua camiseta branca estava toda suja. — Eu acho melhor a mocinha subir para tomar banho. — Falou e Alana assentiu subindo as escadas. 

— Eu não sabia que você conseguia descer tão baixo apenas para me provocar. — Demi disse encarando Joseph seriamente. Ele estava sentado no sofá brincando com Batman que tentava morder seu dedo ferozmente. 

— Eu não estava te provocando, encontrei com Madison no bar, diferente de você eu não tenho nada para esconder e nem motivo para mentir. — Provocou sem olha-la. 

— Se você quer agir como um adolescente, o problema é seu. Eu não vou entrar nesse seu joguinho, mas saiba que eu vou tomar a decisão sobre o que é melhor para mim e se eu achar que o melhor para mim é sair da Mayer, eu vou, independente da sua opinião.

— Demetria, eu estou pouco me fodendo se você vai sair da Mayer, se vai trabalhar na Bryant ou em qualquer outra merda, você é bem grandinha para tomar as próprias decisões, se você acha que eu vou chorar e implorar para você ficar, você está muito enganada. Só não venha chorar depois me pedindo colo. — Ele a olhou e sentiu o coração doer no peito ao ver os olhos dela marejados, mas o que poderia fazer? Estava chateado com ela e não iria voltar atrás. 

— Você é um idiota. — Demi disse com a voz embargada e subiu as escadas batendo a porta com força, ela estava com tanta raiva que não queria vê-lo mais. 


***

Esse capítulo não saiu exatamente da forma que eu queria, mas foi o melhor que eu consegui fazer, por favor me digam o que acharam nos comentários...
como vocês estão? eu estou bem na medida do possível. 
Agora as tretas finalmente começaram e já digo que será uma mais explosiva que a outra porque nenhum dos dois vão querer ceder. 

Enfim, é isso. 
respostas dos comentários aqui, até o próximo.

8 comentários:

  1. Amo tretas e já estou pronta pra isso ��

    ResponderExcluir
  2. Estou bem! E já ansiosa pelos próximos capítulos... Por favor não demora a postar! Bjs!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. que bom que está bem, amor
      vou postar ainda hoje, essa quarentena está me inspirando horrores hahaha
      bjs

      Excluir
  3. Amo essas fanfics entre tapas e beijos posta logo

    ResponderExcluir